O cartel de Havana e a máfia russa do Alfa Grupo
por Máximo Tomás em 09 de fevereiro de 2006
Resumo: Para garantir o futuro do regime comunista cubano, Havana reforça contatos com grupos econômicos internacionais.
Durante a recente visita de Fidel Castro, que foi planejada para que coincidisse com a do Ministro das Relações Exteriores da Rússia, Igor Ivanov – e de uma representação de executivos da Crown Resources AG, do consórcio russo Alfa Group -, deram os toques finais a um acordo que permitirá a Rússia e a Venezuela intercambiarem petróleo cru, de maneira a poder suprir “seus respectivos mercados”, enquanto que Cuba – que entra no trato com açúcar e a refinaria russa de Cienfuegos – garantiria seu petróleo mesmo no caso de uma mudança política na Venezuela.
O Trato – após negociações concretizadas entre os dias 22 e 23 de dezembro de 2003 – no qual participa a ditadura de Havana, permitiria à Rússia processar petróleo em uma refinaria petroleira (Oel BmbH) que é um investimento conjunto entre a Venezuela e a alemã Veba Oelen Gelsenkirchen, Ruhr, Alemanha, e que seria adquirida pelo consórcio russo Crown Resources AG, enquanto que Petróleos de Venezuela investiria na modernização de uma velha e antiquada refinaria da era soviética que Moscou começara a construir em Cuba durante a era soviética.
Como revela a jornalista venezuelana Marianella Sallazar, o atual vice-presidente da PDVSA, Aires Barreto, foi assessor e representante do Alfa Group no Canadá, até que foi chamado por Alí Rodríguez para reingressar na PDVSA.
Os termos secretos do acordo não se conhecem, porém, a troca de interesses venezuelanos na refinaria alemã pela semi-destruída e antiquada refinaria russa de Cuba, resulta a olhos vistos claramente desafortunado para os interesses da Venezuela – a quem custaria mais de 200 milhões de dólares tornar operativa a refinaria russa em Cienfuegos, Cuba – e muito conveniente para os herdeiros do poder em Cuba que assim garantiriam “seguranças” de abastecimento de petróleo, mesmo quando Chávez se visse forçado a deixar o poder. Ademais, Cuba solidifica uma vantajosa associação com a todo-poderosa Alfa Group.
Crown Resources AG é um dos consórcios do Mega-Globalista Império russo Alfa Group, que passaria a controlar os interesses que fossem da Venezuela na refinaria na Alemanha que mantém atualmente contratos de petróleo cru com a PDVSA. Cuba atua como intermediário ativo da transação.
Crown Resources AG é parte vital do vasto guarda-sol do Alfa Group, que tem-se constituído em um dos maiores conglomerados industriais e financeiros da Rússia, com importantes ativos no setor do petróleo – especialmente na quarta produtora russa do setor, Tyumen Oli Company –, no do banco – como o primeiro banco privado da Rússia, Alfa bank –, nas matérias primas, nos seguros e nas telecomunicações.
O fundador e presidente do Alfa Group é Mijail Fridman, que por sua vez é sócio do norte-americano Marc Rich, acusado pela procuradoria de Nova York de mais de 50 casos de fraude, comércio ilegal de petróleo com o Irã, e de fraude fiscal no valor de 48 milhões de dólares.
Rich, um dos mais generosos contribuintes às campanhas políticas de Clinton e seu amigo íntimo, provocou um escândalo nos Estados Unidos ao receber um dos perdões presidenciais na saída de Clinton da presidência. O perdão o eximiu de toda a possibilidade de ser jamais julgado pela meia centena de acusações que pesam contra ele. Rich pode ter sido uma das fontes econômicas de onde foram pagos os advogados que representaram o pai de Elián González, o balseirinho deportado à Cuba após uma operação para-militar sem precedentes em um caso desse tipo nos Estados Unidos.
Por sua parte, Fridman é considerado um dos doze maiores oligarcas russos. Aos seus 39 anos, a Forbes calcula sua fortuna em 210.000 bilhões de dólares, o que o coloca no novo posto da lista de maiores fortunas de pessoas menores de 40 anos.
Segundo o espanhol Diario Basco, o começo de Fridman se desenvolveu no comércio de açúcar, chá e cigarros, de onde passou ao comércio de petróleo e derivados. No início dos anos noventa Fridman importava açúcar da China, porém também se alega que estava envolvido no tráfico de drogas. Amigo pessoal dos presidentes russos Yeltsin e Putin, Fridman é Vice-presidente do Congresso Judeu da Rússia, do qual é presidente Vladmir Gusinsky, conhecido por ser o dono de um império de meios de comunicação, porém que também é um dos que movem os cordéis da indústria petroleira russa.
Todavia, afirmam-se que as relações de Fridman com o Kremlin são infinitamente melhores que as de Gusinsky. Ter sido companheiro de universidade e estabelecido uma forte amizade com Vladislav Surkov, a mão direita de Putin, é a melhor credencial para as relações de Fridman com a administração.
Segundo uma importante reportagem investigativa de Libertad Digital, Fridman, “para proteger seu negócio, colaborava como dedo-duro da Polícia. Seu dom de compartilhar os benefícios com policiais e políticos, lhe permitiu seguir adiante no ambiente de corrupção total que vive a Rússia. Suas empresas formam uma teia de aranha que cobre o mundo inteiro”.
