segunda-feira, 10 de setembro de 2007

mafia siciliana menbros

Máfia Siciliana:

No Mundo

No Brasil

Membros:

Pietro Aglieri:
Gaetano Badalamenti:
Leoluca Bagarella:
Giovanni Brusca:
Tomasso Buscetta:
Giuseppe Calo:
Salvatore Riina:
Alfonso Caruana:
Vito Cascio Ferro:
Salvatore DiGangi:
Filippo Graviano:
Giuseppe Graviano:
Leonardo Greco:
Michele Greco:
Luciano Leggio:
Giuseppe Madonia:
Giuseppe Montalto:
Michele Navarra:
Bernardo Provenzano:
Benedetto Santapaolo:
Mariano Tullio Troia:
Calogero Vizzini:

Charlie "Lucky" Luciano-novo

Meyer Lansky-novo

Frank Costello-novo

Salvatore Maranzano-novo

Joe Masseria-novo

A máfia e a fé

Wálter Maierovitch
1. REFLEXÃO DE NATAL: O EVANGELHO E A LUPARA*

A partir da idade média, passou a Máfia a usar a lupara.
As pessoas eram assassinadas com tiros de lupara, nome proveniente de
lupus (lobo). O fuzil destinado à caça aos lobos tornou-se
emblemático. A arma era deixada ao lado dos corpos, como fórmula
mafiosa destinada a difundir intimidação social.
Os mafiosos são fruto do feudalismo. E o Medioevo siciliano só terminou formalmente em 1812. Proliferaram entre os gabellotti, disfarçados
como administradores de feudos, e os campieri, usados na formação
de bandos camponeses de extermínio. Posteriormente, transferiram-se
para os centros urbanos.
No entanto, e até o final deste século 20, a Máfia
só cresceu. Disseminou-se pelo planeta, transmitindo sua ambígua
ética, seus métodos corruptores, violentos, e a sua compulsiva
busca de riquezas materiais.
Assim, introduziu valores diversos dos divulgados no Evangelho (boa nova,
do étimo grego), onde a autêntica vocação do
homem não é correr atrás da riqueza material, mas
enriquecer o mundo de outra forma.
A questão Evangelho-lupara é intrigante. Quer pela incompatibilidade
entre ambos, quer pelo fato de a mentalidade mafiosa ter conseguido impor-se
em países e regiões de tradições cristãs,
incluída a Sicília.
As contradições são inúmeras. Como no caso
da utilização do Banco Ambrosiano para lavagem do dinheiro
sujo da Máfia. Ou no episódio do padre Copola. Com a igreja
lotada, casou o foragido Totó Riina, chefe-dos-chefes da Cosa Nostra.
Já o carmelita Frititta, preso e processado por suspeita de pertencer
à Cosa Nostra, era o diretor espiritual de Pietro Aglieri. Celebrou
missas no local de homizio desse sanguinário boss.
Fora do ambiente mafioso, a Sicília mantém, desde 1740,
uma das mais tocantes manifestações da espiritualidade cristã:
a novena Viaggiu Dulurosa. A fatigante e gloriosa viagem de Maria e José.
Em dialeto siciliano, no período do Advento, é apresentada
essa obra musical de Binidittu Annuleru, nome artístico de Antonio
di Liberto. Os relatos mudam diariamente, mas a melodia é sempre
a mesma.
Terminada a novena, a melodia fica ressoando na alma. Como na Missa de
Réquiem, de Verdi, com a Filarmônica de Viena, o tenor Carreras
e a soprano Anna Tomowa.
Aí acentuam-se diferenças entre o Evangelho e a lupara.
No Evangelho, estão presentes a compaixão e a paz: Deixo-vos
a paz. Dou-vos a minha paz.
2.
REFLEXÃO DE ANO-NOVO: DELINQÜÊNCIA JUVENIL
Imagine o leitor 300 menores infratores saídos de algo similar
à Febem-SP e passeando pelas praças e parques de uma grande
cidade. Tudo no início do ano. Apenas acompanhados por um sacerdote,
fundador de uma espécie de ONG e com o seguinte discurso: o objetivo
da minha organização é despovoar as ruas de jovens
delinqüentes e educá-los, para a tranqüilidade de todos e a honra da pátria.
Considere o leitor, ainda, o retorno de todos ao estabelecimento oficial
de custódia. Sem crimes.
Quanto ao sacerdote, suponha o leitor um posterior encontro com certo
ministro de governo. E, claro, a mídia testemunhando o diálogo
cometido:
- Como conseguiu essa façanha?
- A minha é uma força moral. O Estado só sabe ordenar
e punir. Eu vou diretamente ao coração dos jovens e a minha
palavra é a palavra de Deus.
Por último, e sempre exercitando a imaginação, a
figura de um antropólogo. De prestígio internacional e concepções
chocantes com as do sacerdote. Autor de inédita tese sobre delinqüência
atávica e juízo crítico revelador do seu espírito
superior: - está esse sacerdote entre os poucos que tentaram, iniciaram
e frutuosamente desenvolveram um sistema de emenda e de redenção.
Agora, um breque na imaginação. E talvez a surpresa, pois
o suposto ocorreu. Pura verdade.
O fato se deu no ano de 1855. O antropólogo, autor da tese sobre
o criminoso-nato, foi Cesare Lombroso.
Os 300 jovens saíram do Reformatório La Generala, de Turim.
O ministro, titular da pasta do Interior do Piemonte, chamava-se Urbano
Rattazzi.
A ONG intitulava-se Pia Sociedade Salesiana. Conseguiu, depois do sucedido,
alterar o trato pedagógico no citado reformatório. Implantou-se
um novo método, com disciplina, deveres e respeito humano.
O sacerdote, homem de sonhos e realizações extraordinárias
como educador, ficou conhecido como Dom Bosco.
Seguramente, Giovanni Bosco ainda vive: na presença de Deus e quando
interiormente nos comovemos diante dos sofrimentos dos jovens marginalizados,
desconsiderados pelos governantes.
*
Il Vangelo e la Lupara é o título da obra organizada pelo
antropólogo Augusto Cavani, que vive em Palermo e é professor
de História e Filosofia em Monreale.

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