Francesco Raffaele Nitto, franqueia “o Enforcer” Nitti.
Carregado em Italy, seu birthdate está alistado enquanto janeiro 27.1886 em seu cartão do registo do esboço, que significa seu headstone talvez .he incorreto chega em New York City como um jovem impoverished. Nitti Frank faz sua aparência em Chicago depois que a guerra de mundo 1.He estava vivendo em 914 Halstead sul em cima de sua chegada com Rosa Nitto.
Debuts como uma peça cronometra o barbeiro e a cerca do jewelery para o elemento criminal, mas levanta-se logo depois disso com seu acumen do negócio e da contabilidade. É observado e gostado por Capone e transforma-se seu número two.known como “o Enforcer” que significa que as ordens entrusted a ele por Capone estão relacionadas então por sua vez por Nitti ao estábulo de assassinos ansiosos de Capone e strongarms com a ênfase de começar o trabalho feito para a direita a primeira vez! Nitti é finicky para detalhes e dá seu ponto da vista ao Al em muitas batidas. Nitti Frank está no planeamento para o Hymie Weiss batido em 1926 que as mostras como unflawed o assassinato eram. Nunca um a matar com suas próprias mãos que é ironic dado seu nickname “o enforcer”. Durante os twenties Nitti era na maior parte dentro carga de dirigir o licor e as empresas vice de Capone. Em 1930 Nitti Frank foi processado na corte de distrito federal. A carga era que não pagou a imposto de renda por os anos 1925, 26, e 1927 o total de $277.000 de uns $743.000 alegados.
Nitti Frank desaparece então a Italy (que esconde provavelmente realmente em Florida através das conexões do underworld) para gastar algum de seu dinheiro (prova). Foi prendido perto nos E.U. por agentes federais e sentenciado a 18 meses da prisão. Nitti Frank foi conhecido para ser clausterphobic além da opinião, que fêz suas estadas da prisão unbearable para ele. Era deixou para fora para o comportamento bom. Em dezembro 19.1932 dois polícias de Chicago nomeados Harry Lang e Harry Moleiro visitaram Nitti em seu escritório da baixa.
quinta-feira, 27 de setembro de 2007
A verdade sobre nitti
A verdade de abril 7.1933 vem Nitti é disparada para fora em unarmed por Detetive em uma instalação. (Sr. Conta Helmer da cortesia)
Nitti foi disparado e as polícias alegaram que Nitti tinha feito uma tentativa com um injetor para os oficiais. Meses gastos de Nitti em recuperar do hospital. Encontrou-se para fora que Nitti estêve ajustado acima. Moleiro relatou que seu sócio tinha sido pagado $15.000 para matar Nitti. (Alguns dizem o Mayor Anton Cermak pago para ter Nitti matado) Nitti era unarmed naquele tempo quando Lang se disparou primeiramente nna mão e se disparou então em Nitti no abdômen. Após uma experimentação ambos os polícias foram ateados fogo da força. Nitti foi empurrado na notícia e sido agora o que os newsmen necessitaram depois que o Al Capone tinha sido emitido afastado. Supos-se que Nitti era agora o poder real atrás da Chicago “equipamento”. De fato em 1937 Nitti Frank e em três associados controlou todo o condado do cozinheiro que gambling. Começou também o que foi dito ser uma “remoção” do equipamento eliminando qualquer um que pôde causar o ou o problema do equipamento. (Jack McGurn, Fred Goetz, Gus Winkeler, Jack etc. branco….). Controlou ramificar para fora em outras coisas além de gambling e especialmente agora aquele os dias do licor sobre. Em 1941 o mob de Nitti teve os lucros líquidos of$139,000 por o mês. O Vice e as uniões forneciam também mais dinheiro para o equipamento. Em primeiros restaurantes, os hotéis, barras então (seu downfall) no formulário do extortion dos estúdios de Hollywood seguiram logo o terno. Nitti e seus co-horts foram carregados para o shakedown $2.500.000 de quatro produtores principais do retrato. Paul Ricca, Louis Campagna e outro também foram carregados e enfrentaram o tempo da cadeia. Em um sitdown com Ricca e companhia, Nitti foi humilhado por Ricca na frente do outro e disse como” teve deixou o equipamento para baixo” e aquele desde que “Nitti que é o originator” deste shakedown que” Nitti deve gallantly enfrentar o tempo da prisão sozinho”, no lugar do outro que o deixou estar na carga. Foi dito também que era ele que confiou em um pombo do tamborete pelo nome de Willie Bioff que os virou toda para o FBI. Nitti era dumbfounded em como o trataram e aquele poderiam se importar mais menos com que bom tinha trazido sobre os anos ao equipamento. Depois que a reunião Nitti sentiu sozinha e começou a pensar do tempo da prisão adiante que frightened o. Começou a pensar para fora de uma maneira. Em março 19.1943 Nitti Frank certifica-se que sua esposa Antoinette é em sua maneira a nossa senhora da igreja dos Sorrows fazer um novena. O franquia foi ao armário de licor e começou beber acima do nervo para o que estava a ponto de fazer. Ao beber carrega um .32 revólver do caliber e o põe em seu bolso do revestimento. Põe sobre seu derby marrom e retira a porta. Ao andar como os efeitos do álcool começar cruzes numb, Frank sobre à jarda railway. Dois Trainmen, William F. Sebauer e Lowell M.Barnett observam andar Frank drunkly através das trilhas. Andou nas trilhas de seu trem próximo. Pensaram que estaria matado, mas vê preferivelmente que está andando sobre ao camarada gritado Seebauer seguinte da trilha apenas então “Hey lá!” e dois tiros foram ouvidos então. Trainmen o pensamento que disparava neles, mas realizaram rapidamente que estava tentando terminar sua vida. Nitti Frank sentou-se na terra ao longo de uma cerca railway e pausou-se. Um do trainmen sugerido carregando a pessoa suicidal. O outro indicou que era demasiado risky para eles, sendo homens da família e especialmente desde que a pessoa na pergunta foi bebida com uma arma carregada. Franquear levantou o injetor uma mais vez e colocou a pistola a sua cabeça. Um tiro soou para fora apenas tão rapidamente como a vida oozed fora do gangster do envelhecimento. Indicou-se mais tarde que o franquia pode também ter sofrido do cancer. Nitti Frank saiu atrás de sua terceira esposa Antoinette e his adotou 9 anos - filho velho Joseph adotado com sua esposa precedente Anna. Nitti foi sabido também como um homem bom da família, um marido e um pai doting. Na família que o monumento há o inscription “não está nenhuma vida a não ser que pelo "" da morte não haja nenhuma visão mas pela fé”
Nitti foi disparado e as polícias alegaram que Nitti tinha feito uma tentativa com um injetor para os oficiais. Meses gastos de Nitti em recuperar do hospital. Encontrou-se para fora que Nitti estêve ajustado acima. Moleiro relatou que seu sócio tinha sido pagado $15.000 para matar Nitti. (Alguns dizem o Mayor Anton Cermak pago para ter Nitti matado) Nitti era unarmed naquele tempo quando Lang se disparou primeiramente nna mão e se disparou então em Nitti no abdômen. Após uma experimentação ambos os polícias foram ateados fogo da força. Nitti foi empurrado na notícia e sido agora o que os newsmen necessitaram depois que o Al Capone tinha sido emitido afastado. Supos-se que Nitti era agora o poder real atrás da Chicago “equipamento”. De fato em 1937 Nitti Frank e em três associados controlou todo o condado do cozinheiro que gambling. Começou também o que foi dito ser uma “remoção” do equipamento eliminando qualquer um que pôde causar o ou o problema do equipamento. (Jack McGurn, Fred Goetz, Gus Winkeler, Jack etc. branco….). Controlou ramificar para fora em outras coisas além de gambling e especialmente agora aquele os dias do licor sobre. Em 1941 o mob de Nitti teve os lucros líquidos of$139,000 por o mês. O Vice e as uniões forneciam também mais dinheiro para o equipamento. Em primeiros restaurantes, os hotéis, barras então (seu downfall) no formulário do extortion dos estúdios de Hollywood seguiram logo o terno. Nitti e seus co-horts foram carregados para o shakedown $2.500.000 de quatro produtores principais do retrato. Paul Ricca, Louis Campagna e outro também foram carregados e enfrentaram o tempo da cadeia. Em um sitdown com Ricca e companhia, Nitti foi humilhado por Ricca na frente do outro e disse como” teve deixou o equipamento para baixo” e aquele desde que “Nitti que é o originator” deste shakedown que” Nitti deve gallantly enfrentar o tempo da prisão sozinho”, no lugar do outro que o deixou estar na carga. Foi dito também que era ele que confiou em um pombo do tamborete pelo nome de Willie Bioff que os virou toda para o FBI. Nitti era dumbfounded em como o trataram e aquele poderiam se importar mais menos com que bom tinha trazido sobre os anos ao equipamento. Depois que a reunião Nitti sentiu sozinha e começou a pensar do tempo da prisão adiante que frightened o. Começou a pensar para fora de uma maneira. Em março 19.1943 Nitti Frank certifica-se que sua esposa Antoinette é em sua maneira a nossa senhora da igreja dos Sorrows fazer um novena. O franquia foi ao armário de licor e começou beber acima do nervo para o que estava a ponto de fazer. Ao beber carrega um .32 revólver do caliber e o põe em seu bolso do revestimento. Põe sobre seu derby marrom e retira a porta. Ao andar como os efeitos do álcool começar cruzes numb, Frank sobre à jarda railway. Dois Trainmen, William F. Sebauer e Lowell M.Barnett observam andar Frank drunkly através das trilhas. Andou nas trilhas de seu trem próximo. Pensaram que estaria matado, mas vê preferivelmente que está andando sobre ao camarada gritado Seebauer seguinte da trilha apenas então “Hey lá!” e dois tiros foram ouvidos então. Trainmen o pensamento que disparava neles, mas realizaram rapidamente que estava tentando terminar sua vida. Nitti Frank sentou-se na terra ao longo de uma cerca railway e pausou-se. Um do trainmen sugerido carregando a pessoa suicidal. O outro indicou que era demasiado risky para eles, sendo homens da família e especialmente desde que a pessoa na pergunta foi bebida com uma arma carregada. Franquear levantou o injetor uma mais vez e colocou a pistola a sua cabeça. Um tiro soou para fora apenas tão rapidamente como a vida oozed fora do gangster do envelhecimento. Indicou-se mais tarde que o franquia pode também ter sofrido do cancer. Nitti Frank saiu atrás de sua terceira esposa Antoinette e his adotou 9 anos - filho velho Joseph adotado com sua esposa precedente Anna. Nitti foi sabido também como um homem bom da família, um marido e um pai doting. Na família que o monumento há o inscription “não está nenhuma vida a não ser que pelo "" da morte não haja nenhuma visão mas pela fé”
segunda-feira, 17 de setembro de 2007
escadinha !!! saudades eternas
Escadinha e as outras vítima
Condenado a mais de 50 anos de prisão por tráfico de drogas, constituição de bando armado e assaltos, José dos Reis Encina, apelidado Escadinho, foi assassinado.
Escadinha teve morte semelhante aos grandes chefes criminosos. Aqueles chefões que depois de um longo período no cárcere retornam ao convívio social. Lógico, antes de deixar a penitenciária, juram arrependimento, mas não cortam os laços com o submundo criminal.
Ficou claro ter Escadinha sido apahado de surpresa e fuzilado. Dois tiros atingiram o seu rosto e os outros cinco espalharam-se “acima da correntinha”.
Tudo foi preparado para Escadinha ter morte instantânea. Morrer sem tempo para revelar o nome do mandante do crime ou da facção rival.
Resumindo, uma cena de enlatado de Hollywood, com motociclista e “garupeiro” um de costas para outro, para melhor posição de tiro.
Tirada uma radiografia da morte de Escadinha, pode-se verificar que a maior das vítimas foi a sociedade fluminense e a carioca.
Fora da prisão, Escadinha virou vice-presidente de uma Cooperativa de Táxi, chamada Elite Service. Dessa cooperativa saíam aparelhos rádio-transmissores para os presos do Comando Vermelho.
A própria polícia apreendeu 14 desses rádio transmissores no Bangu III. Mais ainda 3 deses transmissores eram usados pelo traficante apelidado Coringa, que controla o tráfico de drogas no Complexo do Alemão.
Apesar das evidências, Escadinha continuava solto, a sair da cadeia de dia e voltar só a noite. Às vezes, tinha direito a passar alguns finais de semana em casa, sempre sem vigilância.
Na verdade, Escadinha não estava em regime semi-aberto, que, pela lei é diferente. Estava, basta ver a lei, numa espécie de prisão albergue.
De todo esse episódio, a polícia ainda não sabe as causas do crime. Vale dizer, o serviço de inteligência não produzia informes sobre aquele que já havia comandado o tráfico no Rio e estava de volta às ruas.
Pior ainda. Não tivesse sido Escadinha fuzilado, tudo continuaria igual, sem suspeitas da volta de Escadinho ao crime.
Como se percebe, a política de insegurança pública no Rio é aquela que os bandidos gostam. E o ex-governador e atual secretário Garotinho até escreveu livro sobre segurança pública.
Garotinho é um mestre no assunto, como Escadinha devia considerar, mas, por prudência, nunca falou.
. Na sexta feira 24 de setembro de 2004, Escadinha foi enterrado e cerca de 300 pessoas acompanharam o seu enterro. Foi enterrado com o som de samba, cuja letra falava de um homem bom, que ajudava a comunidade. A recordação maior foi a sua fuga de helicóptero, em 1995, do presídio da Ilha Grande. O responsável pela fuga espetacular de Escadinho foi Luís Carlos Gregório, apelidado Gordo e notório narcotraficante. Gordo acabou morto, como Escadinha. Ambos se tornaram envangélicos na Cadeia. Mencionavam que estavam emendados e se didicavam à religião. Observou o sociólogo Michael Misse, coordenador do Núcleo de Estudos da Violência da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) que desde a década de 90 as facções rivais guerreiam entre si pela disputa de territórios.
Condenado a mais de 50 anos de prisão por tráfico de drogas, constituição de bando armado e assaltos, José dos Reis Encina, apelidado Escadinho, foi assassinado.
Escadinha teve morte semelhante aos grandes chefes criminosos. Aqueles chefões que depois de um longo período no cárcere retornam ao convívio social. Lógico, antes de deixar a penitenciária, juram arrependimento, mas não cortam os laços com o submundo criminal.
Ficou claro ter Escadinha sido apahado de surpresa e fuzilado. Dois tiros atingiram o seu rosto e os outros cinco espalharam-se “acima da correntinha”.
Tudo foi preparado para Escadinha ter morte instantânea. Morrer sem tempo para revelar o nome do mandante do crime ou da facção rival.
Resumindo, uma cena de enlatado de Hollywood, com motociclista e “garupeiro” um de costas para outro, para melhor posição de tiro.
Tirada uma radiografia da morte de Escadinha, pode-se verificar que a maior das vítimas foi a sociedade fluminense e a carioca.
Fora da prisão, Escadinha virou vice-presidente de uma Cooperativa de Táxi, chamada Elite Service. Dessa cooperativa saíam aparelhos rádio-transmissores para os presos do Comando Vermelho.
A própria polícia apreendeu 14 desses rádio transmissores no Bangu III. Mais ainda 3 deses transmissores eram usados pelo traficante apelidado Coringa, que controla o tráfico de drogas no Complexo do Alemão.
Apesar das evidências, Escadinha continuava solto, a sair da cadeia de dia e voltar só a noite. Às vezes, tinha direito a passar alguns finais de semana em casa, sempre sem vigilância.
Na verdade, Escadinha não estava em regime semi-aberto, que, pela lei é diferente. Estava, basta ver a lei, numa espécie de prisão albergue.
De todo esse episódio, a polícia ainda não sabe as causas do crime. Vale dizer, o serviço de inteligência não produzia informes sobre aquele que já havia comandado o tráfico no Rio e estava de volta às ruas.
Pior ainda. Não tivesse sido Escadinha fuzilado, tudo continuaria igual, sem suspeitas da volta de Escadinho ao crime.
Como se percebe, a política de insegurança pública no Rio é aquela que os bandidos gostam. E o ex-governador e atual secretário Garotinho até escreveu livro sobre segurança pública.
Garotinho é um mestre no assunto, como Escadinha devia considerar, mas, por prudência, nunca falou.
. Na sexta feira 24 de setembro de 2004, Escadinha foi enterrado e cerca de 300 pessoas acompanharam o seu enterro. Foi enterrado com o som de samba, cuja letra falava de um homem bom, que ajudava a comunidade. A recordação maior foi a sua fuga de helicóptero, em 1995, do presídio da Ilha Grande. O responsável pela fuga espetacular de Escadinho foi Luís Carlos Gregório, apelidado Gordo e notório narcotraficante. Gordo acabou morto, como Escadinha. Ambos se tornaram envangélicos na Cadeia. Mencionavam que estavam emendados e se didicavam à religião. Observou o sociólogo Michael Misse, coordenador do Núcleo de Estudos da Violência da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) que desde a década de 90 as facções rivais guerreiam entre si pela disputa de territórios.
Motim liderado por Beira-Mar já teria deixado um morto em Bangu
O motim liderado pelo traficante Fernandinho Beira-Mar no presídio de segurança máxima Bangu 1, no Rio de Janeiro, já teria deixado pelo menos uma pessoa morta. Segundo funcionários, Beira-Mar atacou líderees de uma facção rival.
A Secretaria de Segurança Pública do Rio não confirmou a morte. As informações ainda são desencontradas, já que a polícia ainda negocia com presos rebeleados.
A.Campbell/Folha Imagem
Fernandinho Beira-Mar, em depoimento no TJ do Rio
O motim começou por volta das 9h de hoje. Segundo informações dos agentes penitenciários, Beira-Mar e um de seus principais aliados, um traficante conhecido como Chapolim, iniciaram um confronto com uma facção rival.
Os dois teriam invadido a ala dos "adversários" para matar o chefe da quadrilha rival, Arnaldo Pinto de Medeiros, conhecido como Uê. Ele estaria acompanhado por seu braço direito,Celso Luiz Rodrigues, o Celsinho da Vila Vintém.
As informações sobre o ataque de Beira-Mar ainda são desencontradas, mas funcionários do presídio acreditam que ele tenha conseguido assassinar pelo menos um de seus dois desafetos.
Depois do incidente, os presos de Bangu 1 entraram em rebelião. No local, há apenas 48 vagas, com celas individuais para cada detento. Apenas criminosos de alta periculosidade são levados para o presídio.
O governo do Rio diz que agentes penitenciários estão sendo mantido reféns. Segundo a Secretaria de segurança Pública, até oito pessoas podem estar em poder dos rebelados, mas a informação não está confirmada.
Homens do Getan (Grupamento Tático Móvel) e de outras forças especiais da Polícia Militar já estão em Bangu 1, tentando controlar a situação.O diretor do Desipe (Departamento do Sistema Penitenciário) do Rio, Edson de Oliveira Rocha Júnior, negocia com os presos rebelados neste momento.
A Secretaria de Segurança Pública do Rio não confirmou a morte. As informações ainda são desencontradas, já que a polícia ainda negocia com presos rebeleados.
A.Campbell/Folha Imagem
Fernandinho Beira-Mar, em depoimento no TJ do Rio
O motim começou por volta das 9h de hoje. Segundo informações dos agentes penitenciários, Beira-Mar e um de seus principais aliados, um traficante conhecido como Chapolim, iniciaram um confronto com uma facção rival.
Os dois teriam invadido a ala dos "adversários" para matar o chefe da quadrilha rival, Arnaldo Pinto de Medeiros, conhecido como Uê. Ele estaria acompanhado por seu braço direito,Celso Luiz Rodrigues, o Celsinho da Vila Vintém.
