Brasília, sexta-feira,
06 de outubro de 2006
Matérias
ITÁLIA
Cidade quer ser símbolo anti-máfia
AFP
Um filme contra a máfia teve sua pré-estréia na última segunda-feira em Corleone, bastião histórico da Cosa Nostra. O simbolismo da apresentação se junta às recentes manifestações destinadas a romper a imagem mafiosa desta pequena cidade siciliana, mostrando sua determinação em combater o crime organizado.
A projeção de Placido Rizzotto, filme do diretor siciliano Pasquale Scimeca que narra a história verídica de um sindicalista assassinado pela máfia em 1948, reuniu no sábado à noite umas 200 pessoas na grande sala de cinema de Corleone. Familiares do sindicalista, representantes das autoridades locais e a Comissão Antimáfia assistiram ao filme.
‘‘Em 1992, antes da prisão de Totó Riina (chefe da máfia capturado em janeiro de 1993) um ato deste tipo seria inimaginável’’, declarou à imprensa o prefeito de Corleone, Giuseppe Cipriani. ‘‘Até mesmo em 1995’’, acrescentou. Nesta época, Leoluca Bagarella não estava preso. ‘‘E este era um homem sanguinário, que matava por qualquer coisa’’, afirmou Cipriani.
A história de Placido Rizzotto, na qual estão figuras históricas da máfia e da luta contra ela, como o capo Luciano Liggio e o então capitão dos soldados que perseguiam os criminosos, Alberto Dalla Chiesa, fez com que Corleone voltasse a olhar para o seu passado.
‘‘Existem sicilianos que não se inclinam diante da máfia’’, declarou emocionado um oficial deste grupo de soldados, ao terminar a projeção.
‘‘Que a máfia está presente em Corleone, não é nenhuma novidade. O que é novo é que seus opositores sejam a maioria’’, disse o otimista chefe da Comissão Antimáfia, Giuseppe Lumia, citando como prova as recentes manifestações organizadas em Corleone.
No dia 3 de setembro, a cidade lembrou o assassinato do general Alberto Dalla Chiesa, o homem que deteve os assassinos de Rizzoto e que foi assassinado em Palermo em 1982. ‘‘Uma multidão de pessoas assistiu à cerimônia’, afirmou Lumia.
Apesar da profusão de manifestações, os responsáveis pela luta antimáfia estão mais preocupados com a importância de combater financeiramente a organização criminal e aplicar a lei de confisco de bens. Em 1999, as autoridades confiscaram uma mansão pertencente a Totó Riina e a transformaram em escola.
Segundo um recente estudo das autoridades financeiras, o prazo médio entre a emissão de uma ordem de confisco e a expropriação efetiva por parte do estado é de 11 anos. Além disso, dos 250 bilhões de liras de bens imobiliários confiscados até hoje, somente 15% foram destinados a um fim público.
Finalmente, segundo reconhece o próprio Giuseppe Lumia, a credibilidade da luta contra a máfia depende da detenção de Bernardo Provenzano, corleonês considerado como chefe da Cosa Nostra desde a prisão de Riina. Provenzano, que sem dúvida se esconde na Sicília, está foragido há 30 anos.
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