Afirma-se que, com freqüência, Fridman realiza seus negócios petroleiros através de paraísos fiscais, onde tem inúmeras empresas fantasmas, dedicadas à lavagem de dinheiro. Entre esses paraísos fiscais está Cuba.
Certamente, o único princípio que reina no Alfa Group é “quanto mais dinheiro, melhor”, segundo informa Victor A. Cheretski, citado por Libertad Digital. Por isso só freta barcos das companhias mais duvidosas e sem escrúpulos, como o “Prestige”. A segurança não importa; o que importa é “poupar” algum dinheiro. Como Crown Resources AG dedica-se entre outras coisas à venda de produtos petroleiros de baixa qualidade, o “Prestige” carregou o fuel oil da Letônia e pôs rumo a Gibraltar.
Os associados de Fridman na Junta de Diretores do Alfa Group são Rodney Chase, Primeiro Conselheiro do Gerente Geral do BP, Len Blavatnik, Presidente da Junta de Diretores da Access Industries, Viktor Vekselberg, Presidente da Junta de Diretores da Renova e o principal executivo da TNK, Brian Gilvary, vice-presidente do BP para refinamento de petróleo, Andy Inglis, vice-presidente de extração de petróleo do BP, Alex Knaster, Gerente Geral do Alfa Bank, Tony Hayward, Gerente Principal do BP na Divisão de Extração Petroleira e Produção do BP e Patrick Chapman, Tesoureiro do BP.
A transcendência desta aliança econômica de Cuba com o império Mega-Global do Alfa Group é inimaginável e as conseqüências para a América Latina poderão ser incalculáveis.
A grande estratégia do Cartel Mafioso de Havana é, primeiramente, assegurar-se de solidificar seus vínculos com poderosíssimos aliados no Grande Jogo da política e economia global, aliados que garantam uma “transição” dentro de Cuba nos termos e interesses do “establishment” atual na Ilha. O movimento que uniria os herdeiros do poder político em Cuba para investidores russo-estadunidenses, debilitaria enormemente a influência dos investidores europeus em Cuba e reduziria a capacidade de manobras e suas pressões.
A fórmula dos globalistas europeus e da Chancelaria espanhola, o Vaticano, alguns setores políticos dos Estados Unidos e as Internacionais européias, da transição com os fatores civis e tecnocráticos do poder – Lage e seu aliado de ocasião, o Comandante da Revolução Ramiro Valdéz Menéndez –, e casada com o projeto de transição cuja figura visível é Oswaldo Payá, não é favorecida pelo Cartel de Havana.
A aliança com os Mega-Globalistas mafiosos russos e seus colegas americanos – Rich e outros clintonianos da esquerda neo-colonial – dará ao Clã Castro independência para levar a cabo sua própria versão da transição cubana: total controle em um ambiente político de capitalismo de estado tipo o chinês. A “democratização” tal e como se concebe no Ocidente e o dar espaço a “opositores” quer sejam domesticados, negociáveis ou genuínos, não é um fator que resulte aceitável. O Cartel de Havana crê que a democracia pode esperar umas quantas gerações mais, como sempre acreditou a liderança chinesa.
O coração econômico do Cartel de Havana é o Grupo de Administração Empresarial, GAESA, sob a mão de ferro do Clã Castro e um grupo de generais e militares apegados à família governante. O GAESA, com sua recente aquisição hostil de Cubanacán – com 40% do total dos ingressos de Cuba por motivo do turismo – dispõe e controla entre 75% a 85% dos lucros gerados pela indústria turística (1). O GAESA, sob cuja proteção encontra-se o conglomerado mais importante dos neo-capitalistas castristas, tem como Presidente de sua Junta de Diretores o General de Divisão Julio Casas Regueiro e como seu Diretor Executivo, o Major Luis Alberto Rodríguez López-Callejas (2), casado com a filha mais velha de Raúl Castro, Deborah Castro Espín.
O golpe contra Cubanacán era um imperativo estratégico do Cartel Mafioso de Havana, e o momento político-econômico era oportuno. Cubanacán era o único empório civil com um controle significativo sobre uma parte chave da economia cubana, economia cujas únicas indústrias rentáveis são a lavagem de dinheiro, o turismo e as remessas dos 2 milhões dos outrora inimigos “gusanos”, expatriados e exilados. Além disso, Cubanacán aspirava a realizar investimentos no campo da indústria petroleira e possuía importantes aliados políticos na cúpula civil-tecnocratica que compete dentro do poder para controlar o processo sucessório em Cuba.
Os herdeiros do poder de Castro podem não estar tão interessados em “libertar” a América Latina, como fideicomissá-la aos Globalistas Russos e seus associados, à maneira de uma espécie de Mega-Plantação proletária terceiromundista, cujas riquezas são incalculáveis e cuja força barata de mão-de-obra escrava poderia ser muito bem regida através de regimes “populistas”, com aparelhos de segurança estatal de corte totalitário, cuja vasta experiência em controle populacional permitiria anular todo protesto ou rebeldia e converter em inexistente a sempre presente ameaça de setores sindicais vigorosos. A experiência cubana é a sua melhor carta.
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