As informações sobre o ataque de Beira-Mar ainda são desencontradas, mas funcionários do presídio acreditam que ele tenha conseguido assassinar pelo menos um de seus dois desafetos.
Depois do incidente, os presos de Bangu 1 entraram em rebelião. No local, há apenas 48 vagas, com celas individuais para cada detento. Apenas criminosos de alta periculosidade são levados para o presídio.
O governo do Rio diz que agentes penitenciários estão sendo mantido reféns. Segundo a Secretaria de segurança Pública, até oito pessoas podem estar em poder dos rebelados, mas a informação não está confirmada.
Homens do Getan (Grupamento Tático Móvel) e de outras forças especiais da Polícia Militar já estão em Bangu 1, tentando controlar a situação.O diretor do Desipe (Departamento do Sistema Penitenciário) do Rio, Edson de Oliveira Rocha Júnior, negocia com os presos rebelados neste momento.
Três morrem em Bangu 1 em ação comandada por Beira-Mar, diz PM
Três presos morreram em uma briga entre facções rivais no presídio Bangu 1, no Rio, segundo a Polícia Militar. Os mortos seriam os traficantes Ernaldo Pinto de Medeiros, o Uê, Wanderley Soares, o Orelha, e Carlos Roberto da Silva, o Robertinho do Adeus _cunhado de Uê.
Os assassinatos em Bangu 1 teriam sido comandados pelos traficantes Fernandinho Beira-Mar e Marcos Marinho dos Santos, o Chapolim. Os dois são colegas e pertencem a uma facção rival a dos mortos.
Uê é considerado um dos traficantes mais perigosos do país. Segundo a polícia, ele teria comandado, de dentro da prisão, ataques contra postos policiais do Rio.
Ele é um dos líderes da facção criminosa ADA (Amigo dos Amigos) e está detido em Bangu 1 há seis anos. Integrantes da ADA estariam se unindo a uma outra facção, o TC (Terceiro Comando).
A.Campbell/Folha Imagem
Fernandinho Beira-Mar, em depoimento no TJ do Rio
Beira-Mar é, segundo a polícia, o principal fornecedor de drogas para favelas dominadas pelo CV (Comando Vermelho), do qual também faria parte Chapolim.
A prisão dos traficantes não reduziu o poder da facção. Em gravações feitas pelo Ministério Público em celulares dos traficantes presos em Bangu 1, Chapolim encomenda um míssil Stinger, o mesmo usado pela organização terrorista Al Qaeda, de Osama bin Laden.
As informações dos mortos não foram oficialmente confirmadas pelas secretarias da Justiça e da Segurança Pública.
Reféns
Pelo menos seis pessoas são mantidas reféns, entre agentes e operários de uma obra realizada na unidade.
Policiais do Bope (Batalhão de Operações Especiais) e funcionários do Desipe (Departamento do Sistema Penitenciário) negociam com os amotinados.
O presídio, considerado de segurança máxima, abriga 46 presos em celas individuais. No local estão criminosos de alta periculosidade.
Os secretários da Justiça e da Segurança Pública e comandantes das polícias Militar e Civil deverão se reunir para discutir o caso.
Os assassinatos em Bangu 1 teriam sido comandados pelos traficantes Fernandinho Beira-Mar e Marcos Marinho dos Santos, o Chapolim. Os dois são colegas e pertencem a uma facção rival a dos mortos.
Uê é considerado um dos traficantes mais perigosos do país. Segundo a polícia, ele teria comandado, de dentro da prisão, ataques contra postos policiais do Rio.
Ele é um dos líderes da facção criminosa ADA (Amigo dos Amigos) e está detido em Bangu 1 há seis anos. Integrantes da ADA estariam se unindo a uma outra facção, o TC (Terceiro Comando).
A.Campbell/Folha Imagem
Fernandinho Beira-Mar, em depoimento no TJ do Rio
Beira-Mar é, segundo a polícia, o principal fornecedor de drogas para favelas dominadas pelo CV (Comando Vermelho), do qual também faria parte Chapolim.
A prisão dos traficantes não reduziu o poder da facção. Em gravações feitas pelo Ministério Público em celulares dos traficantes presos em Bangu 1, Chapolim encomenda um míssil Stinger, o mesmo usado pela organização terrorista Al Qaeda, de Osama bin Laden.
As informações dos mortos não foram oficialmente confirmadas pelas secretarias da Justiça e da Segurança Pública.
Reféns
Pelo menos seis pessoas são mantidas reféns, entre agentes e operários de uma obra realizada na unidade.
Policiais do Bope (Batalhão de Operações Especiais) e funcionários do Desipe (Departamento do Sistema Penitenciário) negociam com os amotinados.
O presídio, considerado de segurança máxima, abriga 46 presos em celas individuais. No local estão criminosos de alta periculosidade.
Os secretários da Justiça e da Segurança Pública e comandantes das polícias Militar e Civil deverão se reunir para discutir o caso.
Beira-Mar comanda assassinatos de rivais em Bangu 1

O traficante Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, 36, comandou o assassinato de seus maiores rivais no presídio Bangu 1, no Rio. Foram assassinados os traficantes Ernaldo Pinto de Medeiros, o Uê, Wanderley Soares, o Orelha, e Carlos Roberto da Silva, o Robertinho do Adeus _cunhado de Uê.
Segundo a polícia, outros três presos também podem ter morrido: Celso Luiz Rodrigues, o Celsinho da Vila Vintém, Marcelo Lucas da Silva, o Café, e outro identificado como Robô, cujo primeiro nome seria Eucídio.
A.Campbell/Folha Imagem
Fernandinho Beira-Mar, em depoimento no TJ do Rio
Beira-Mar disse que "só deixará policiais entrarem no presídio quando terminar o serviço".
Uê é considerado um dos traficantes mais perigosos do país. Segundo a polícia, ele teria comandado, de dentro da prisão, ataques contra postos policiais do Rio.
Ele é um dos líderes da facção criminosa ADA (Amigo dos Amigos) e está detido em Bangu 1 há seis anos. Integrantes da ADA estariam se unindo a uma outra facção, o TC (Terceiro Comando).
Beira-Mar é, segundo a polícia, o principal fornecedor de drogas para favelas dominadas pelo CV (Comando Vermelho), do qual também faria parte Chapolim, outro preso de Bangu 1.
A prisão dos traficantes não reduziu o poder da facção. Em gravações feitas pelo Ministério Público em celulares dos traficantes presos em Bangu 1, Chapolim encomenda um míssil Stinger, o mesmo usado pela organização terrorista Al Qaeda, de Osama bin Laden.
Reféns
Pelo menos seis pessoas são mantidas reféns, entre agentes e operários de uma obra realizada na unidade.
Policiais do Bope (Batalhão de Operações Especiais) e funcionários do Desipe (Departamento do Sistema Penitenciário) negociam com os amotinados.
O presídio, considerado de segurança máxima, abriga 46 presos em celas individuais. No local estão criminosos de alta periculosidade.
Os secretários da Justiça e da Segurança Pública e comandantes das polícias Militar e Civil deverão se reunir para discutir o caso.
Saiba mais sobre o traficante Fernandinho Beira-Mar
Luiz Fernando da Costa, 36, o Fernandinho Beira-Mar, é considerado um dos maiores traficantes de armas e drogas da América Latina. Nascido em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, ele não conheceu o pai. Foi criado pela mãe, dona Zelina, uma dona de casa e faxineira, que morreu em 1992 atropelada na rodovia Washington Luiz, no Rio.
Pobre, como a maioria dos meninos da Baixada, Luiz Fernando Costa encontrou no Exército uma opção profissional e uma forma de fugir da miséria. Mas não foi a profissão que o tiraria da pobreza, e sim o crime. Entre os 18 e 20 anos começou a praticar os primeiros assaltos. Lojas, bancos e até o depósito de materiais do Exército eram seus alvos principais.
Foi acusado de furtar armas pesadas do Exército e de vendê-las para traficantes do Rio.
Aos 20 foi preso por assalto, condenado a dois anos. Cumpriu a pena e, ao sair, voltou a morar na favela Beira-Mar, onde imediatamente se tornou um dos "cabeças" do tráfico local. Voltou à terra natal como um bandido respeitado até por traficantes rivais.
Ao mesmo tempo que ganhava dinheiro, investia na favela, ajudando a comprar remédios, roupas, comida e até pagando dívidas de jogo de amigos da infância. Por meio dessa "política" paternalista, era querido e protegido pelos moradores da favela Beira-Mar.
Ninguém sabe ao certo quanta cocaína movimentava a "firma" (como é chamada nos morros a máquina traficante).
A verdade é que entre 1990 e 1995 Fernandinho Beira-Mar conseguiu abrir canais próprios de distribuição de drogas _no atacado e no varejo. Morros como o Morel, Rocinha, Chapéu Mangueira e a favela do Vidigal eram abastecidos por seus "produtos", entregues em Kombis até então insuspeitas (ou, talvez, em ação facilitada por policiais corruptos).
O contrabando de armas e drogas chegava sempre aos morros cariocas por via marítima, aproveitando a enorme costa do Rio de Janeiro, cheia de praias desertas.
Ao mesmo tempo em que enriquecia, Beira-Mar tornou-se alvo de policiais civis e militares corruptos, que invadiam a favela semanalmente em busca de propina.
O traficante chegou a protestar que não aguentava mais ser "achacado" por policiais. Beira-Mar colocou a família para trabalhar também. Suas duas irmãs, Débora e Alessandra, teriam se tornado gerentes da "firma".
Ambas foram presas no Rio, acusadas de pertencer ao narcotráfico. Fernandinho seria ligado ao Comando Vermelho, maior facção criminosa do país.
Acabou sendo preso em 1996, mas não chegou a ficar um ano no presídio de Belo Horizonte.
Sua fuga é cercada de suspeitas até hoje. Agentes penitenciários foram acusados de facilitá-la, mas nada foi comprovado oficialmente. A corregedoria da Polícia Civil investiga o caso. Sabe-se que Beira-Mar saiu do presídio pelo portão da frente, andando.
"Surgiu uma oportunidade e eu saí", disse irônico à CPI do Narcotráfico em Brasília, no final do ano passado.
Depois que fugiu, Beira-Mar teria se tornado uma espécie de 'nômade'. Paraguai, Uruguai e Bolívia teriam sido alguns dos países em que ele morou, fugindo de uma ordem de prisão emitida pela Polícia Federal no Rio de Janeiro.
Enquanto passava por esses países, Beira-Mar não apenas escapava da polícia, mas ampliava seu leque de amizades "ilegais". Ele deixava assim de ser um grande fornecedor de drogas dos morros fluminenses para se tornar um supernarcotraficante internacional.
Além de cocaína e maconha, Beira-Mar especializou-se no comércio ilegal de armas pesadas _principalmente as fabricadas na Rússia.
Foi nesse comércio que se tornou amigo dos principais líderes das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), de quem se tornou o fornecedor oficial de armamentos de grosso calibre.
Por esse motivo, ele foi considerado mais um "revolucionário" na Colômbia, e ganhou proteção das Farc na selva amazônica. Até ser preso, em 21 de abril do ano passado, e extraditado.
O traficante hoje está preso no presídio de segurança máxima, no Rio de Janeiro, o Bangu 1 _de onde continua comandando o tráfico e a venda de armas no país. Por celular.
Pobre, como a maioria dos meninos da Baixada, Luiz Fernando Costa encontrou no Exército uma opção profissional e uma forma de fugir da miséria. Mas não foi a profissão que o tiraria da pobreza, e sim o crime. Entre os 18 e 20 anos começou a praticar os primeiros assaltos. Lojas, bancos e até o depósito de materiais do Exército eram seus alvos principais.
Foi acusado de furtar armas pesadas do Exército e de vendê-las para traficantes do Rio.
Aos 20 foi preso por assalto, condenado a dois anos. Cumpriu a pena e, ao sair, voltou a morar na favela Beira-Mar, onde imediatamente se tornou um dos "cabeças" do tráfico local. Voltou à terra natal como um bandido respeitado até por traficantes rivais.
Ao mesmo tempo que ganhava dinheiro, investia na favela, ajudando a comprar remédios, roupas, comida e até pagando dívidas de jogo de amigos da infância. Por meio dessa "política" paternalista, era querido e protegido pelos moradores da favela Beira-Mar.
Ninguém sabe ao certo quanta cocaína movimentava a "firma" (como é chamada nos morros a máquina traficante).
A verdade é que entre 1990 e 1995 Fernandinho Beira-Mar conseguiu abrir canais próprios de distribuição de drogas _no atacado e no varejo. Morros como o Morel, Rocinha, Chapéu Mangueira e a favela do Vidigal eram abastecidos por seus "produtos", entregues em Kombis até então insuspeitas (ou, talvez, em ação facilitada por policiais corruptos).
O contrabando de armas e drogas chegava sempre aos morros cariocas por via marítima, aproveitando a enorme costa do Rio de Janeiro, cheia de praias desertas.
Ao mesmo tempo em que enriquecia, Beira-Mar tornou-se alvo de policiais civis e militares corruptos, que invadiam a favela semanalmente em busca de propina.
O traficante chegou a protestar que não aguentava mais ser "achacado" por policiais. Beira-Mar colocou a família para trabalhar também. Suas duas irmãs, Débora e Alessandra, teriam se tornado gerentes da "firma".
Ambas foram presas no Rio, acusadas de pertencer ao narcotráfico. Fernandinho seria ligado ao Comando Vermelho, maior facção criminosa do país.
Acabou sendo preso em 1996, mas não chegou a ficar um ano no presídio de Belo Horizonte.
Sua fuga é cercada de suspeitas até hoje. Agentes penitenciários foram acusados de facilitá-la, mas nada foi comprovado oficialmente. A corregedoria da Polícia Civil investiga o caso. Sabe-se que Beira-Mar saiu do presídio pelo portão da frente, andando.
"Surgiu uma oportunidade e eu saí", disse irônico à CPI do Narcotráfico em Brasília, no final do ano passado.
Depois que fugiu, Beira-Mar teria se tornado uma espécie de 'nômade'. Paraguai, Uruguai e Bolívia teriam sido alguns dos países em que ele morou, fugindo de uma ordem de prisão emitida pela Polícia Federal no Rio de Janeiro.
Enquanto passava por esses países, Beira-Mar não apenas escapava da polícia, mas ampliava seu leque de amizades "ilegais". Ele deixava assim de ser um grande fornecedor de drogas dos morros fluminenses para se tornar um supernarcotraficante internacional.
Além de cocaína e maconha, Beira-Mar especializou-se no comércio ilegal de armas pesadas _principalmente as fabricadas na Rússia.
Foi nesse comércio que se tornou amigo dos principais líderes das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), de quem se tornou o fornecedor oficial de armamentos de grosso calibre.
Por esse motivo, ele foi considerado mais um "revolucionário" na Colômbia, e ganhou proteção das Farc na selva amazônica. Até ser preso, em 21 de abril do ano passado, e extraditado.
O traficante hoje está preso no presídio de segurança máxima, no Rio de Janeiro, o Bangu 1 _de onde continua comandando o tráfico e a venda de armas no país. Por celular.
Combate à Máfia é lição para o Rio
O texto traça um paralelo entre o crime organizado do RJ com as práticas mafiosas usadas na Itália, abordando problemas e soluções usadas para coibir as ações criminosas organizadas.
Nestes tempos em que as ações criminosas são divulgadas pela grande imprensa como a força de um “poder paralelo”, termo este criado pelos mesmos em seus telejornais, traficantes homicidas ganham status de “superstars” de uma vergonhosa guerra perdida. Hoje em dia, qualquer criança, independente de sua classe social, sabe diferenciar as facções – se é o Terceiro, ou o Vermelho - envolvidas em atividades criminosas organizadas em um quadro de total banalização do valor da vida humana. A crueldade é mostrada em horário nobre, com seus eufemismos e o caráter de uma típica cobertura jornalística de guerra, declarada, ao olhos de uma população muda de tão indefesa. Indignação é pouco.
Não há limites para o crime organizado, rebeliões armadas dentro de presídios de segurança duvidável, toques de recolher e execuções sumárias, como a do jornalista que foi decapitado em uma favela da zona norte do Rio no exercício da profissão, são apenas os sintomas de uma sociedade doente. A Itália viveu situação semelhante entre o fim dos anos 70 e o começo dos 90. A máfia matou milhares de homens em ações muito parecidas com as que vemos todos os dias. Juízes, promotores, políticos e jornalistas mortos por denunciar criminosos e por combatê-los sem medidas paliativas.
Há exatos dez anos, na estrada que liga Palermo a Capaci, a máfia cavou a sua ruína, assassinou o juiz Giovanni Falcone, que uniu a justiça italiana e juntou as peças do quebra-cabeça do crime organizado, desmoralizando a força das principais famiglias mafiosas da itália.
Enquanto a violência consome cidades como o Rio, autoridades federais mantêm uma postura blasé, anunciando planos esporádicos sem priorizar a questão. O quadro não surpreende o juiz Walter Maierovitch, ex-secretário Nacional Antidrogas: “Há uma nova modalidade de crime visível no Rio, que é a Associação Criminosa Especial, caracterizada pelo controle de território social, como ruas, colégios, bairros.” Ele explica que o termo foi criado na legislação italiana em 1992 e defende que se torne lei também no Brasil.
A máfia demonstrou força, desafiando e acuando pessoas de bem, ousadia esta bem peculiar dos marginais daqui, mas a Itália não era a mesma de antes, e o povo começou a derrubar a lei do silêncio, exigindo o fim da impunidade e da covardia.
Acabar com o crime organizado é tarefa difícil, mas com esforço, determinação e “boa vontade”, a Itália conseguiu calar a máfia mais famosa do mundo: a cosa nostra, e só o fez porque fez cumprir a lei, criando novas leis – emergenciais - desafiando mesmo, a constituição do país.
O governo derrubou cada obstáculo, criou decretos e, com cuidado, pôs o exército na rua. Depois da morte do juiz Falcone, os soldados desembarcaram em Palermo apenas para garantir a ordem e a segurança. Foi decretado o estado de emergência. Quase um ano depois, o exército voltou pra casa.
Um dos responsáveis pela comissão parlamentar de inquérito que investigou tragédias de máfia e terrorismo, o deputado Walter Biella, foi contra a presença do exército. Mas mudou de opinião. “O exército controlou os edifícios públicos. Foi uma presença que deu aos cidadãos e aos policiais a sensação de que eles não estavam abandonados”. E aqui no Brasil? Deveriam as forças armadas entrar na luta contra o poder paralelo dos bandidos? Não se sabe, mas urge a necessidade de uma mudança no código penal, para que os agentes da violência sejam punidos, de forma exemplar, impedindo-os de controlar seus negócios de dentro dos presídios, nos quais possuem regalias e onde as grades ganham dimensões metafóricas, presos somos nós. Reféns do pânico numa cidade dominada pela insegurança.
Uma medida que deu certo na Itália foi a lei dos arrependidos, lei esta que desmantelou os alicerces do crime, do silêncio e do medo. A lei de proteção às testemunhas oferecia vantagens aos criminosos que colaborassem com a polícia. A Itália mudou o código penal e decretou prisão perpétua para mafiosos e seqüestradores. Condenados para o resto da vida, os chefões da máfia começaram a comandar o crime de dentro dos cárceres, como também acontece aqui no Brasil. A Itália então criou uma lei duríssima, que foi aceita pela sociedade e até pelas organizações de defesa dos direitos humanos: o isolamento total dos mafiosos e a perda de qualquer direito civil.
O primeiro mafioso arrependido, Tomaso Buscheta, preso no Brasil, revelou os segredos da cosa nostra, quebrando a lei do silêncio, entregando desde o juramento de honra, feito diante da imagem de uma santa, até os nomes dos padrinhos, os poderosos chefões. Um a um, os criminosos foram identificados e levados para a cadeia. Rostos insuspeitos apareceram como chefes de famílias mafiosas. Outros criminosos se arrependeram e tiveram a pena reduzida. Hoje o governo italiano mantém 1.600 colaboradores da justiça e dá proteção às famílias, cerca de quatro mil pessoas. A Itália conseguiu o que parecia impossível, e demorou décadas, com milhares vidas perdidas.
Hoje, os cidadãos italianos podem andar de cabeça erguida, o mesmo não se pode dizer de quem vive na cidade do Rio de Janeiro, apesar dos esforços de um governo de apenas quatro meses. Nestes mesmos quatro meses, apesar do legado do governo anterior, muitos bandidos foram presos, como há muito não se via, nos mesmos telejornais, em que eles, os “fernandinhos”, são recordistas de audiência.
Nestes tempos em que as ações criminosas são divulgadas pela grande imprensa como a força de um “poder paralelo”, termo este criado pelos mesmos em seus telejornais, traficantes homicidas ganham status de “superstars” de uma vergonhosa guerra perdida. Hoje em dia, qualquer criança, independente de sua classe social, sabe diferenciar as facções – se é o Terceiro, ou o Vermelho - envolvidas em atividades criminosas organizadas em um quadro de total banalização do valor da vida humana. A crueldade é mostrada em horário nobre, com seus eufemismos e o caráter de uma típica cobertura jornalística de guerra, declarada, ao olhos de uma população muda de tão indefesa. Indignação é pouco.
Não há limites para o crime organizado, rebeliões armadas dentro de presídios de segurança duvidável, toques de recolher e execuções sumárias, como a do jornalista que foi decapitado em uma favela da zona norte do Rio no exercício da profissão, são apenas os sintomas de uma sociedade doente. A Itália viveu situação semelhante entre o fim dos anos 70 e o começo dos 90. A máfia matou milhares de homens em ações muito parecidas com as que vemos todos os dias. Juízes, promotores, políticos e jornalistas mortos por denunciar criminosos e por combatê-los sem medidas paliativas.
Há exatos dez anos, na estrada que liga Palermo a Capaci, a máfia cavou a sua ruína, assassinou o juiz Giovanni Falcone, que uniu a justiça italiana e juntou as peças do quebra-cabeça do crime organizado, desmoralizando a força das principais famiglias mafiosas da itália.
Enquanto a violência consome cidades como o Rio, autoridades federais mantêm uma postura blasé, anunciando planos esporádicos sem priorizar a questão. O quadro não surpreende o juiz Walter Maierovitch, ex-secretário Nacional Antidrogas: “Há uma nova modalidade de crime visível no Rio, que é a Associação Criminosa Especial, caracterizada pelo controle de território social, como ruas, colégios, bairros.” Ele explica que o termo foi criado na legislação italiana em 1992 e defende que se torne lei também no Brasil.
A máfia demonstrou força, desafiando e acuando pessoas de bem, ousadia esta bem peculiar dos marginais daqui, mas a Itália não era a mesma de antes, e o povo começou a derrubar a lei do silêncio, exigindo o fim da impunidade e da covardia.
Acabar com o crime organizado é tarefa difícil, mas com esforço, determinação e “boa vontade”, a Itália conseguiu calar a máfia mais famosa do mundo: a cosa nostra, e só o fez porque fez cumprir a lei, criando novas leis – emergenciais - desafiando mesmo, a constituição do país.
O governo derrubou cada obstáculo, criou decretos e, com cuidado, pôs o exército na rua. Depois da morte do juiz Falcone, os soldados desembarcaram em Palermo apenas para garantir a ordem e a segurança. Foi decretado o estado de emergência. Quase um ano depois, o exército voltou pra casa.
Um dos responsáveis pela comissão parlamentar de inquérito que investigou tragédias de máfia e terrorismo, o deputado Walter Biella, foi contra a presença do exército. Mas mudou de opinião. “O exército controlou os edifícios públicos. Foi uma presença que deu aos cidadãos e aos policiais a sensação de que eles não estavam abandonados”. E aqui no Brasil? Deveriam as forças armadas entrar na luta contra o poder paralelo dos bandidos? Não se sabe, mas urge a necessidade de uma mudança no código penal, para que os agentes da violência sejam punidos, de forma exemplar, impedindo-os de controlar seus negócios de dentro dos presídios, nos quais possuem regalias e onde as grades ganham dimensões metafóricas, presos somos nós. Reféns do pânico numa cidade dominada pela insegurança.
Uma medida que deu certo na Itália foi a lei dos arrependidos, lei esta que desmantelou os alicerces do crime, do silêncio e do medo. A lei de proteção às testemunhas oferecia vantagens aos criminosos que colaborassem com a polícia. A Itália mudou o código penal e decretou prisão perpétua para mafiosos e seqüestradores. Condenados para o resto da vida, os chefões da máfia começaram a comandar o crime de dentro dos cárceres, como também acontece aqui no Brasil. A Itália então criou uma lei duríssima, que foi aceita pela sociedade e até pelas organizações de defesa dos direitos humanos: o isolamento total dos mafiosos e a perda de qualquer direito civil.
O primeiro mafioso arrependido, Tomaso Buscheta, preso no Brasil, revelou os segredos da cosa nostra, quebrando a lei do silêncio, entregando desde o juramento de honra, feito diante da imagem de uma santa, até os nomes dos padrinhos, os poderosos chefões. Um a um, os criminosos foram identificados e levados para a cadeia. Rostos insuspeitos apareceram como chefes de famílias mafiosas. Outros criminosos se arrependeram e tiveram a pena reduzida. Hoje o governo italiano mantém 1.600 colaboradores da justiça e dá proteção às famílias, cerca de quatro mil pessoas. A Itália conseguiu o que parecia impossível, e demorou décadas, com milhares vidas perdidas.
Hoje, os cidadãos italianos podem andar de cabeça erguida, o mesmo não se pode dizer de quem vive na cidade do Rio de Janeiro, apesar dos esforços de um governo de apenas quatro meses. Nestes mesmos quatro meses, apesar do legado do governo anterior, muitos bandidos foram presos, como há muito não se via, nos mesmos telejornais, em que eles, os “fernandinhos”, são recordistas de audiência.
farc news
As FARC e o silêncio obsequioso
Por Janer Cristaldo
7 de Junho de 2006
Tentando chegar a uma definição aceita universalmente sobre o que seja terror, a ONU até hoje não chegou a nenhuma. Ao tentar uma definição, esbarra numa parede, os países muçulmanos. Se estes países não concordam sobre o que seja terrorismo, chegaram a um consenso sobre o que não é terrorismo: qualquer coisa que se inclua na luta palestina. Trocando em miúdos: um palestino que se enrola em bombas e se explode em meio a civis, velhos, mulheres e crianças, não pode ser definido como terrorista. Porque os árabes não querem.
Se o Ocidente tem conceitos precisos sobre o que seja terror, a Suécia fez uma bela presepada à União Européia no mês passado. Os quinze países da UE pretendiam incluir as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), guerrilha marxista colombiana, na lista de organizações terroristas. Os suecos alegaram que não devem fazer parte da lista organizações que estejam em processo de negociação ou diálogo com seus governos. Ou seja, você pode explodir carros-bomba, matar, seqüestrar, mas não será considerado terrorista enquanto se dispuser a dialogar com as vítimas. Porque os suecos não querem.
A decisão dos suecos foi amplamente divulgada na imprensa internacional e brasileira. Fere a delicada psique das esquerdas associar marxismo a terrorismo. Se nossos jornais se apressaram a divulgar o veto nórdico, há um silêncio obsequioso quando se trata de trazer ao leitor documentos que associem as Farc ao terror. Numa época em que até mesmo órgãos como O Globo e o Estadão abrem colunas para velhos bolcheviques, pouco se pode esperar dos demais jornais, que se pretendem de esquerda ou que pelo menos com as esquerdas simpatizam. Torna-se então inteligível mas nem por isso justificável o silêncio em torno a temas que possam prejudicar o PT.
Embora o partido atualmente as negue, são notórias suas relações com a guerrilha que há décadas vem destruindo a Colômbia. Seus representantes são recebidos com tapete vermelho pelo governo petista gaúcho e fazem palestras em universidades e escolas de prefeituras geridas pelo PT. Se alguém ousa afirmar que as Farc vivem do narcotráfico, não falta um militante indignado para dizer que tais denúncias não passam de estratégia do Estados Unidos para invadir, primeiro a Colômbia, e depois o continente.
O leitor já deve ter notado a escassa presença, nas páginas dos jornais, do narcotraficante Luiz Fernando da Costa, mais conhecido por Fernandinho Beira-Mar. E não é por falta de notícias. Preso em Brasília desde abril do ano passado, Fernandinho aceitou reunir-se com agentes da DEA (Drug Enforcement Administration) e falou de suas relações com a guerrilha colombiana. A gravação desta confissão, pela sua importância, tornou-se a peça-chave que permitiu aos Estados Unidos pedir a extradição de três guerrilheiros das Farc e três narcotraficantes brasileiros, entre eles Fernandinho. Foi publicada, há questão de um mês, na revista colombiana Cambio, dirigida por Gabriel Garcia Márquez. Você pode lê-la, na íntegra, aqui. Na imprensa brasileira, nem um pio sobre este documento.
Em correspondência com meus interlocutores, costumo afirmar que as gentes já não lembram de fatos ocorridos há dez anos. Urge uma errata: não lembram de fatos ocorridos há dois meses. Se o PT hoje nega qualquer relação com as Farc, há poucas semanas elas eram publicamente defendidas pelos militantes. Não bastassem as boas relações do governo gaúcho com a narcoguerrilha colombiana, em março passado, líderes petistas de Ribeirão Preto, ligados ao prefeito Antônio Palocci Filho, coordenador do programa de governo de Luiz Inácio Lula da Silva, anunciaram um comitê pró-Farc no município. Entre as funções do Comitê de Solidariedade ao Povo Colombiano e aos Movimentos de Libertação Nacional estariam colher assinaturas pró-guerrilha e defender as posições do grupo no Brasil. "Precisamos difundir e abrir comitês das Farc no mundo inteiro sobre os problemas que ocorrem naquele país", disse Beto Cangussú, vereador petista. Para selar a união, houve uma reunião em Ribeirão Preto entre o ex-vereador Leopoldo Paulino, o proponente do comitê, e Olivério Medina, porta-voz informal da narcoguerrilha no Brasil, que chegou a ser preso em 2000 em Foz do Iguaçu, a pedido do governo colombiano, acusado de atividades terroristas.
Fernandinho Beira-Mar pagava dois milhões de pesos aos camponeses pela coca, por 600 quilos por semana, e às Farc mais um milhão por cada quilo, para cristalizá-la. Vendia o quilo de cocaína por U$ 3.500 no Brasil. A operação exigia um vôo que custava U$ 15.000, mais U$ 15.000 pelo aluguel da pista de aterrissagem. Mais U$ 25.000 para o piloto e U$ 5.000 para o co-piloto. Fernandinho, que também fornecia munição à guerrilha marxista, chegou a entregar-lhes 150 mil caixas de balas, com 20 balas cada uma. Segundo o narcotraficante brasileiro, as Farc não têm ideologia, Estão ali pela grana, se tornaram capitalistas e só querem a grana, a grana, a grana....
O ex-vereador Leopoldo Paulino pensa diferente. Não é a eleição que vai resolver, é a revolução. Hoje no Brasil não há condição de fazer uma revolução armada, mas na Colômbia não é assim. Eles têm um exército organizado". Este exército redentor são as Farc, é claro.
ONU, árabes ou suecos podem permitir-se uma posição dúbia. Ser benevolente com o terror distante é fácil. Mais difícil é aceitá-lo quando se vive sob sua mira. O PT, herdeiro das mais sinistras ditaduras do século, sente-se naturalmente atraído pela narcoguerrilha marxista. Tenta então desvencilhar-se do aliado inconveniente. Ocorre que o terror está em seu DNA. E produz reflexos condicionados.
Todo leitor adulto deve lembrar-se do belíssimo filme de Kubrick, Dr. Strangelove. No papel-título, temos um cientista alemão paraplégico refugiado nos Estados Unidos, cujo braço direito conserva ainda reflexos dos dias do Reich. Esporadicamente, o braço se ergue em saudação nazista, e Strangelove precisa segurá-lo com a mão esquerda. É o que ocorre com os petistas. Podem reivindicar os melhores propósitos, fazer juras de bom comportamento, mas volta e meia o braço totalitário não resiste e saúda o terror. Como aconteceu na semana passada, quando o PT, au grand complet, prestou homenagens de herói ao terrorista João Amazonas.
Não é conveniente, em ano eleitoral, falar de Fernandinho. Felizmente, vivemos dias de Internet, onde sempre há uma brecha para conjurar o silêncio obsequioso da grande imprensa.
Por Janer Cristaldo
7 de Junho de 2006
Tentando chegar a uma definição aceita universalmente sobre o que seja terror, a ONU até hoje não chegou a nenhuma. Ao tentar uma definição, esbarra numa parede, os países muçulmanos. Se estes países não concordam sobre o que seja terrorismo, chegaram a um consenso sobre o que não é terrorismo: qualquer coisa que se inclua na luta palestina. Trocando em miúdos: um palestino que se enrola em bombas e se explode em meio a civis, velhos, mulheres e crianças, não pode ser definido como terrorista. Porque os árabes não querem.
Se o Ocidente tem conceitos precisos sobre o que seja terror, a Suécia fez uma bela presepada à União Européia no mês passado. Os quinze países da UE pretendiam incluir as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), guerrilha marxista colombiana, na lista de organizações terroristas. Os suecos alegaram que não devem fazer parte da lista organizações que estejam em processo de negociação ou diálogo com seus governos. Ou seja, você pode explodir carros-bomba, matar, seqüestrar, mas não será considerado terrorista enquanto se dispuser a dialogar com as vítimas. Porque os suecos não querem.
A decisão dos suecos foi amplamente divulgada na imprensa internacional e brasileira. Fere a delicada psique das esquerdas associar marxismo a terrorismo. Se nossos jornais se apressaram a divulgar o veto nórdico, há um silêncio obsequioso quando se trata de trazer ao leitor documentos que associem as Farc ao terror. Numa época em que até mesmo órgãos como O Globo e o Estadão abrem colunas para velhos bolcheviques, pouco se pode esperar dos demais jornais, que se pretendem de esquerda ou que pelo menos com as esquerdas simpatizam. Torna-se então inteligível mas nem por isso justificável o silêncio em torno a temas que possam prejudicar o PT.
Embora o partido atualmente as negue, são notórias suas relações com a guerrilha que há décadas vem destruindo a Colômbia. Seus representantes são recebidos com tapete vermelho pelo governo petista gaúcho e fazem palestras em universidades e escolas de prefeituras geridas pelo PT. Se alguém ousa afirmar que as Farc vivem do narcotráfico, não falta um militante indignado para dizer que tais denúncias não passam de estratégia do Estados Unidos para invadir, primeiro a Colômbia, e depois o continente.
O leitor já deve ter notado a escassa presença, nas páginas dos jornais, do narcotraficante Luiz Fernando da Costa, mais conhecido por Fernandinho Beira-Mar. E não é por falta de notícias. Preso em Brasília desde abril do ano passado, Fernandinho aceitou reunir-se com agentes da DEA (Drug Enforcement Administration) e falou de suas relações com a guerrilha colombiana. A gravação desta confissão, pela sua importância, tornou-se a peça-chave que permitiu aos Estados Unidos pedir a extradição de três guerrilheiros das Farc e três narcotraficantes brasileiros, entre eles Fernandinho. Foi publicada, há questão de um mês, na revista colombiana Cambio, dirigida por Gabriel Garcia Márquez. Você pode lê-la, na íntegra, aqui. Na imprensa brasileira, nem um pio sobre este documento.
Em correspondência com meus interlocutores, costumo afirmar que as gentes já não lembram de fatos ocorridos há dez anos. Urge uma errata: não lembram de fatos ocorridos há dois meses. Se o PT hoje nega qualquer relação com as Farc, há poucas semanas elas eram publicamente defendidas pelos militantes. Não bastassem as boas relações do governo gaúcho com a narcoguerrilha colombiana, em março passado, líderes petistas de Ribeirão Preto, ligados ao prefeito Antônio Palocci Filho, coordenador do programa de governo de Luiz Inácio Lula da Silva, anunciaram um comitê pró-Farc no município. Entre as funções do Comitê de Solidariedade ao Povo Colombiano e aos Movimentos de Libertação Nacional estariam colher assinaturas pró-guerrilha e defender as posições do grupo no Brasil. "Precisamos difundir e abrir comitês das Farc no mundo inteiro sobre os problemas que ocorrem naquele país", disse Beto Cangussú, vereador petista. Para selar a união, houve uma reunião em Ribeirão Preto entre o ex-vereador Leopoldo Paulino, o proponente do comitê, e Olivério Medina, porta-voz informal da narcoguerrilha no Brasil, que chegou a ser preso em 2000 em Foz do Iguaçu, a pedido do governo colombiano, acusado de atividades terroristas.
Fernandinho Beira-Mar pagava dois milhões de pesos aos camponeses pela coca, por 600 quilos por semana, e às Farc mais um milhão por cada quilo, para cristalizá-la. Vendia o quilo de cocaína por U$ 3.500 no Brasil. A operação exigia um vôo que custava U$ 15.000, mais U$ 15.000 pelo aluguel da pista de aterrissagem. Mais U$ 25.000 para o piloto e U$ 5.000 para o co-piloto. Fernandinho, que também fornecia munição à guerrilha marxista, chegou a entregar-lhes 150 mil caixas de balas, com 20 balas cada uma. Segundo o narcotraficante brasileiro, as Farc não têm ideologia, Estão ali pela grana, se tornaram capitalistas e só querem a grana, a grana, a grana....
O ex-vereador Leopoldo Paulino pensa diferente. Não é a eleição que vai resolver, é a revolução. Hoje no Brasil não há condição de fazer uma revolução armada, mas na Colômbia não é assim. Eles têm um exército organizado". Este exército redentor são as Farc, é claro.
ONU, árabes ou suecos podem permitir-se uma posição dúbia. Ser benevolente com o terror distante é fácil. Mais difícil é aceitá-lo quando se vive sob sua mira. O PT, herdeiro das mais sinistras ditaduras do século, sente-se naturalmente atraído pela narcoguerrilha marxista. Tenta então desvencilhar-se do aliado inconveniente. Ocorre que o terror está em seu DNA. E produz reflexos condicionados.
Todo leitor adulto deve lembrar-se do belíssimo filme de Kubrick, Dr. Strangelove. No papel-título, temos um cientista alemão paraplégico refugiado nos Estados Unidos, cujo braço direito conserva ainda reflexos dos dias do Reich. Esporadicamente, o braço se ergue em saudação nazista, e Strangelove precisa segurá-lo com a mão esquerda. É o que ocorre com os petistas. Podem reivindicar os melhores propósitos, fazer juras de bom comportamento, mas volta e meia o braço totalitário não resiste e saúda o terror. Como aconteceu na semana passada, quando o PT, au grand complet, prestou homenagens de herói ao terrorista João Amazonas.
Não é conveniente, em ano eleitoral, falar de Fernandinho. Felizmente, vivemos dias de Internet, onde sempre há uma brecha para conjurar o silêncio obsequioso da grande imprensa.
penas para formação de quadrilha no brasil.
Introdução
A única lei que regia o crime organizado no Brasil, até pouco tempo, era a de n. 9.034/95. Em abril de 2001 ingressou no nosso ordenamento jurídico um novo texto legislativo (Lei 10.217/01), que modificou os artigos 1º e 2º do diploma legal acima citado, além de contemplar dois novos institutos investigativos: interceptação ambiental e infiltração policial.
Nosso legislador, sem ter a mínima idéia dos (geralmente nefastos) efeitos colaterais de toda sua (intensa e confusa) produção legislativa, talvez jamais tenha imaginado que, com o novo texto legal, como veremos logo abaixo, estaria eliminando a eficácia de inúmeros dispositivos legais contidos na Lei 9.034/95.
Dentre eles (arts. 2º, II, 4º, 5º, 6º, 7º e 10º) acha-se o art. 7º, que proíbe a liberdade provisória "aos agentes que tenham tido intensa e efetiva participação na organização criminosa".
Perda da eficácia de vários dispositivos da Lei 9.034/95
A Lei 9.034/95, que dispõe "sobre a utilização de meios operacionais para a prevenção e repressão de ações praticadas por organizações criminosas", não definiu o que se deve compreender por "organizações criminosas". Foi feita para cuidar desse assunto, mas juridicamente continuamos sem saber do que se trata.
O Art. 1º citado, com a redação da Lei 10.217/01, passou a dizer o seguinte: "Esta Lei define e regula meios de prova e procedimentos investigatórios que versem sobre ilícitos decorrentes de ações praticadas por quadrilha ou bando ou organizações ou associações criminosas de qualquer tipo".
Observe-se que antes a lei só mencionava "crime resultante de ações de quadrilha ou bando"; agora fala em "ações praticadas por quadrilha ou bando ou organizações ou associações criminosas de qualquer tipo".
O texto anterior permitia, no mínimo, tríplice interpretação: (a) a lei só vale para crime resultante de quadrilha ou bando; (b) a lei vale para o delito de quadrilha ou bando mais o crime daí resultante (concurso material) (*); (c) a lei só vale para crime resultante de organização criminosa (que não se confunde com o art. 288) (era a nossa interpretação: cf. Crime organizado, 2ª ed., São Paulo, RT, 1997, p. 89 e ss.).
Pelo texto atual a lei incide nos ilícitos decorrentes de: (a) quadrilha ou bando; (b) organização criminosa; (c) associação criminosa.
Como se percebe, com o advento da Lei 10.217/01, estão perfeitamente delineados três conteúdos diversos: organização criminosa (que está enunciada na lei, mas não tipificada no nosso ordenamento jurídico), associação criminosa (ex.: Lei de Tóxicos, art. 14; art. 18, III; Lei 2.889/56, art. 2º: associação para prática de genocídio) e quadrilha ou bando (CP, art. 288).
Quadrilha ou bando sabemos o que é (CP, art. 288); associações criminosas (ex.: Lei de Tóxicos, art. 14; art. 18, III; Lei 2.889/56, art. 2º) sabemos o que é. Agora, que se entende por organização criminosa?
Não existe em nenhuma parte do nosso ordenamento jurídico a definição de organização criminosa.
Cuida-se, portanto, de um conceito vago, totalmente aberto, absolutamente poroso. Considerando-se que (diferentemente do que ocorria antes) o legislador não ofereceu nem sequer a descrição típica mínima do fenômeno, só nos resta concluir que, nesse ponto, a lei (9.034/95) passou a ser letra morta. Organização criminosa, portanto, hoje, no ordenamento jurídico brasileiro, é uma alma (uma enunciação abstrata) em busca de um corpo (de um conteúdo normativo, que atenda o princípio da legalidade).
Se as leis do crime organizado no Brasil (Lei 9.034/95 e Lei 10.217/01), que existem para definir o que se entende por organização criminosa, não nos explicaram o que é isso, não cabe outra conclusão: desde 12.04.01 perderam eficácia todos os dispositivos legais fundados nesse conceito que ninguém sabe o que é. São eles: arts. 2º, inc. II (flagrante prorrogado), 4º (organização da polícia judiciária), 5º (identificação criminal), 6º (delação premiada), 7º (proibição de liberdade provisória) e 10º (progressão de regime) da Lei 9.034/95, que só se aplicam para as (por ora, indecifráveis) "organizações criminosas".
É caso de perda de eficácia (por não sabermos o que se entende por organização criminosa), não de revogação (perda de vigência). No dia em que o legislador revelar o conteúdo desse conceito vago, tais dispositivos legais voltarão a ter eficácia. Por ora continuam vigentes, mas não podem ser aplicados.
Conteúdo atual do conceito de "crime organizado"
Diante do que foi exposto até aqui indaga-se: hoje, que devemos entender por crime organizado no Brasil?
Na nossa visão, o conceito de crime organizado agora envolve:
(a) a quadrilha ou bando (288), que claramente (com a Lei 10.217/01) recebeu o rótulo de crime organizado, embora seja fenômeno completamente distinto do verdadeiro crime organizado;
(b) as associações criminosas já tipificadas no nosso ordenamento jurídico (art. 14 da Lei de Tóxicos, art. 2º da Lei 2.889/56 v.g.) assim como todas as que porventura vierem a sê-lo e
(c) todos os ilícitos delas decorrentes ("delas" significa: da quadrilha ou bando assim como das associações criminosas definidas em lei).
Referido conceito, em conseqüência, de outro lado e juridicamente falando, não abrange:
(a) a "organização criminosa", por falta de definição legal;
(b) o concurso de pessoas (os requisitos da estabilidade e permanência levam à conclusão de que associação criminosa ou quadrilha ou bando jamais podem ser confundidos com o mero concurso de pessoas (que é sempre eventual e momentâneo).
Características criminológicas da organização criminosa
A ciência criminológica, de qualquer modo, já conta com incontáveis estudos sobre as organizações criminosas. Dentre tantas outras, são apontadas como suas características marcantes: hierarquia estrutural, planejamento empresarial, claro objetivo de lucros, uso de meios tecnológicos avançados, recrutamento de pessoas, divisão funcional de atividades, conexão estrutural ou funcional com o poder público e/ou com o poder político, oferta de prestações sociais, divisão territorial das atividades, alto poder de intimidação, alta capacitação para a fraude, conexão local, regional, nacional ou internacional com outras organizações.
Mas o juiz não pode substituir o legislador
Ao legislador incumbe a tarefa urgente de definir, em lei, o que devemos entender por ela. Enquanto isso não ocorrer, como vimos, boa parte da Lei 9.034/95 passou a ser letra morta. A não ser que algum magistrado venha a usurpar a tarefa do legislador e diga do que se trata. Mas até onde vão os limites da Constituição vigente, não se vislumbra a mínima possibilidade de qualquer juiz desempenhar esse anômalo papel.
A única lei que regia o crime organizado no Brasil, até pouco tempo, era a de n. 9.034/95. Em abril de 2001 ingressou no nosso ordenamento jurídico um novo texto legislativo (Lei 10.217/01), que modificou os artigos 1º e 2º do diploma legal acima citado, além de contemplar dois novos institutos investigativos: interceptação ambiental e infiltração policial.
Nosso legislador, sem ter a mínima idéia dos (geralmente nefastos) efeitos colaterais de toda sua (intensa e confusa) produção legislativa, talvez jamais tenha imaginado que, com o novo texto legal, como veremos logo abaixo, estaria eliminando a eficácia de inúmeros dispositivos legais contidos na Lei 9.034/95.
Dentre eles (arts. 2º, II, 4º, 5º, 6º, 7º e 10º) acha-se o art. 7º, que proíbe a liberdade provisória "aos agentes que tenham tido intensa e efetiva participação na organização criminosa".
Perda da eficácia de vários dispositivos da Lei 9.034/95
A Lei 9.034/95, que dispõe "sobre a utilização de meios operacionais para a prevenção e repressão de ações praticadas por organizações criminosas", não definiu o que se deve compreender por "organizações criminosas". Foi feita para cuidar desse assunto, mas juridicamente continuamos sem saber do que se trata.
O Art. 1º citado, com a redação da Lei 10.217/01, passou a dizer o seguinte: "Esta Lei define e regula meios de prova e procedimentos investigatórios que versem sobre ilícitos decorrentes de ações praticadas por quadrilha ou bando ou organizações ou associações criminosas de qualquer tipo".
Observe-se que antes a lei só mencionava "crime resultante de ações de quadrilha ou bando"; agora fala em "ações praticadas por quadrilha ou bando ou organizações ou associações criminosas de qualquer tipo".
O texto anterior permitia, no mínimo, tríplice interpretação: (a) a lei só vale para crime resultante de quadrilha ou bando; (b) a lei vale para o delito de quadrilha ou bando mais o crime daí resultante (concurso material) (*); (c) a lei só vale para crime resultante de organização criminosa (que não se confunde com o art. 288) (era a nossa interpretação: cf. Crime organizado, 2ª ed., São Paulo, RT, 1997, p. 89 e ss.).
Pelo texto atual a lei incide nos ilícitos decorrentes de: (a) quadrilha ou bando; (b) organização criminosa; (c) associação criminosa.
Como se percebe, com o advento da Lei 10.217/01, estão perfeitamente delineados três conteúdos diversos: organização criminosa (que está enunciada na lei, mas não tipificada no nosso ordenamento jurídico), associação criminosa (ex.: Lei de Tóxicos, art. 14; art. 18, III; Lei 2.889/56, art. 2º: associação para prática de genocídio) e quadrilha ou bando (CP, art. 288).
Quadrilha ou bando sabemos o que é (CP, art. 288); associações criminosas (ex.: Lei de Tóxicos, art. 14; art. 18, III; Lei 2.889/56, art. 2º) sabemos o que é. Agora, que se entende por organização criminosa?
Não existe em nenhuma parte do nosso ordenamento jurídico a definição de organização criminosa.
Cuida-se, portanto, de um conceito vago, totalmente aberto, absolutamente poroso. Considerando-se que (diferentemente do que ocorria antes) o legislador não ofereceu nem sequer a descrição típica mínima do fenômeno, só nos resta concluir que, nesse ponto, a lei (9.034/95) passou a ser letra morta. Organização criminosa, portanto, hoje, no ordenamento jurídico brasileiro, é uma alma (uma enunciação abstrata) em busca de um corpo (de um conteúdo normativo, que atenda o princípio da legalidade).
Se as leis do crime organizado no Brasil (Lei 9.034/95 e Lei 10.217/01), que existem para definir o que se entende por organização criminosa, não nos explicaram o que é isso, não cabe outra conclusão: desde 12.04.01 perderam eficácia todos os dispositivos legais fundados nesse conceito que ninguém sabe o que é. São eles: arts. 2º, inc. II (flagrante prorrogado), 4º (organização da polícia judiciária), 5º (identificação criminal), 6º (delação premiada), 7º (proibição de liberdade provisória) e 10º (progressão de regime) da Lei 9.034/95, que só se aplicam para as (por ora, indecifráveis) "organizações criminosas".
É caso de perda de eficácia (por não sabermos o que se entende por organização criminosa), não de revogação (perda de vigência). No dia em que o legislador revelar o conteúdo desse conceito vago, tais dispositivos legais voltarão a ter eficácia. Por ora continuam vigentes, mas não podem ser aplicados.
Conteúdo atual do conceito de "crime organizado"
Diante do que foi exposto até aqui indaga-se: hoje, que devemos entender por crime organizado no Brasil?
Na nossa visão, o conceito de crime organizado agora envolve:
(a) a quadrilha ou bando (288), que claramente (com a Lei 10.217/01) recebeu o rótulo de crime organizado, embora seja fenômeno completamente distinto do verdadeiro crime organizado;
(b) as associações criminosas já tipificadas no nosso ordenamento jurídico (art. 14 da Lei de Tóxicos, art. 2º da Lei 2.889/56 v.g.) assim como todas as que porventura vierem a sê-lo e
(c) todos os ilícitos delas decorrentes ("delas" significa: da quadrilha ou bando assim como das associações criminosas definidas em lei).
Referido conceito, em conseqüência, de outro lado e juridicamente falando, não abrange:
(a) a "organização criminosa", por falta de definição legal;
(b) o concurso de pessoas (os requisitos da estabilidade e permanência levam à conclusão de que associação criminosa ou quadrilha ou bando jamais podem ser confundidos com o mero concurso de pessoas (que é sempre eventual e momentâneo).
Características criminológicas da organização criminosa
A ciência criminológica, de qualquer modo, já conta com incontáveis estudos sobre as organizações criminosas. Dentre tantas outras, são apontadas como suas características marcantes: hierarquia estrutural, planejamento empresarial, claro objetivo de lucros, uso de meios tecnológicos avançados, recrutamento de pessoas, divisão funcional de atividades, conexão estrutural ou funcional com o poder público e/ou com o poder político, oferta de prestações sociais, divisão territorial das atividades, alto poder de intimidação, alta capacitação para a fraude, conexão local, regional, nacional ou internacional com outras organizações.
Mas o juiz não pode substituir o legislador
Ao legislador incumbe a tarefa urgente de definir, em lei, o que devemos entender por ela. Enquanto isso não ocorrer, como vimos, boa parte da Lei 9.034/95 passou a ser letra morta. A não ser que algum magistrado venha a usurpar a tarefa do legislador e diga do que se trata. Mas até onde vão os limites da Constituição vigente, não se vislumbra a mínima possibilidade de qualquer juiz desempenhar esse anômalo papel.
yakuza origens 2
A origem da Yakuza é incerta. Alguns dizem que são descendentes dos 'kabuki-mono', causa do século 17, que usavam roupas e cortes de cabelo esquisitos e falavam um elaborado dialeto de gírias. Durante a era Tokugawa - uma época de paz em todo o Japão -, onde os samurais já não eram necessários, os 'kabuki-mono', para sobreviver, voltaram todas as suas atividades para o roubo das pequenas comunidades.
Os membros atuais da Yakuza, no entanto, ignoram essa teoria, dizendo que são, na verdade, descendentes dos 'machi-yokko' - um misterioso grupo que defendia a população e os pobres.
Atualmente, no entanto, os membros da Yakuza se consideram, acima de tudo, vítimas de uma sociedade cruel e sem opções que acabam, por fim, recorrendo ao crime e à violência. A própria palavra 'yakuza' deriva do nome de uma péssima jogada no jogo de cartas oriental denominado 'Hana Fuda'.
Após a segunda guerra mundial - quando o Japão foi ferozmente subjugado -, a quantidade de membros da Yakuza aumentou imensamente. Eram mais de 180 mil criminosos (superando a quantidade de soldados do próprio exército japonês, na época), e divididos em mais de cinco mil gangues - todas sob os comandos do poderoso-chefão Yoshio Kodama. Yoshio possuía um extenso número de aliados - dentro da política, do crime e da guerra. Em 1945, sua fortuna era avaliada em U$175 milhões - o que, na época, valia muito mais do que hoje em dia.
Com o passar dos anos, e o surgimento de uma melhor qualidade de vida no Japão - além da enorme prosperidade da Educação japonesa de seus jovens -, o poder da Yakuza diminuiu. Hoje em dia existem aproximadamente cem mil 'yakuzas' - um número que, no entanto, supera, com folga, o da Máfia Italiana em todo o mundo.
É impossível delimitar o real poder da máfia japonesa. Acredita-se que eles estejam firmemente enraizados em muitas áreas de atuação, além do crime, como a política extremista e as grandes corporações comerciais. A 'Yakuza' é tão poderosa que, por vezes, nem mesmo a própria polícia japonesa é capaz de interferir em suas ações - clubes e locais de encontro de seus membros às vezes são claramente reconhecidos pelas cidades - mas ninguém ousa chegar perto.
Na próxima parte da matéria, saiba como é o estilo de vida e a aparência dos membros da Yakuza!
Os membros atuais da Yakuza, no entanto, ignoram essa teoria, dizendo que são, na verdade, descendentes dos 'machi-yokko' - um misterioso grupo que defendia a população e os pobres.
Atualmente, no entanto, os membros da Yakuza se consideram, acima de tudo, vítimas de uma sociedade cruel e sem opções que acabam, por fim, recorrendo ao crime e à violência. A própria palavra 'yakuza' deriva do nome de uma péssima jogada no jogo de cartas oriental denominado 'Hana Fuda'.
Após a segunda guerra mundial - quando o Japão foi ferozmente subjugado -, a quantidade de membros da Yakuza aumentou imensamente. Eram mais de 180 mil criminosos (superando a quantidade de soldados do próprio exército japonês, na época), e divididos em mais de cinco mil gangues - todas sob os comandos do poderoso-chefão Yoshio Kodama. Yoshio possuía um extenso número de aliados - dentro da política, do crime e da guerra. Em 1945, sua fortuna era avaliada em U$175 milhões - o que, na época, valia muito mais do que hoje em dia.
Com o passar dos anos, e o surgimento de uma melhor qualidade de vida no Japão - além da enorme prosperidade da Educação japonesa de seus jovens -, o poder da Yakuza diminuiu. Hoje em dia existem aproximadamente cem mil 'yakuzas' - um número que, no entanto, supera, com folga, o da Máfia Italiana em todo o mundo.
É impossível delimitar o real poder da máfia japonesa. Acredita-se que eles estejam firmemente enraizados em muitas áreas de atuação, além do crime, como a política extremista e as grandes corporações comerciais. A 'Yakuza' é tão poderosa que, por vezes, nem mesmo a própria polícia japonesa é capaz de interferir em suas ações - clubes e locais de encontro de seus membros às vezes são claramente reconhecidos pelas cidades - mas ninguém ousa chegar perto.
Na próxima parte da matéria, saiba como é o estilo de vida e a aparência dos membros da Yakuza!
mafia russa ate no futebol!!!! que legal.
Sexta-feira, 14 de Setembro de 2007
Reportagem: Paulo Henrique amorim
"Fora Dualib, ladrão!" A revolta da torcida alvinegra é evidente, pedem a saída do presidente Alberto Dualib, que por 14 anos permaneceu à frente do Corinthians e há dois permitiu a venda parcial do clube para um grupo estrangeiro, a MSI. O início da parceria foi tranqüilo, craques foram contratados e o time conquistou o Brasileiro de 2005, um campeonato marcado pelo esquema de corrupção envolvendo o árbitro Edílson Pereira de Carvalho e lances polêmicos nas rodadas finais.
No ano seguinte, veio a Taça Libertadores, torneio de maior prestígio da América do Sul e que concede ao campeão uma vaga no Mundial, realizado no Japão. A equipe fazia uma boa campanha, classificou-se para a segunda fase, mas acabou eliminado pelo algoz River Plate, em pleno Pacaembu. Derrotas, vendas de jogadores e a saída de Kia Joorabchian, representante da MSI no país, culminaram em uma crise. O Corinthians passou a ser investigado devido às grandes quantias de dinheiro envolvendo o clube.
Apesar de representar a MSI e o próprio clube, o iraniano não passava de um fantoche. Quem estava por trás de tudo era o bilionário Boris Berezovsky, chefe da máfia russa. Procurado pela Interpol, organização policial internacional, Berezovsky tinha uma rede de tráfico de armas no Irá, cujo sócio era justamente o pai de Kia. Entre outras acusações está a lavagem de dinheiro, formação de quadrilha, associação ilícita, fraude comercial e fraude bancária
Em depoimento à Polícia Federal, Berezovsky afirmou que o Corinthians era apenas uma diversão, na qual ele investiu US$ 32 milhões. O objetivo era montar um império como o que ele montou na extinta União Soviética. Matemático de sucesso, Boris largou tudo para ser dono de uma revendedora de automóveis, protegido pela máfia. Inteligente, tornou-se maior que os mafiosos e passou a tratar diretamente com o governo, sendo o homem mais rico do país e dono de 20 grandes empresas.
"O poderoso chefão do Kremlin" foi o título que o jornalista norte-americano Paul Klebnikov deu ao seu livro, no qual revela como Boris Berezovsky virou a importante figura que é hoje. Pelo caminho, o mafioso teria sido o responsável pela morte de Vladislav Listyev, apresentador de TV e crítico do Estado russo, ocorrida em 1995. O livro não passou despercebido. Em julho de 2004, Klebnikov foi assassinado enquanto caminhava em Moscou.
A sorte de Boris mudou com a entrada de Vladimir Putin no poder. Ex-agente da KGB, antigo serviço secreto russo, Putin julgou o chefão da máfia poderoso demais, e passou a perseguir o bilionário, obrigando-o a pedir asilo político na Inglaterra. Quem também sofreu com a perseguição foi Roman Abramovich, empresário do ramo petrolífero, que construiu seu império de forma polêmica no final da URSS e que também tem ligações com Berezovsky.
Com uma fortuna de quase US$ 15 bilhões, Abramovich decidiu investir parte de suas riquezas no esporte. Em 2003, comprou o Chelsea, equipe do futebol inglês, que até então não tinha nenhuma tradição no cenário do futebol internacional. Com a entrada do russo e cerca de US$ 800 milhões, o clube se reforçou com contratações milionárias e passou a figurar entre os grandes campeões europeus. Semelhanças com a MSI e o Corinthians não são meras coincidências.
Além do futebol, Berezovsky queria participar das atividades de diversos setores da indústria nacional. Tentou comprar a Varig, participar das concorrências da Petrobrás, investir no alumínio e criar uma rede de comunicação no Brasil. Conseguiu apenas financiar o Corinthians à distância, pois quando tentou entrar no país ano passado, foi preso pela Polícia Federal. Como queria saber até onde iam as ligações políticas do russo, a PF decidiu soltá-lo.
Entre as ilegalidades cometidas no clube paulista, está o pagamento de alguns jogadores, feito do exterior. O meia Ricardinho recebeu cerca de US$ 1,1 milhão do estrangeiro, enquanto Carlos Alberto recebia metade do salário da Suíça. Maior contratação da história do futebol brasileiro, o argentino Carlitos Tevez custou ao "cofre corintiano" US$ 20 milhões. Desse montante, o Boca Junior recebeu US$ 14 milhões da Just Sports, empresa sediada nas Ilhas Virgens Britânicas, um paraíso fiscal.
Mas como todo caso de corrupção no Brasil (que é investigado), deve terminar em pizza. O Ministério Público Federal interrompeu o trabalho da PF, pedindo a prisão de quem não pode ser preso, Boris Berezovsky, e não pediu a prisão de quem pode (e deve) ser preso, Alberto Dualib. E a torcida alvinegra continua a cantar. "Fora Dualib, ladrão!"
Reportagem: Paulo Henrique amorim
"Fora Dualib, ladrão!" A revolta da torcida alvinegra é evidente, pedem a saída do presidente Alberto Dualib, que por 14 anos permaneceu à frente do Corinthians e há dois permitiu a venda parcial do clube para um grupo estrangeiro, a MSI. O início da parceria foi tranqüilo, craques foram contratados e o time conquistou o Brasileiro de 2005, um campeonato marcado pelo esquema de corrupção envolvendo o árbitro Edílson Pereira de Carvalho e lances polêmicos nas rodadas finais.
No ano seguinte, veio a Taça Libertadores, torneio de maior prestígio da América do Sul e que concede ao campeão uma vaga no Mundial, realizado no Japão. A equipe fazia uma boa campanha, classificou-se para a segunda fase, mas acabou eliminado pelo algoz River Plate, em pleno Pacaembu. Derrotas, vendas de jogadores e a saída de Kia Joorabchian, representante da MSI no país, culminaram em uma crise. O Corinthians passou a ser investigado devido às grandes quantias de dinheiro envolvendo o clube.
Apesar de representar a MSI e o próprio clube, o iraniano não passava de um fantoche. Quem estava por trás de tudo era o bilionário Boris Berezovsky, chefe da máfia russa. Procurado pela Interpol, organização policial internacional, Berezovsky tinha uma rede de tráfico de armas no Irá, cujo sócio era justamente o pai de Kia. Entre outras acusações está a lavagem de dinheiro, formação de quadrilha, associação ilícita, fraude comercial e fraude bancária
Em depoimento à Polícia Federal, Berezovsky afirmou que o Corinthians era apenas uma diversão, na qual ele investiu US$ 32 milhões. O objetivo era montar um império como o que ele montou na extinta União Soviética. Matemático de sucesso, Boris largou tudo para ser dono de uma revendedora de automóveis, protegido pela máfia. Inteligente, tornou-se maior que os mafiosos e passou a tratar diretamente com o governo, sendo o homem mais rico do país e dono de 20 grandes empresas.
"O poderoso chefão do Kremlin" foi o título que o jornalista norte-americano Paul Klebnikov deu ao seu livro, no qual revela como Boris Berezovsky virou a importante figura que é hoje. Pelo caminho, o mafioso teria sido o responsável pela morte de Vladislav Listyev, apresentador de TV e crítico do Estado russo, ocorrida em 1995. O livro não passou despercebido. Em julho de 2004, Klebnikov foi assassinado enquanto caminhava em Moscou.
A sorte de Boris mudou com a entrada de Vladimir Putin no poder. Ex-agente da KGB, antigo serviço secreto russo, Putin julgou o chefão da máfia poderoso demais, e passou a perseguir o bilionário, obrigando-o a pedir asilo político na Inglaterra. Quem também sofreu com a perseguição foi Roman Abramovich, empresário do ramo petrolífero, que construiu seu império de forma polêmica no final da URSS e que também tem ligações com Berezovsky.
Com uma fortuna de quase US$ 15 bilhões, Abramovich decidiu investir parte de suas riquezas no esporte. Em 2003, comprou o Chelsea, equipe do futebol inglês, que até então não tinha nenhuma tradição no cenário do futebol internacional. Com a entrada do russo e cerca de US$ 800 milhões, o clube se reforçou com contratações milionárias e passou a figurar entre os grandes campeões europeus. Semelhanças com a MSI e o Corinthians não são meras coincidências.
Além do futebol, Berezovsky queria participar das atividades de diversos setores da indústria nacional. Tentou comprar a Varig, participar das concorrências da Petrobrás, investir no alumínio e criar uma rede de comunicação no Brasil. Conseguiu apenas financiar o Corinthians à distância, pois quando tentou entrar no país ano passado, foi preso pela Polícia Federal. Como queria saber até onde iam as ligações políticas do russo, a PF decidiu soltá-lo.
Entre as ilegalidades cometidas no clube paulista, está o pagamento de alguns jogadores, feito do exterior. O meia Ricardinho recebeu cerca de US$ 1,1 milhão do estrangeiro, enquanto Carlos Alberto recebia metade do salário da Suíça. Maior contratação da história do futebol brasileiro, o argentino Carlitos Tevez custou ao "cofre corintiano" US$ 20 milhões. Desse montante, o Boca Junior recebeu US$ 14 milhões da Just Sports, empresa sediada nas Ilhas Virgens Britânicas, um paraíso fiscal.
Mas como todo caso de corrupção no Brasil (que é investigado), deve terminar em pizza. O Ministério Público Federal interrompeu o trabalho da PF, pedindo a prisão de quem não pode ser preso, Boris Berezovsky, e não pediu a prisão de quem pode (e deve) ser preso, Alberto Dualib. E a torcida alvinegra continua a cantar. "Fora Dualib, ladrão!"
o cartel de havana e a mafia russa.
O cartel de Havana e a máfia russa do Alfa Grupo
por Máximo Tomás em 09 de fevereiro de 2006
Resumo: Para garantir o futuro do regime comunista cubano, Havana reforça contatos com grupos econômicos internacionais.
Durante a recente visita de Fidel Castro, que foi planejada para que coincidisse com a do Ministro das Relações Exteriores da Rússia, Igor Ivanov – e de uma representação de executivos da Crown Resources AG, do consórcio russo Alfa Group -, deram os toques finais a um acordo que permitirá a Rússia e a Venezuela intercambiarem petróleo cru, de maneira a poder suprir “seus respectivos mercados”, enquanto que Cuba – que entra no trato com açúcar e a refinaria russa de Cienfuegos – garantiria seu petróleo mesmo no caso de uma mudança política na Venezuela.
O Trato – após negociações concretizadas entre os dias 22 e 23 de dezembro de 2003 – no qual participa a ditadura de Havana, permitiria à Rússia processar petróleo em uma refinaria petroleira (Oel BmbH) que é um investimento conjunto entre a Venezuela e a alemã Veba Oelen Gelsenkirchen, Ruhr, Alemanha, e que seria adquirida pelo consórcio russo Crown Resources AG, enquanto que Petróleos de Venezuela investiria na modernização de uma velha e antiquada refinaria da era soviética que Moscou começara a construir em Cuba durante a era soviética.
Como revela a jornalista venezuelana Marianella Sallazar, o atual vice-presidente da PDVSA, Aires Barreto, foi assessor e representante do Alfa Group no Canadá, até que foi chamado por Alí Rodríguez para reingressar na PDVSA.
Os termos secretos do acordo não se conhecem, porém, a troca de interesses venezuelanos na refinaria alemã pela semi-destruída e antiquada refinaria russa de Cuba, resulta a olhos vistos claramente desafortunado para os interesses da Venezuela – a quem custaria mais de 200 milhões de dólares tornar operativa a refinaria russa em Cienfuegos, Cuba – e muito conveniente para os herdeiros do poder em Cuba que assim garantiriam “seguranças” de abastecimento de petróleo, mesmo quando Chávez se visse forçado a deixar o poder. Ademais, Cuba solidifica uma vantajosa associação com a todo-poderosa Alfa Group.
Crown Resources AG é um dos consórcios do Mega-Globalista Império russo Alfa Group, que passaria a controlar os interesses que fossem da Venezuela na refinaria na Alemanha que mantém atualmente contratos de petróleo cru com a PDVSA. Cuba atua como intermediário ativo da transação.
Crown Resources AG é parte vital do vasto guarda-sol do Alfa Group, que tem-se constituído em um dos maiores conglomerados industriais e financeiros da Rússia, com importantes ativos no setor do petróleo – especialmente na quarta produtora russa do setor, Tyumen Oli Company –, no do banco – como o primeiro banco privado da Rússia, Alfa bank –, nas matérias primas, nos seguros e nas telecomunicações.
O fundador e presidente do Alfa Group é Mijail Fridman, que por sua vez é sócio do norte-americano Marc Rich, acusado pela procuradoria de Nova York de mais de 50 casos de fraude, comércio ilegal de petróleo com o Irã, e de fraude fiscal no valor de 48 milhões de dólares.
Rich, um dos mais generosos contribuintes às campanhas políticas de Clinton e seu amigo íntimo, provocou um escândalo nos Estados Unidos ao receber um dos perdões presidenciais na saída de Clinton da presidência. O perdão o eximiu de toda a possibilidade de ser jamais julgado pela meia centena de acusações que pesam contra ele. Rich pode ter sido uma das fontes econômicas de onde foram pagos os advogados que representaram o pai de Elián González, o balseirinho deportado à Cuba após uma operação para-militar sem precedentes em um caso desse tipo nos Estados Unidos.
Por sua parte, Fridman é considerado um dos doze maiores oligarcas russos. Aos seus 39 anos, a Forbes calcula sua fortuna em 210.000 bilhões de dólares, o que o coloca no novo posto da lista de maiores fortunas de pessoas menores de 40 anos.
Segundo o espanhol Diario Basco, o começo de Fridman se desenvolveu no comércio de açúcar, chá e cigarros, de onde passou ao comércio de petróleo e derivados. No início dos anos noventa Fridman importava açúcar da China, porém também se alega que estava envolvido no tráfico de drogas. Amigo pessoal dos presidentes russos Yeltsin e Putin, Fridman é Vice-presidente do Congresso Judeu da Rússia, do qual é presidente Vladmir Gusinsky, conhecido por ser o dono de um império de meios de comunicação, porém que também é um dos que movem os cordéis da indústria petroleira russa.
Todavia, afirmam-se que as relações de Fridman com o Kremlin são infinitamente melhores que as de Gusinsky. Ter sido companheiro de universidade e estabelecido uma forte amizade com Vladislav Surkov, a mão direita de Putin, é a melhor credencial para as relações de Fridman com a administração.
Segundo uma importante reportagem investigativa de Libertad Digital, Fridman, “para proteger seu negócio, colaborava como dedo-duro da Polícia. Seu dom de compartilhar os benefícios com policiais e políticos, lhe permitiu seguir adiante no ambiente de corrupção total que vive a Rússia. Suas empresas formam uma teia de aranha que cobre o mundo inteiro”.
Afirma-se que, com freqüência, Fridman realiza seus negócios petroleiros através de paraísos fiscais, onde tem inúmeras empresas fantasmas, dedicadas à lavagem de dinheiro. Entre esses paraísos fiscais está Cuba.
Certamente, o único princípio que reina no Alfa Group é “quanto mais dinheiro, melhor”, segundo informa Victor A. Cheretski, citado por Libertad Digital. Por isso só freta barcos das companhias mais duvidosas e sem escrúpulos, como o “Prestige”. A segurança não importa; o que importa é “poupar” algum dinheiro. Como Crown Resources AG dedica-se entre outras coisas à venda de produtos petroleiros de baixa qualidade, o “Prestige” carregou o fuel oil da Letônia e pôs rumo a Gibraltar.
Os associados de Fridman na Junta de Diretores do Alfa Group são Rodney Chase, Primeiro Conselheiro do Gerente Geral do BP, Len Blavatnik, Presidente da Junta de Diretores da Access Industries, Viktor Vekselberg, Presidente da Junta de Diretores da Renova e o principal executivo da TNK, Brian Gilvary, vice-presidente do BP para refinamento de petróleo, Andy Inglis, vice-presidente de extração de petróleo do BP, Alex Knaster, Gerente Geral do Alfa Bank, Tony Hayward, Gerente Principal do BP na Divisão de Extração Petroleira e Produção do BP e Patrick Chapman, Tesoureiro do BP.
A transcendência desta aliança econômica de Cuba com o império Mega-Global do Alfa Group é inimaginável e as conseqüências para a América Latina poderão ser incalculáveis.
A grande estratégia do Cartel Mafioso de Havana é, primeiramente, assegurar-se de solidificar seus vínculos com poderosíssimos aliados no Grande Jogo da política e economia global, aliados que garantam uma “transição” dentro de Cuba nos termos e interesses do “establishment” atual na Ilha. O movimento que uniria os herdeiros do poder político em Cuba para investidores russo-estadunidenses, debilitaria enormemente a influência dos investidores europeus em Cuba e reduziria a capacidade de manobras e suas pressões.
A fórmula dos globalistas europeus e da Chancelaria espanhola, o Vaticano, alguns setores políticos dos Estados Unidos e as Internacionais européias, da transição com os fatores civis e tecnocráticos do poder – Lage e seu aliado de ocasião, o Comandante da Revolução Ramiro Valdéz Menéndez –, e casada com o projeto de transição cuja figura visível é Oswaldo Payá, não é favorecida pelo Cartel de Havana.
A aliança com os Mega-Globalistas mafiosos russos e seus colegas americanos – Rich e outros clintonianos da esquerda neo-colonial – dará ao Clã Castro independência para levar a cabo sua própria versão da transição cubana: total controle em um ambiente político de capitalismo de estado tipo o chinês. A “democratização” tal e como se concebe no Ocidente e o dar espaço a “opositores” quer sejam domesticados, negociáveis ou genuínos, não é um fator que resulte aceitável. O Cartel de Havana crê que a democracia pode esperar umas quantas gerações mais, como sempre acreditou a liderança chinesa.
O coração econômico do Cartel de Havana é o Grupo de Administração Empresarial, GAESA, sob a mão de ferro do Clã Castro e um grupo de generais e militares apegados à família governante. O GAESA, com sua recente aquisição hostil de Cubanacán – com 40% do total dos ingressos de Cuba por motivo do turismo – dispõe e controla entre 75% a 85% dos lucros gerados pela indústria turística (1). O GAESA, sob cuja proteção encontra-se o conglomerado mais importante dos neo-capitalistas castristas, tem como Presidente de sua Junta de Diretores o General de Divisão Julio Casas Regueiro e como seu Diretor Executivo, o Major Luis Alberto Rodríguez López-Callejas (2), casado com a filha mais velha de Raúl Castro, Deborah Castro Espín.
O golpe contra Cubanacán era um imperativo estratégico do Cartel Mafioso de Havana, e o momento político-econômico era oportuno. Cubanacán era o único empório civil com um controle significativo sobre uma parte chave da economia cubana, economia cujas únicas indústrias rentáveis são a lavagem de dinheiro, o turismo e as remessas dos 2 milhões dos outrora inimigos “gusanos”, expatriados e exilados. Além disso, Cubanacán aspirava a realizar investimentos no campo da indústria petroleira e possuía importantes aliados políticos na cúpula civil-tecnocratica que compete dentro do poder para controlar o processo sucessório em Cuba.
Os herdeiros do poder de Castro podem não estar tão interessados em “libertar” a América Latina, como fideicomissá-la aos Globalistas Russos e seus associados, à maneira de uma espécie de Mega-Plantação proletária terceiromundista, cujas riquezas são incalculáveis e cuja força barata de mão-de-obra escrava poderia ser muito bem regida através de regimes “populistas”, com aparelhos de segurança estatal de corte totalitário, cuja vasta experiência em controle populacional permitiria anular todo protesto ou rebeldia e converter em inexistente a sempre presente ameaça de setores sindicais vigorosos. A experiência cubana é a sua melhor carta.
por Máximo Tomás em 09 de fevereiro de 2006
Resumo: Para garantir o futuro do regime comunista cubano, Havana reforça contatos com grupos econômicos internacionais.
Durante a recente visita de Fidel Castro, que foi planejada para que coincidisse com a do Ministro das Relações Exteriores da Rússia, Igor Ivanov – e de uma representação de executivos da Crown Resources AG, do consórcio russo Alfa Group -, deram os toques finais a um acordo que permitirá a Rússia e a Venezuela intercambiarem petróleo cru, de maneira a poder suprir “seus respectivos mercados”, enquanto que Cuba – que entra no trato com açúcar e a refinaria russa de Cienfuegos – garantiria seu petróleo mesmo no caso de uma mudança política na Venezuela.
O Trato – após negociações concretizadas entre os dias 22 e 23 de dezembro de 2003 – no qual participa a ditadura de Havana, permitiria à Rússia processar petróleo em uma refinaria petroleira (Oel BmbH) que é um investimento conjunto entre a Venezuela e a alemã Veba Oelen Gelsenkirchen, Ruhr, Alemanha, e que seria adquirida pelo consórcio russo Crown Resources AG, enquanto que Petróleos de Venezuela investiria na modernização de uma velha e antiquada refinaria da era soviética que Moscou começara a construir em Cuba durante a era soviética.
Como revela a jornalista venezuelana Marianella Sallazar, o atual vice-presidente da PDVSA, Aires Barreto, foi assessor e representante do Alfa Group no Canadá, até que foi chamado por Alí Rodríguez para reingressar na PDVSA.
Os termos secretos do acordo não se conhecem, porém, a troca de interesses venezuelanos na refinaria alemã pela semi-destruída e antiquada refinaria russa de Cuba, resulta a olhos vistos claramente desafortunado para os interesses da Venezuela – a quem custaria mais de 200 milhões de dólares tornar operativa a refinaria russa em Cienfuegos, Cuba – e muito conveniente para os herdeiros do poder em Cuba que assim garantiriam “seguranças” de abastecimento de petróleo, mesmo quando Chávez se visse forçado a deixar o poder. Ademais, Cuba solidifica uma vantajosa associação com a todo-poderosa Alfa Group.
Crown Resources AG é um dos consórcios do Mega-Globalista Império russo Alfa Group, que passaria a controlar os interesses que fossem da Venezuela na refinaria na Alemanha que mantém atualmente contratos de petróleo cru com a PDVSA. Cuba atua como intermediário ativo da transação.
Crown Resources AG é parte vital do vasto guarda-sol do Alfa Group, que tem-se constituído em um dos maiores conglomerados industriais e financeiros da Rússia, com importantes ativos no setor do petróleo – especialmente na quarta produtora russa do setor, Tyumen Oli Company –, no do banco – como o primeiro banco privado da Rússia, Alfa bank –, nas matérias primas, nos seguros e nas telecomunicações.
O fundador e presidente do Alfa Group é Mijail Fridman, que por sua vez é sócio do norte-americano Marc Rich, acusado pela procuradoria de Nova York de mais de 50 casos de fraude, comércio ilegal de petróleo com o Irã, e de fraude fiscal no valor de 48 milhões de dólares.
Rich, um dos mais generosos contribuintes às campanhas políticas de Clinton e seu amigo íntimo, provocou um escândalo nos Estados Unidos ao receber um dos perdões presidenciais na saída de Clinton da presidência. O perdão o eximiu de toda a possibilidade de ser jamais julgado pela meia centena de acusações que pesam contra ele. Rich pode ter sido uma das fontes econômicas de onde foram pagos os advogados que representaram o pai de Elián González, o balseirinho deportado à Cuba após uma operação para-militar sem precedentes em um caso desse tipo nos Estados Unidos.
Por sua parte, Fridman é considerado um dos doze maiores oligarcas russos. Aos seus 39 anos, a Forbes calcula sua fortuna em 210.000 bilhões de dólares, o que o coloca no novo posto da lista de maiores fortunas de pessoas menores de 40 anos.
Segundo o espanhol Diario Basco, o começo de Fridman se desenvolveu no comércio de açúcar, chá e cigarros, de onde passou ao comércio de petróleo e derivados. No início dos anos noventa Fridman importava açúcar da China, porém também se alega que estava envolvido no tráfico de drogas. Amigo pessoal dos presidentes russos Yeltsin e Putin, Fridman é Vice-presidente do Congresso Judeu da Rússia, do qual é presidente Vladmir Gusinsky, conhecido por ser o dono de um império de meios de comunicação, porém que também é um dos que movem os cordéis da indústria petroleira russa.
Todavia, afirmam-se que as relações de Fridman com o Kremlin são infinitamente melhores que as de Gusinsky. Ter sido companheiro de universidade e estabelecido uma forte amizade com Vladislav Surkov, a mão direita de Putin, é a melhor credencial para as relações de Fridman com a administração.
Segundo uma importante reportagem investigativa de Libertad Digital, Fridman, “para proteger seu negócio, colaborava como dedo-duro da Polícia. Seu dom de compartilhar os benefícios com policiais e políticos, lhe permitiu seguir adiante no ambiente de corrupção total que vive a Rússia. Suas empresas formam uma teia de aranha que cobre o mundo inteiro”.
Afirma-se que, com freqüência, Fridman realiza seus negócios petroleiros através de paraísos fiscais, onde tem inúmeras empresas fantasmas, dedicadas à lavagem de dinheiro. Entre esses paraísos fiscais está Cuba.
Certamente, o único princípio que reina no Alfa Group é “quanto mais dinheiro, melhor”, segundo informa Victor A. Cheretski, citado por Libertad Digital. Por isso só freta barcos das companhias mais duvidosas e sem escrúpulos, como o “Prestige”. A segurança não importa; o que importa é “poupar” algum dinheiro. Como Crown Resources AG dedica-se entre outras coisas à venda de produtos petroleiros de baixa qualidade, o “Prestige” carregou o fuel oil da Letônia e pôs rumo a Gibraltar.
Os associados de Fridman na Junta de Diretores do Alfa Group são Rodney Chase, Primeiro Conselheiro do Gerente Geral do BP, Len Blavatnik, Presidente da Junta de Diretores da Access Industries, Viktor Vekselberg, Presidente da Junta de Diretores da Renova e o principal executivo da TNK, Brian Gilvary, vice-presidente do BP para refinamento de petróleo, Andy Inglis, vice-presidente de extração de petróleo do BP, Alex Knaster, Gerente Geral do Alfa Bank, Tony Hayward, Gerente Principal do BP na Divisão de Extração Petroleira e Produção do BP e Patrick Chapman, Tesoureiro do BP.
A transcendência desta aliança econômica de Cuba com o império Mega-Global do Alfa Group é inimaginável e as conseqüências para a América Latina poderão ser incalculáveis.
A grande estratégia do Cartel Mafioso de Havana é, primeiramente, assegurar-se de solidificar seus vínculos com poderosíssimos aliados no Grande Jogo da política e economia global, aliados que garantam uma “transição” dentro de Cuba nos termos e interesses do “establishment” atual na Ilha. O movimento que uniria os herdeiros do poder político em Cuba para investidores russo-estadunidenses, debilitaria enormemente a influência dos investidores europeus em Cuba e reduziria a capacidade de manobras e suas pressões.
A fórmula dos globalistas europeus e da Chancelaria espanhola, o Vaticano, alguns setores políticos dos Estados Unidos e as Internacionais européias, da transição com os fatores civis e tecnocráticos do poder – Lage e seu aliado de ocasião, o Comandante da Revolução Ramiro Valdéz Menéndez –, e casada com o projeto de transição cuja figura visível é Oswaldo Payá, não é favorecida pelo Cartel de Havana.
A aliança com os Mega-Globalistas mafiosos russos e seus colegas americanos – Rich e outros clintonianos da esquerda neo-colonial – dará ao Clã Castro independência para levar a cabo sua própria versão da transição cubana: total controle em um ambiente político de capitalismo de estado tipo o chinês. A “democratização” tal e como se concebe no Ocidente e o dar espaço a “opositores” quer sejam domesticados, negociáveis ou genuínos, não é um fator que resulte aceitável. O Cartel de Havana crê que a democracia pode esperar umas quantas gerações mais, como sempre acreditou a liderança chinesa.
O coração econômico do Cartel de Havana é o Grupo de Administração Empresarial, GAESA, sob a mão de ferro do Clã Castro e um grupo de generais e militares apegados à família governante. O GAESA, com sua recente aquisição hostil de Cubanacán – com 40% do total dos ingressos de Cuba por motivo do turismo – dispõe e controla entre 75% a 85% dos lucros gerados pela indústria turística (1). O GAESA, sob cuja proteção encontra-se o conglomerado mais importante dos neo-capitalistas castristas, tem como Presidente de sua Junta de Diretores o General de Divisão Julio Casas Regueiro e como seu Diretor Executivo, o Major Luis Alberto Rodríguez López-Callejas (2), casado com a filha mais velha de Raúl Castro, Deborah Castro Espín.
O golpe contra Cubanacán era um imperativo estratégico do Cartel Mafioso de Havana, e o momento político-econômico era oportuno. Cubanacán era o único empório civil com um controle significativo sobre uma parte chave da economia cubana, economia cujas únicas indústrias rentáveis são a lavagem de dinheiro, o turismo e as remessas dos 2 milhões dos outrora inimigos “gusanos”, expatriados e exilados. Além disso, Cubanacán aspirava a realizar investimentos no campo da indústria petroleira e possuía importantes aliados políticos na cúpula civil-tecnocratica que compete dentro do poder para controlar o processo sucessório em Cuba.
Os herdeiros do poder de Castro podem não estar tão interessados em “libertar” a América Latina, como fideicomissá-la aos Globalistas Russos e seus associados, à maneira de uma espécie de Mega-Plantação proletária terceiromundista, cujas riquezas são incalculáveis e cuja força barata de mão-de-obra escrava poderia ser muito bem regida através de regimes “populistas”, com aparelhos de segurança estatal de corte totalitário, cuja vasta experiência em controle populacional permitiria anular todo protesto ou rebeldia e converter em inexistente a sempre presente ameaça de setores sindicais vigorosos. A experiência cubana é a sua melhor carta.
segunda-feira, 10 de setembro de 2007
O Caso das Camisetas Roubadas
A CPI do PC, investigando os casos de negócios ilícitos na República das Bananas, acabou encontrando vestígios da máfia siciliana, envolvidas em um caso de lavagem de dólares. Os dólares eram lavados em lavadoras automáticas em uma lavanderia na Pajuçara, e eram disfarçadas de camisas comuns. Nosso agente especial Sam Spade (nome falso) encontrou provas conclusivas junto com Romeu Tuma, de que uma quadrilha rival do cartel de Meddelín contrabandeava drogas nestas mesmas camisas. Esta investigação levou nosso outro agente Hercule Poirot (nome falso, seu nome verdadeiro é Miss Marple) ao Japão, verificando uma acusação que dizia que as camisas teriam sido usadas por inescrupulosos muambeiros argentinos, que as usavam para trazer componentes eletrônicos. Mas o que está tirando o sono de todos na FBI, CIA, Scotland Yard, Interpol, no Partido Verde e na quitanta do seu Manuel é o mistério: Quem roubou as duas camisas do Grêmio Estudantil da ETFAL ?
Leilão da Máfia
Barras de ouro e jóias no valor de US$ 100 milhões apreendidos na época da prisão do mafioso Toto Riina, em 1993, condenado a prisão perpétua, serão leiloadas em breve. Riina, chefão da máfia siciliana, é considerado o mentor do assassinato em 1992 dos dois juízes anti-máfia Giovanni Falcone e Paolo Borsalino. O total de peças tem um valor superior aos US$ 250 mil, mas os peritos consideram que no arremate final será obtido o triplo do valor. Os fundos arrecadados serão devolvidos por meio do Ministério da Justiça às vítimas da criminalidade organizada. (Ansa).
o parlamento mais suspeito da italia
Nova legislatura bate recorde em número de senadores e deputados investigados ou condenados, a começar pelo premier
ARAUJO NETTO - Correspondente
ROMA - Iniciada há menos de dois meses, a 14ª legislatura do parlamento italiano parece estar querendo um registro no Guiness, o catálogo dos recordes mundiais criado há 47 anos por uma fábrica de cerveja inglesa. Constatação que justificou uma reação de perplexidade de alguns dos mais importantes jornais do país, que não vêem razões para festejar os 29 deputados nacionais e 15 senadores que, eleitos a 13 de maio deste ano, são responsáveis por um primado nada invejável da democracia italiana.
Esses 44 parlamentares (de um total de 945), incluindo o primeiro- ministro Silvio Berlusconi, são acusados, investigados, processados, alguns até já condenados por crimes da maior gravidade - desde a prática de corrupção, fraudes, falsificações várias, bancarrota fraudulenta até os de associação com as mais poderosas máfias da Sicília, da Campânia e da Calábria. Não estão na conta outros deputados e senadores suspeitos ou condenados por crimes menores, como difamação e emissão de cheques sem fundos.
Nem o argumento de que as legislaturas de 10 anos atrás (1990/92) apresentaram um número maior de parlamentares investigados e processados pode evitar que a presença de uma bancada de 44 parlamentares respondendo a inquéritos e processos confira ao atual parlamento italiano um recorde humilhante.
Dez anos atrás, as duas casas do parlamento de Roma chegaram a abrigar quase uma centena de senadores, deputados, ministros e líderes partidários que, depois de eleitos, foram acusados, investigados e processados pelos magistrados da célebre Operação Mãos Limpas. Mas nenhum deles era suspeito, acusado e incriminado já ao início da legislatura, como os 44 atuais.
Nenhum dos anteriores fez, durante a campanha eleitoral, uma afirmação pública igual àquela do siciliano Marcelo DellUtri, reeleito deputado por um colégio de Milão: ''Sou candidato por legítima defesa: para me defender de novos processos e condenações''. Em outras palavras, para ser protegido, pela imunidade parlamentar, de novos processos de corrupção, fraudes fiscais e colaboração com associação mafiosa. Em Milão, Madri e Palermo continuam rolando processos contra ele, que sempre foi um dos bons amigos, sócios e conselheiros do atual primeiro-ministro Silvio Berlusconi.
A importância da atual bancada de senadores e deputados italianos sub judice não se reconhece apenas por seu valor numérico. Mais importante do que a sua quantidade é a sua qualidade política. Dos 44 parlamentares com contas a prestar à Justiça, só dois pertencem à coalizão oposicionista de centro-esquerda. Os demais 42 são todos membros ilustres da maioria que apóia o governo de direita, chefiado pelo cavaliere Silvio Berlusconi.
Um líder que, talvez por coerência ou para dar o bom exemplo, além de encontrar uma solução para o gritante conflito de interesses entre o mega-empresário, proprietário de um império de multimídia e o primeiro ministro que fará o que bem entender com as três redes estatais de televisão e as três de rádio, deve responder ainda a quatro processos penais dos mais escabrosos, por falsificação de balanços, fraudes fiscais, desrespeito da lei anti-truste e corrupção de juízes.
No atual governo,o deputado e líder Berlusconi não é um caso isolado. Fazem-lhe companhia o ministro das Reformas e líder da separatista Liga Norte, Umberto Bossi; o ministro do Trabalho e vice-líder da Liga Norte, Roberto Maroni; e o vice- ministro dos Bens Culturais, Vittorio Sgarbi. Todos figuras populares e candidatos bem votados nas últimas eleições vencidas pelos partidos da Casa da Liberdade, a coalizão de direita que hoje governa a Itália. Trata-se de políticos que, em muitos casos, fizeram questão de manter por perto os hábeis, competentes e custosos advogados que os defenderam em processos a que já responderam e aos que ainda devem responder. Advogados e professores de direito penal como Carlo Taormina e Gaetano Pecorella - eleitos pela primeira vez para a Câmara -, que, pela competência demonstrada como defensores de Berlusconi, mereceram também um posto de vice-ministro do Interior e de membro da Comissão de Justiça.
Funções que não os impede de continuar atendendo seus mais antigos clientes, como terça-feira passada aconteceu com o professor Taormina, que com a maior solicitude respondeu de seu gabinete no Ministério do Interior a um telefonema de um empresário napolitano preso por fraude e participação numa quadrilha de bandidos, para instruí-lo sobre como proceder diante dos policiais e dos magistrados.
Os problemas de Berlusconi
ROMA - O personagem mais importante do elenco dos 44 membros do atual parlamento italiano investigados, processados ou condenados pela Justiça é o primeiro-ministro Silvio Berlusconi, o homem mais rico e o parlamentar mais votado da Itália. Nos anos 90, quando era apenas um bem-sucedido empresário milanês, depois de ter sido condenado por mentir perante a Corte de Veneza ao negar sua filiação à Loja Maçônica P.2, que tentou esvaziar o governo e as instituições da república italiana, Berlusconi tornou-se um assíduo freqüentador dos tribunais.
Berlusconi foi condenado em primeira instância em três processos por corrupção, financiamento ilegal de políticos e irregularidades fiscais. Graças a seus hábeis advogados, as penas foram anuladas, a maior parte por prescrição dos crimes.
Atualmente, o primeiro-ministro deve ser julgado por corrupção em atos judiciais, por falsificação de balanços e por envolvimento com a máfia siciliana, em processos em curso na Itália, e por fraudes fiscais e violação da lei anti-truste da Espanha, em processo instruído pelo juiz Baltasar Garzón.
Entre outros parlamentares investigados e processados está o deputado da Força Itália Massimo Berruti, que nos anos 90 passou a trabalhar na campanha do partido de Berlusconi na Sicilia e é acusado de participar da lavagem de dinheiro do narcotráfico operado pela máfia.
O ministro das Reformas, deputado Umberto Bossi, por sua vez, já foi condenado a oito meses de prisão por ter-se deixado corromper por uma grande empresa. Sentença que não cumpriu, por aceitar devolver a quantia e pagar uma multa. Aot reeleger-se deputado pela Liga Norte, Bossi respondia a dezenas de processos. (A.N.)
ARAUJO NETTO - Correspondente
ROMA - Iniciada há menos de dois meses, a 14ª legislatura do parlamento italiano parece estar querendo um registro no Guiness, o catálogo dos recordes mundiais criado há 47 anos por uma fábrica de cerveja inglesa. Constatação que justificou uma reação de perplexidade de alguns dos mais importantes jornais do país, que não vêem razões para festejar os 29 deputados nacionais e 15 senadores que, eleitos a 13 de maio deste ano, são responsáveis por um primado nada invejável da democracia italiana.
Esses 44 parlamentares (de um total de 945), incluindo o primeiro- ministro Silvio Berlusconi, são acusados, investigados, processados, alguns até já condenados por crimes da maior gravidade - desde a prática de corrupção, fraudes, falsificações várias, bancarrota fraudulenta até os de associação com as mais poderosas máfias da Sicília, da Campânia e da Calábria. Não estão na conta outros deputados e senadores suspeitos ou condenados por crimes menores, como difamação e emissão de cheques sem fundos.
Nem o argumento de que as legislaturas de 10 anos atrás (1990/92) apresentaram um número maior de parlamentares investigados e processados pode evitar que a presença de uma bancada de 44 parlamentares respondendo a inquéritos e processos confira ao atual parlamento italiano um recorde humilhante.
Dez anos atrás, as duas casas do parlamento de Roma chegaram a abrigar quase uma centena de senadores, deputados, ministros e líderes partidários que, depois de eleitos, foram acusados, investigados e processados pelos magistrados da célebre Operação Mãos Limpas. Mas nenhum deles era suspeito, acusado e incriminado já ao início da legislatura, como os 44 atuais.
Nenhum dos anteriores fez, durante a campanha eleitoral, uma afirmação pública igual àquela do siciliano Marcelo DellUtri, reeleito deputado por um colégio de Milão: ''Sou candidato por legítima defesa: para me defender de novos processos e condenações''. Em outras palavras, para ser protegido, pela imunidade parlamentar, de novos processos de corrupção, fraudes fiscais e colaboração com associação mafiosa. Em Milão, Madri e Palermo continuam rolando processos contra ele, que sempre foi um dos bons amigos, sócios e conselheiros do atual primeiro-ministro Silvio Berlusconi.
A importância da atual bancada de senadores e deputados italianos sub judice não se reconhece apenas por seu valor numérico. Mais importante do que a sua quantidade é a sua qualidade política. Dos 44 parlamentares com contas a prestar à Justiça, só dois pertencem à coalizão oposicionista de centro-esquerda. Os demais 42 são todos membros ilustres da maioria que apóia o governo de direita, chefiado pelo cavaliere Silvio Berlusconi.
Um líder que, talvez por coerência ou para dar o bom exemplo, além de encontrar uma solução para o gritante conflito de interesses entre o mega-empresário, proprietário de um império de multimídia e o primeiro ministro que fará o que bem entender com as três redes estatais de televisão e as três de rádio, deve responder ainda a quatro processos penais dos mais escabrosos, por falsificação de balanços, fraudes fiscais, desrespeito da lei anti-truste e corrupção de juízes.
No atual governo,o deputado e líder Berlusconi não é um caso isolado. Fazem-lhe companhia o ministro das Reformas e líder da separatista Liga Norte, Umberto Bossi; o ministro do Trabalho e vice-líder da Liga Norte, Roberto Maroni; e o vice- ministro dos Bens Culturais, Vittorio Sgarbi. Todos figuras populares e candidatos bem votados nas últimas eleições vencidas pelos partidos da Casa da Liberdade, a coalizão de direita que hoje governa a Itália. Trata-se de políticos que, em muitos casos, fizeram questão de manter por perto os hábeis, competentes e custosos advogados que os defenderam em processos a que já responderam e aos que ainda devem responder. Advogados e professores de direito penal como Carlo Taormina e Gaetano Pecorella - eleitos pela primeira vez para a Câmara -, que, pela competência demonstrada como defensores de Berlusconi, mereceram também um posto de vice-ministro do Interior e de membro da Comissão de Justiça.
Funções que não os impede de continuar atendendo seus mais antigos clientes, como terça-feira passada aconteceu com o professor Taormina, que com a maior solicitude respondeu de seu gabinete no Ministério do Interior a um telefonema de um empresário napolitano preso por fraude e participação numa quadrilha de bandidos, para instruí-lo sobre como proceder diante dos policiais e dos magistrados.
Os problemas de Berlusconi
ROMA - O personagem mais importante do elenco dos 44 membros do atual parlamento italiano investigados, processados ou condenados pela Justiça é o primeiro-ministro Silvio Berlusconi, o homem mais rico e o parlamentar mais votado da Itália. Nos anos 90, quando era apenas um bem-sucedido empresário milanês, depois de ter sido condenado por mentir perante a Corte de Veneza ao negar sua filiação à Loja Maçônica P.2, que tentou esvaziar o governo e as instituições da república italiana, Berlusconi tornou-se um assíduo freqüentador dos tribunais.
Berlusconi foi condenado em primeira instância em três processos por corrupção, financiamento ilegal de políticos e irregularidades fiscais. Graças a seus hábeis advogados, as penas foram anuladas, a maior parte por prescrição dos crimes.
Atualmente, o primeiro-ministro deve ser julgado por corrupção em atos judiciais, por falsificação de balanços e por envolvimento com a máfia siciliana, em processos em curso na Itália, e por fraudes fiscais e violação da lei anti-truste da Espanha, em processo instruído pelo juiz Baltasar Garzón.
Entre outros parlamentares investigados e processados está o deputado da Força Itália Massimo Berruti, que nos anos 90 passou a trabalhar na campanha do partido de Berlusconi na Sicilia e é acusado de participar da lavagem de dinheiro do narcotráfico operado pela máfia.
O ministro das Reformas, deputado Umberto Bossi, por sua vez, já foi condenado a oito meses de prisão por ter-se deixado corromper por uma grande empresa. Sentença que não cumpriu, por aceitar devolver a quantia e pagar uma multa. Aot reeleger-se deputado pela Liga Norte, Bossi respondia a dezenas de processos. (A.N.)
as confinção de buscetta
As confissões de Tommaso Buscetta
Pino Arlacchi
Editora Ática – http://www.atica.com.br
A história recente italiana teve alguns aspectos emblemáticos de interesse universal. Todos ouviram falar da luta à corrupção generalizada, dos juizes da operação Mãos Limpas, dos juízes- mártires do pool anti-máfia, do fenômeno dos "pentiti" (arrependidos ou colaboradores da justiça) que permitiram iluminar finalmente mistérios de crimes que pareciam insolúveis. No livro "ADEUS À MÁFIA" - As Confissões de Tommaso Buscetta", de Pino Arlacchi (Editora Ática), juntam-se duas personagens fundamentais, Buscetta, o primeiro "pentito", e o sociólogo e ex-senador Pino Arlacchi, um dos maiores especialistas internacionais em criminalidade organizada, desde setembro passado vice-secretário geral da O.N.U., com a missão extraordinária de lutar contra o crime transnacional, o narcotráfico, o terrorismo e a lavagem de dinheiro. Eles representam as forças que talvez, pela primeira vez no mundo, estejam colocando em cheque o crime organizado. O livro é um relato em forma autobiográfica, resultado de entrevistas feitas pelo autor com Buscetta e do estudo dos testemunhos dele perante as autoridades judiciais. Cheio de detalhes, é escrito em primeira pessoa, unicamente - explica o próprio autor - como forma de tornar mais viva e imediata a narração. Não é uma obra maniqueísta, o bem contra o mal, mas é uma cortina que se abre num mundo que todos sentem existir, sem poder entender. Numa viagem extraordinária pelos meandros da Cosa Nostra - Máfia Siciliana - e suas ramificações internacionais, Tommaso Buscetta, o primeiro mafioso pentito, conta sua peculiar aventura humana neste mundo ultra secreto, que pareceria ficção se não fosse, infelizmente e comprovadamente, bem real. Ele descreve minuciosamente a trajetória que o conduziu à maior organização criminosa do mundo, como se tornou um dos seus principais líderes e porque resolveu denunciá-la. Regida pela lei do silêncio, a Máfia sofreu um forte abalo quando Tommaso Buscetta, integrante de sua cúpula, decidiu em 1994, após ter sido deportado do Brasil, onde estava foragido, colaborar com a justiça italiana, na pessoa do juiz Giovanni Falcone.
Um homem complexo, interessante e (seria correto afirmar isto ?) até simpático, surge das páginas de ADEUS À MÁFIA". Trata-se da exposição das idéias, das experiências e dos fatos relevantes na vida de um dos maiores mafiosos atuais. Tommaso Buscetta não se considera um "pentito" porque na verdade não está nem um pouco arrependido. Talvez sua única grandeza esteja exatamente nisso. A arrogância de suas convicções de verdadeiro uomo d’onore , como se apelidam os mafiosos da Cosa Nostra, no seio da Máfia antes e perseguido por ela após sua delação e colaboração com a justiça italiana. Diz ele:
- Eu falei e continuarei falando... não porque esteja "pentito", essa é uma palavra que sempre me incomodou e que ainda hoje me dá raiva... De que teria de me arrepender ?
Reneguei, desconheci uma instituição na qual eu acreditava e que servi com lealdade e sem interesse próprio... Não me arrependi de nada. O arrependimento implica em pedido de perdão. Não pedi perdão a ninguém... Sou um homem velho e atormentado... Dei-me conta do ponto a que chegou a Máfia e por isso decidi ajudar a justiça a derrubá-la... Mudei minha mentalidade em várias coisas, mas minha personalidade é a mesma... Não acredito que fiz tudo errado. Acho que muitas atitudes e idéias de Cosa Nostra, nas quais eu acreditava são ainda válidas, validíssimas.
Em poucas palavras, neste livro, Tommaso Buscetta reafirmou uma grande verdade: uma vez mafioso, sempre mafioso. O que o moveu a falar foi a necessidade de vendetta - vingança, contra seus antigos amigos e companheiros que o haviam traído. As guerras entre as famílias mafiosas estavam se tornando cada vez mais cruéis e sangrentas, com o advento do tráfico de drogas, enormes ganhos e ligações políticas. Buscetta resolveu ser mais inteligente que seus inimigos e quebrar, pela primeira vez na história da Cosa Nostra, a lei do silêncio - omertá, tentando destruir de forma mais refinada a nova Máfia que tinha tomado o lugar da antiga, e sua constituição hierárquica.
- Se me acho mais inteligente que meus inimigos é porque também sei controlar meus impulsos ferinos... Em vez de isso, resolvi colaborar com as autoridades. De assassino em potencial, transformei-me em acusador, em testemunha de acontecimentos trágicos... as pessoas que poderia matar com minhas próprias mãos foram punidas pela Lei escrita.
Nascido em Palermo em 1928, caçula de 17 filhos, cresceu na atmosfera romântica e severa da velha Máfia. A infância numa família honesta, os contatos iniciais com o crime enquanto ainda menino, a percepção do poder mafioso que não representava somente o dinheiro, seus primeiros passos como traficante, os assassinatos. As viagens constantes, a vida na Argentinas, México, Canadá, Estados Unidos. Os dois períodos felizes vividos no Brasil. Muitas amantes, desafiando com isto a ética mafiosa. Três casamentos, sendo que o primeiro e o segundo, se constituíram numa bigamia. Por fim o terceiro e último, desta vez regularizado e por sinal com uma brasileira, Cristina, até hoje com ele. O amor pela família, pelos filhos (dois destes mortos pela Máfia juntamente com um irmão e muitos outros parentes). A dor. A busca constante de liberdade e dignidade. A fé em Deus.
Um livro ambíguo, um documento antropológico e humano importantíssimo. Um homem que passa da honra à desonra, da verdade à mentira com uma dualidade desconcertante. Como traduzir a linguagem coloquial cheia de modismos e vernáculos de uma língua para outra ? Nisto reside o talento do tradutor, plenamente conseguido nesta obra de outra forma complicada. Para facilitar ainda mais a compreensão do texto, há oportunas notas de rodapé explicando fatos e palavras.
Cabe ao leitor extrair deste verdadeiro registro lingüístico e comunicativo de um uomo d ‘onore, suas próprias conclusões. Além de empreender uma caminhada complexa pelos mecanismos secretos dos crimes de maior repercussão da história recente, o leitor estará se embrenhando numa forma de ser e pensar que alcança raízes antigas, praticamente medievais e passa ao mundo moderno pelo qual o protagonista (e talvez não somente ele) se demonstra despreparado. A solidão ontológica do homem, o caos do mundo contemporâneo em sua mudança exponencial, não são somente prerrogativas que alteram e perturbam sociedades arcaicas como a Cosa Nostra italiana com seus dinossauros ainda bem vivos, mas uma constante nos agrupamentos humanos que se acotovelam desde sempre em todos os países e sociedades, inclusive no Brasil, até os nossos dias.
Preso no Brasil em 1984, Tommaso Buscetta vive hoje nos Estados Unidos, escondido e protegido pelo F.B.I. Ele continua sendo o homem mais procurado pelas poderosas famílias mafiosas, pois alguns de seus chefes foram capturados em função de suas revelações. Revelações que fizeram luz inclusive sobre atentados e assassinatos ainda obscuros, como a morte de Enrico Mattei, presidente da E.N.I., no famoso "acidente" de avião de outubro de 1962 que simplesmente mudou a história da Itália e que, sabe-se hoje graças a Buscetta, foi encomendada pelas companhias petrolíferas e Máfia americanas à Máfia siciliana. Como a morte do político Aldo Moro, do General Dalla Chiesa, de jornalistas, agentes, religiosos, juizes, como Giovanni Falcone e Paolo Borsellino, famílias inteiras, gente inocente numa carnificina cada vez mais terrível e ligada ao mundo do dinheiro, poder e corrupção política.
A guerra entre crime organizado e justiça continua. Daí a importância humana e histórica desse livro. O depoimento de Buscetta traz a público pela primeira vez a estrutura e funcionamento da criminalidade organizada, sua brutalidade, suas motivações. Motivações e panorama não muito diferentes aliás dos que regem o complexo paraíso humano-desumano no qual vivemos.
Foi a Máfia-empresa que prevaleceu sobre a Máfia-ordenação jurídica e seus códigos de honra ? Foi o espírito do capitalismo selvagem e seus demônios de poder e riqueza que se impôs à ética mafiosa como em muitos outros campos ? Uma reflexão profunda se impõe. A discussão está aberta.
Ficha técnica: Pino Arlacchi nasceu na Itália em 1951. Considerado um dos maiores especialistas internacionais em criminalidade organizada, foi eleito senador do Parlamento Italiano em 1955. Em 1997, tornou-se vice-secretário da Organização das Nações Unidas com a missão extraordinária de lutar contra o crime, o narcotráfico e o terrorismo. Entre seus livros mais conhecidos estão La mafia imprenditrice, La palude e la città, Si può sconff igere la mafia, Gli uomini del disonore, Imprenditorialità illecita e droga e Il processo. O professor Arlacchi era amigo e colaborador dos juízes Falcone e Borsellino, mártires e símbolos da luta contra as máfias. O livro "Adeus à Máfia" é dedicado a eles. Pino Arlacchi é membro do Instituto Italiano Giovanni Falcone. Este Instituto existe no Brasil com o nome IBGF (Instituto Brasileiro Giovanni Falcone). A Editora Ática publicou este livro com o apoio incondicional do IBGF. Este Instituto dedica-se à formação de uma cultura de defesa da sociedade brasileira contra a penetração do crime organizado. O presidente do IBGF e grande amigo de Pino Arlacchi é o Walter Fanganiello Maierovitch, Juiz do Tribunal de Alçada Criminal do Estado de São Paulo.
Giuliana Giudici.
Pino Arlacchi
Editora Ática – http://www.atica.com.br
A história recente italiana teve alguns aspectos emblemáticos de interesse universal. Todos ouviram falar da luta à corrupção generalizada, dos juizes da operação Mãos Limpas, dos juízes- mártires do pool anti-máfia, do fenômeno dos "pentiti" (arrependidos ou colaboradores da justiça) que permitiram iluminar finalmente mistérios de crimes que pareciam insolúveis. No livro "ADEUS À MÁFIA" - As Confissões de Tommaso Buscetta", de Pino Arlacchi (Editora Ática), juntam-se duas personagens fundamentais, Buscetta, o primeiro "pentito", e o sociólogo e ex-senador Pino Arlacchi, um dos maiores especialistas internacionais em criminalidade organizada, desde setembro passado vice-secretário geral da O.N.U., com a missão extraordinária de lutar contra o crime transnacional, o narcotráfico, o terrorismo e a lavagem de dinheiro. Eles representam as forças que talvez, pela primeira vez no mundo, estejam colocando em cheque o crime organizado. O livro é um relato em forma autobiográfica, resultado de entrevistas feitas pelo autor com Buscetta e do estudo dos testemunhos dele perante as autoridades judiciais. Cheio de detalhes, é escrito em primeira pessoa, unicamente - explica o próprio autor - como forma de tornar mais viva e imediata a narração. Não é uma obra maniqueísta, o bem contra o mal, mas é uma cortina que se abre num mundo que todos sentem existir, sem poder entender. Numa viagem extraordinária pelos meandros da Cosa Nostra - Máfia Siciliana - e suas ramificações internacionais, Tommaso Buscetta, o primeiro mafioso pentito, conta sua peculiar aventura humana neste mundo ultra secreto, que pareceria ficção se não fosse, infelizmente e comprovadamente, bem real. Ele descreve minuciosamente a trajetória que o conduziu à maior organização criminosa do mundo, como se tornou um dos seus principais líderes e porque resolveu denunciá-la. Regida pela lei do silêncio, a Máfia sofreu um forte abalo quando Tommaso Buscetta, integrante de sua cúpula, decidiu em 1994, após ter sido deportado do Brasil, onde estava foragido, colaborar com a justiça italiana, na pessoa do juiz Giovanni Falcone.
Um homem complexo, interessante e (seria correto afirmar isto ?) até simpático, surge das páginas de ADEUS À MÁFIA". Trata-se da exposição das idéias, das experiências e dos fatos relevantes na vida de um dos maiores mafiosos atuais. Tommaso Buscetta não se considera um "pentito" porque na verdade não está nem um pouco arrependido. Talvez sua única grandeza esteja exatamente nisso. A arrogância de suas convicções de verdadeiro uomo d’onore , como se apelidam os mafiosos da Cosa Nostra, no seio da Máfia antes e perseguido por ela após sua delação e colaboração com a justiça italiana. Diz ele:
- Eu falei e continuarei falando... não porque esteja "pentito", essa é uma palavra que sempre me incomodou e que ainda hoje me dá raiva... De que teria de me arrepender ?
Reneguei, desconheci uma instituição na qual eu acreditava e que servi com lealdade e sem interesse próprio... Não me arrependi de nada. O arrependimento implica em pedido de perdão. Não pedi perdão a ninguém... Sou um homem velho e atormentado... Dei-me conta do ponto a que chegou a Máfia e por isso decidi ajudar a justiça a derrubá-la... Mudei minha mentalidade em várias coisas, mas minha personalidade é a mesma... Não acredito que fiz tudo errado. Acho que muitas atitudes e idéias de Cosa Nostra, nas quais eu acreditava são ainda válidas, validíssimas.
Em poucas palavras, neste livro, Tommaso Buscetta reafirmou uma grande verdade: uma vez mafioso, sempre mafioso. O que o moveu a falar foi a necessidade de vendetta - vingança, contra seus antigos amigos e companheiros que o haviam traído. As guerras entre as famílias mafiosas estavam se tornando cada vez mais cruéis e sangrentas, com o advento do tráfico de drogas, enormes ganhos e ligações políticas. Buscetta resolveu ser mais inteligente que seus inimigos e quebrar, pela primeira vez na história da Cosa Nostra, a lei do silêncio - omertá, tentando destruir de forma mais refinada a nova Máfia que tinha tomado o lugar da antiga, e sua constituição hierárquica.
- Se me acho mais inteligente que meus inimigos é porque também sei controlar meus impulsos ferinos... Em vez de isso, resolvi colaborar com as autoridades. De assassino em potencial, transformei-me em acusador, em testemunha de acontecimentos trágicos... as pessoas que poderia matar com minhas próprias mãos foram punidas pela Lei escrita.
Nascido em Palermo em 1928, caçula de 17 filhos, cresceu na atmosfera romântica e severa da velha Máfia. A infância numa família honesta, os contatos iniciais com o crime enquanto ainda menino, a percepção do poder mafioso que não representava somente o dinheiro, seus primeiros passos como traficante, os assassinatos. As viagens constantes, a vida na Argentinas, México, Canadá, Estados Unidos. Os dois períodos felizes vividos no Brasil. Muitas amantes, desafiando com isto a ética mafiosa. Três casamentos, sendo que o primeiro e o segundo, se constituíram numa bigamia. Por fim o terceiro e último, desta vez regularizado e por sinal com uma brasileira, Cristina, até hoje com ele. O amor pela família, pelos filhos (dois destes mortos pela Máfia juntamente com um irmão e muitos outros parentes). A dor. A busca constante de liberdade e dignidade. A fé em Deus.
Um livro ambíguo, um documento antropológico e humano importantíssimo. Um homem que passa da honra à desonra, da verdade à mentira com uma dualidade desconcertante. Como traduzir a linguagem coloquial cheia de modismos e vernáculos de uma língua para outra ? Nisto reside o talento do tradutor, plenamente conseguido nesta obra de outra forma complicada. Para facilitar ainda mais a compreensão do texto, há oportunas notas de rodapé explicando fatos e palavras.
Cabe ao leitor extrair deste verdadeiro registro lingüístico e comunicativo de um uomo d ‘onore, suas próprias conclusões. Além de empreender uma caminhada complexa pelos mecanismos secretos dos crimes de maior repercussão da história recente, o leitor estará se embrenhando numa forma de ser e pensar que alcança raízes antigas, praticamente medievais e passa ao mundo moderno pelo qual o protagonista (e talvez não somente ele) se demonstra despreparado. A solidão ontológica do homem, o caos do mundo contemporâneo em sua mudança exponencial, não são somente prerrogativas que alteram e perturbam sociedades arcaicas como a Cosa Nostra italiana com seus dinossauros ainda bem vivos, mas uma constante nos agrupamentos humanos que se acotovelam desde sempre em todos os países e sociedades, inclusive no Brasil, até os nossos dias.
Preso no Brasil em 1984, Tommaso Buscetta vive hoje nos Estados Unidos, escondido e protegido pelo F.B.I. Ele continua sendo o homem mais procurado pelas poderosas famílias mafiosas, pois alguns de seus chefes foram capturados em função de suas revelações. Revelações que fizeram luz inclusive sobre atentados e assassinatos ainda obscuros, como a morte de Enrico Mattei, presidente da E.N.I., no famoso "acidente" de avião de outubro de 1962 que simplesmente mudou a história da Itália e que, sabe-se hoje graças a Buscetta, foi encomendada pelas companhias petrolíferas e Máfia americanas à Máfia siciliana. Como a morte do político Aldo Moro, do General Dalla Chiesa, de jornalistas, agentes, religiosos, juizes, como Giovanni Falcone e Paolo Borsellino, famílias inteiras, gente inocente numa carnificina cada vez mais terrível e ligada ao mundo do dinheiro, poder e corrupção política.
A guerra entre crime organizado e justiça continua. Daí a importância humana e histórica desse livro. O depoimento de Buscetta traz a público pela primeira vez a estrutura e funcionamento da criminalidade organizada, sua brutalidade, suas motivações. Motivações e panorama não muito diferentes aliás dos que regem o complexo paraíso humano-desumano no qual vivemos.
Foi a Máfia-empresa que prevaleceu sobre a Máfia-ordenação jurídica e seus códigos de honra ? Foi o espírito do capitalismo selvagem e seus demônios de poder e riqueza que se impôs à ética mafiosa como em muitos outros campos ? Uma reflexão profunda se impõe. A discussão está aberta.
Ficha técnica: Pino Arlacchi nasceu na Itália em 1951. Considerado um dos maiores especialistas internacionais em criminalidade organizada, foi eleito senador do Parlamento Italiano em 1955. Em 1997, tornou-se vice-secretário da Organização das Nações Unidas com a missão extraordinária de lutar contra o crime, o narcotráfico e o terrorismo. Entre seus livros mais conhecidos estão La mafia imprenditrice, La palude e la città, Si può sconff igere la mafia, Gli uomini del disonore, Imprenditorialità illecita e droga e Il processo. O professor Arlacchi era amigo e colaborador dos juízes Falcone e Borsellino, mártires e símbolos da luta contra as máfias. O livro "Adeus à Máfia" é dedicado a eles. Pino Arlacchi é membro do Instituto Italiano Giovanni Falcone. Este Instituto existe no Brasil com o nome IBGF (Instituto Brasileiro Giovanni Falcone). A Editora Ática publicou este livro com o apoio incondicional do IBGF. Este Instituto dedica-se à formação de uma cultura de defesa da sociedade brasileira contra a penetração do crime organizado. O presidente do IBGF e grande amigo de Pino Arlacchi é o Walter Fanganiello Maierovitch, Juiz do Tribunal de Alçada Criminal do Estado de São Paulo.
Giuliana Giudici.
ITÁLIA anti mafia
Brasília, sexta-feira,
06 de outubro de 2006
Matérias
ITÁLIA
Cidade quer ser símbolo anti-máfia
AFP
Um filme contra a máfia teve sua pré-estréia na última segunda-feira em Corleone, bastião histórico da Cosa Nostra. O simbolismo da apresentação se junta às recentes manifestações destinadas a romper a imagem mafiosa desta pequena cidade siciliana, mostrando sua determinação em combater o crime organizado.
A projeção de Placido Rizzotto, filme do diretor siciliano Pasquale Scimeca que narra a história verídica de um sindicalista assassinado pela máfia em 1948, reuniu no sábado à noite umas 200 pessoas na grande sala de cinema de Corleone. Familiares do sindicalista, representantes das autoridades locais e a Comissão Antimáfia assistiram ao filme.
‘‘Em 1992, antes da prisão de Totó Riina (chefe da máfia capturado em janeiro de 1993) um ato deste tipo seria inimaginável’’, declarou à imprensa o prefeito de Corleone, Giuseppe Cipriani. ‘‘Até mesmo em 1995’’, acrescentou. Nesta época, Leoluca Bagarella não estava preso. ‘‘E este era um homem sanguinário, que matava por qualquer coisa’’, afirmou Cipriani.
A história de Placido Rizzotto, na qual estão figuras históricas da máfia e da luta contra ela, como o capo Luciano Liggio e o então capitão dos soldados que perseguiam os criminosos, Alberto Dalla Chiesa, fez com que Corleone voltasse a olhar para o seu passado.
‘‘Existem sicilianos que não se inclinam diante da máfia’’, declarou emocionado um oficial deste grupo de soldados, ao terminar a projeção.
‘‘Que a máfia está presente em Corleone, não é nenhuma novidade. O que é novo é que seus opositores sejam a maioria’’, disse o otimista chefe da Comissão Antimáfia, Giuseppe Lumia, citando como prova as recentes manifestações organizadas em Corleone.
No dia 3 de setembro, a cidade lembrou o assassinato do general Alberto Dalla Chiesa, o homem que deteve os assassinos de Rizzoto e que foi assassinado em Palermo em 1982. ‘‘Uma multidão de pessoas assistiu à cerimônia’, afirmou Lumia.
Apesar da profusão de manifestações, os responsáveis pela luta antimáfia estão mais preocupados com a importância de combater financeiramente a organização criminal e aplicar a lei de confisco de bens. Em 1999, as autoridades confiscaram uma mansão pertencente a Totó Riina e a transformaram em escola.
Segundo um recente estudo das autoridades financeiras, o prazo médio entre a emissão de uma ordem de confisco e a expropriação efetiva por parte do estado é de 11 anos. Além disso, dos 250 bilhões de liras de bens imobiliários confiscados até hoje, somente 15% foram destinados a um fim público.
Finalmente, segundo reconhece o próprio Giuseppe Lumia, a credibilidade da luta contra a máfia depende da detenção de Bernardo Provenzano, corleonês considerado como chefe da Cosa Nostra desde a prisão de Riina. Provenzano, que sem dúvida se esconde na Sicília, está foragido há 30 anos.
06 de outubro de 2006
Matérias
ITÁLIA
Cidade quer ser símbolo anti-máfia
AFP
Um filme contra a máfia teve sua pré-estréia na última segunda-feira em Corleone, bastião histórico da Cosa Nostra. O simbolismo da apresentação se junta às recentes manifestações destinadas a romper a imagem mafiosa desta pequena cidade siciliana, mostrando sua determinação em combater o crime organizado.
A projeção de Placido Rizzotto, filme do diretor siciliano Pasquale Scimeca que narra a história verídica de um sindicalista assassinado pela máfia em 1948, reuniu no sábado à noite umas 200 pessoas na grande sala de cinema de Corleone. Familiares do sindicalista, representantes das autoridades locais e a Comissão Antimáfia assistiram ao filme.
‘‘Em 1992, antes da prisão de Totó Riina (chefe da máfia capturado em janeiro de 1993) um ato deste tipo seria inimaginável’’, declarou à imprensa o prefeito de Corleone, Giuseppe Cipriani. ‘‘Até mesmo em 1995’’, acrescentou. Nesta época, Leoluca Bagarella não estava preso. ‘‘E este era um homem sanguinário, que matava por qualquer coisa’’, afirmou Cipriani.
A história de Placido Rizzotto, na qual estão figuras históricas da máfia e da luta contra ela, como o capo Luciano Liggio e o então capitão dos soldados que perseguiam os criminosos, Alberto Dalla Chiesa, fez com que Corleone voltasse a olhar para o seu passado.
‘‘Existem sicilianos que não se inclinam diante da máfia’’, declarou emocionado um oficial deste grupo de soldados, ao terminar a projeção.
‘‘Que a máfia está presente em Corleone, não é nenhuma novidade. O que é novo é que seus opositores sejam a maioria’’, disse o otimista chefe da Comissão Antimáfia, Giuseppe Lumia, citando como prova as recentes manifestações organizadas em Corleone.
No dia 3 de setembro, a cidade lembrou o assassinato do general Alberto Dalla Chiesa, o homem que deteve os assassinos de Rizzoto e que foi assassinado em Palermo em 1982. ‘‘Uma multidão de pessoas assistiu à cerimônia’, afirmou Lumia.
Apesar da profusão de manifestações, os responsáveis pela luta antimáfia estão mais preocupados com a importância de combater financeiramente a organização criminal e aplicar a lei de confisco de bens. Em 1999, as autoridades confiscaram uma mansão pertencente a Totó Riina e a transformaram em escola.
Segundo um recente estudo das autoridades financeiras, o prazo médio entre a emissão de uma ordem de confisco e a expropriação efetiva por parte do estado é de 11 anos. Além disso, dos 250 bilhões de liras de bens imobiliários confiscados até hoje, somente 15% foram destinados a um fim público.
Finalmente, segundo reconhece o próprio Giuseppe Lumia, a credibilidade da luta contra a máfia depende da detenção de Bernardo Provenzano, corleonês considerado como chefe da Cosa Nostra desde a prisão de Riina. Provenzano, que sem dúvida se esconde na Sicília, está foragido há 30 anos.
A morte do dedo-duro
A morte do dedo-duro
Morre de câncer em Nova York o mafioso Tommaso Buscetta
Osmar Freitas Jr. - Nova York
AP
O siciliano Tommaso Buscetta, filho de um vidraceiro de Palermo, se mostrou difícil de quebrar. Bem que tentou: sobreviveu aos riscos anormais da profissão de “soldado da máfia”; saiu ileso da primeira grande guerra de gangues de Palermo em 1962; foi gerente de uma das primeiras grandes operações mafiosas de tráfico
de drogas no Brasil; passou por cadeias brasileiras, italianas e americanas; e transformou-se no primeiro mafioso a colaborar com a Justiça, passando à condição de inimigo número 1 da Cosa Nostra. Nem a ingestão de cicuta, numa tentativa de suicídio, conseguiu acabar com ele. Caçado em três continentes, pela polícia
ou por seus ex-parceiros de crime, Tommaso deu seu último suspiro no domingo 2 na ala de oncologia do Sloan Kettering Memorial Hospital, em Nova York. Tinha 71 anos e só perdeu sua última batalha para o câncer com quem lutou três anos.
Don Masino dizia que o Brasil havia sido o lugar onde ele passara seus dias mais felizes. A vida nos trópicos lhe fazia bem: quando em São Paulo (que ele achava muito parecida com Gênova), frequentava o antigo restaurante Patachou.Certa noite de 1972, ele enviou uma garrafa de champanhe para a mesa onde estava a fina flor da Tropicália: Caetano Veloso e Gal Costa. Os baianos não sabiam que o fã italiano era uma espécie de Don Corleone local.
Tommaso também pegou um bronze na paradisíaca Ilhabela, no litoral norte de São Paulo. Lá ele mantinha
bem azeitada uma operação de contrabando de cocaína, usando o antigo aeroporto de terra batida à beira-mar e a distância de um tiro da casa do Capitão dos Portos. Ninguém, é claro, notava a frequência dos vôos noturnos na ilha. Seus escritórios locais eram o bar e restaurante Totinho e as corretas mesas do restaurante Siriúba. Nem todos os nativos, porém, tiveram encontros felizes e regados a champanhe. O dono da pousada Bordelão, por exemplo, se preparava para dar a volta ao mundo num veleiro que construía com as próprias mãos. Em 1972, ele foi encontrado morto debaixo desse barco. Esta seria a primeira vez que o nome Buscetta seria pronunciado incorreta e nervosamente pelos noticiários brasileiros.
A partir daí não demorou muito para que a Polícia Federal, comandada na época pelo então delegado Romeu Tuma, desmontasse os negócios tupiniquins de Don Masino. Ele foi preso e deportado para a Itália, onde começaria sua carreira mais fulgurante: a de testemunha-chave no processo movido pelo famoso juiz Giovanni Falcone contra a Cosa Nostra. O juiz, assassinado em 1994, costumava dizer que Tommaso fora seu maior trunfo na guerra contra a máfia.
A delação quebraria de forma espetacular a chamada omertà – o código de silêncio. Buscetta, inclusive, foi o primeiro a denunciar o envolvimento do ex-primeiro-ministro, Giulio Andreotti, com a máfia. O caso deu em pizza e o mafioso disse antes de morrer que se arrependeu de sua confissão. “Levarei a certeza de que errei na
previsão que fiz junto com o juiz Giovanni Falcone, a quem tiraram a vida. A máfia hoje desempenha um papel
maior do que tinha no passado. Porque a máfia se tornou um fato político”, disse.
Nos Estados Unidos, ele ajudou a desbaratar uma rede de traficantes de cocaína e heroína que funcionava em pizzarias de Nova York – a “Conexão Pizza”. E assim passou a ser então o homem mais odiado pela máfia.
Seus serviços às autoridades americanas lhe valeram a proteção do FBI. Mas o dedo-duro da “Mano Nera” nunca conseguiu retornar à Ilhabela, embora tivesse dois filhos nativos e fosse casado (em sistema de bigamia) com a cidadã brasileira Maria Cristina de Almeida Guimarães. Na verdade, gostava de casar-se: teve três esposas e sete herdeiros em três continentes.
Na aposentadoria, contentou-se com uma casinha em Nova Jersey. Um final, convenha-se, melhor do que aquele do dono do hotel Bordelão e outros que Buscetta mandou matar.
“Levarei a certeza de que errei na previsão que fiz com o juiz Falcone. A máfia hoje desempenha um papel maior do que no passado”
Morre de câncer em Nova York o mafioso Tommaso Buscetta
Osmar Freitas Jr. - Nova York
AP
O siciliano Tommaso Buscetta, filho de um vidraceiro de Palermo, se mostrou difícil de quebrar. Bem que tentou: sobreviveu aos riscos anormais da profissão de “soldado da máfia”; saiu ileso da primeira grande guerra de gangues de Palermo em 1962; foi gerente de uma das primeiras grandes operações mafiosas de tráfico
de drogas no Brasil; passou por cadeias brasileiras, italianas e americanas; e transformou-se no primeiro mafioso a colaborar com a Justiça, passando à condição de inimigo número 1 da Cosa Nostra. Nem a ingestão de cicuta, numa tentativa de suicídio, conseguiu acabar com ele. Caçado em três continentes, pela polícia
ou por seus ex-parceiros de crime, Tommaso deu seu último suspiro no domingo 2 na ala de oncologia do Sloan Kettering Memorial Hospital, em Nova York. Tinha 71 anos e só perdeu sua última batalha para o câncer com quem lutou três anos.
Don Masino dizia que o Brasil havia sido o lugar onde ele passara seus dias mais felizes. A vida nos trópicos lhe fazia bem: quando em São Paulo (que ele achava muito parecida com Gênova), frequentava o antigo restaurante Patachou.Certa noite de 1972, ele enviou uma garrafa de champanhe para a mesa onde estava a fina flor da Tropicália: Caetano Veloso e Gal Costa. Os baianos não sabiam que o fã italiano era uma espécie de Don Corleone local.
Tommaso também pegou um bronze na paradisíaca Ilhabela, no litoral norte de São Paulo. Lá ele mantinha
bem azeitada uma operação de contrabando de cocaína, usando o antigo aeroporto de terra batida à beira-mar e a distância de um tiro da casa do Capitão dos Portos. Ninguém, é claro, notava a frequência dos vôos noturnos na ilha. Seus escritórios locais eram o bar e restaurante Totinho e as corretas mesas do restaurante Siriúba. Nem todos os nativos, porém, tiveram encontros felizes e regados a champanhe. O dono da pousada Bordelão, por exemplo, se preparava para dar a volta ao mundo num veleiro que construía com as próprias mãos. Em 1972, ele foi encontrado morto debaixo desse barco. Esta seria a primeira vez que o nome Buscetta seria pronunciado incorreta e nervosamente pelos noticiários brasileiros.
A partir daí não demorou muito para que a Polícia Federal, comandada na época pelo então delegado Romeu Tuma, desmontasse os negócios tupiniquins de Don Masino. Ele foi preso e deportado para a Itália, onde começaria sua carreira mais fulgurante: a de testemunha-chave no processo movido pelo famoso juiz Giovanni Falcone contra a Cosa Nostra. O juiz, assassinado em 1994, costumava dizer que Tommaso fora seu maior trunfo na guerra contra a máfia.
A delação quebraria de forma espetacular a chamada omertà – o código de silêncio. Buscetta, inclusive, foi o primeiro a denunciar o envolvimento do ex-primeiro-ministro, Giulio Andreotti, com a máfia. O caso deu em pizza e o mafioso disse antes de morrer que se arrependeu de sua confissão. “Levarei a certeza de que errei na
previsão que fiz junto com o juiz Giovanni Falcone, a quem tiraram a vida. A máfia hoje desempenha um papel
maior do que tinha no passado. Porque a máfia se tornou um fato político”, disse.
Nos Estados Unidos, ele ajudou a desbaratar uma rede de traficantes de cocaína e heroína que funcionava em pizzarias de Nova York – a “Conexão Pizza”. E assim passou a ser então o homem mais odiado pela máfia.
Seus serviços às autoridades americanas lhe valeram a proteção do FBI. Mas o dedo-duro da “Mano Nera” nunca conseguiu retornar à Ilhabela, embora tivesse dois filhos nativos e fosse casado (em sistema de bigamia) com a cidadã brasileira Maria Cristina de Almeida Guimarães. Na verdade, gostava de casar-se: teve três esposas e sete herdeiros em três continentes.
Na aposentadoria, contentou-se com uma casinha em Nova Jersey. Um final, convenha-se, melhor do que aquele do dono do hotel Bordelão e outros que Buscetta mandou matar.
“Levarei a certeza de que errei na previsão que fiz com o juiz Falcone. A máfia hoje desempenha um papel maior do que no passado”
Playboy e sanguinário
ITÁLIA
Playboy e sanguinário
Aos 39 anos, o novo chefão da Máfia parece um profissional urbano bem-sucedido, mas é acusado de pelo menos 50 assassinatos
Matteo Messina Denaro é fanático por videogames, quebra-cabeças e histórias em quadrinhos. Também é um bon vivant. De hábitos refinados, prefere calças Versace, relógios Rolex e gravatas de seda. Há alguns anos, era possível vê-lo na direção de um Porsche vermelho na costa da Sicília, na Itália. Nas discotecas da moda, cercado de belas mulheres, pedia sempre champanhe Cristal. Aos 39 anos, Denaro é um tipo de homem que gosta de freqüentar restaurantes grã-finos. Desde 1993, contudo, está sumido. Condenado à prisão perpétua, acusado de pelo menos 50 assassinatos e apontado pelo FBI, a polícia federal dos Estados Unidos, como um dos dez maiores traficantes de droga do mundo, Denaro é, hoje, o mais poderoso chefe da Máfia em liberdade.
A polícia está no encalço do mafioso, mas é difícil prendê-lo. Quase não há fotos de Denaro – a mais recente, publicada na capa da revista italiana L’Espresso da semana passada, mostra um jovem de cabelo curto e óculos escuros. Denaro (palavra que, em italiano, significa dinheiro) usa a fortuna que amealhou no crime para se esconder. “Nojentamente rico”, como definiu o jornal inglês The Independent, o criminoso é, na aparência, o herdeiro de uma empresa de areia e cimento para a construção civil, em Mazara del Vallo, cidade siciliana. Filho de Francesco Messina Denaro, chefe da Máfia em Mazara até morrer, em 1998, Matteo ficou com muito mais que o negócio legítimo do pai e o restrito poder local do velho mafioso. Herdou o comando da maior e mais perigosa organização criminosa do planeta.
A ascensão de Denaro iniciou-se com a queda de um dos maiores chefões da Máfia de todos os tempos: Salvatore Totò Riina, apelidado de O Monstro. Preso em 1993, depois de denunciado por um ex-motorista, Riina comandou a Cosa Nostra (“coisa nossa”, em português) por 11 anos. A prisão do Monstro encheu de esperança os italianos, que viram ali um golpe mortal contra a Máfia. Riina havia levado seus comandados a um patamar assustador de violência e ousadia. O clima entre os mafiosos começou a mudar em 1984, quando Tommaso Buscetta foi preso no Brasil e resolveu entregar os companheiros. Cerca de 300 pessoas foram encarceradas. Mais importante que isso, no entanto, rompeu-se a omertà, o voto de silêncio que impera entre os membros da Cosa Nostra e não perdoa denúncias e confissões de crimes.
Estava, também, criada a figura dos pentiti, mafiosos arrependidos, que, em troca de penas mais leves, se dispuseram a contar o que sabiam às autoridades. Graças aos pentiti, muitos chefes foram presos e relações promíscuas entre criminosos e importantes autoridades vieram à luz. Até Giulio Andreotti, sete vezes primeiro-ministro da Itália pela Democracia Cristã, foi denunciado. Julgado como mandante do assassinato de um jornalista, foi absolvido, mas sua carreira política acabou.
Riina, sem desprezar o poder da corrupção, preferia métodos violentos para lidar com o Estado. Em 1992, dois atentados à bomba mataram os juízes Giovanni Falcone e Paolo Borsellino, então os mais eficazes perseguidores da Máfia. A morte dos juízes causou enorme comoção no país. ä
O governo se viu obrigado a apresentar resultados na luta contra o crime organizado. Em janeiro do ano seguinte, Riina, o chefe dos chefes, como dizem os mafiosos, foi para a cadeia. Ele estava foragido havia 23 anos.
Quatro meses depois, três atentados à bomba abalaram a Itália. Uma explosão em Florença matou cinco pessoas e danificou várias obras do Uffizi, um dos mais importantes museus do mundo. Em Roma e Milão, outros dois carros-bomba fizeram mais cinco vítimas. As explosões foram interpretadas pela maioria dos italianos – otimistas com a prisão do Monstro – como o estertor da Máfia. Os últimos golpes de um inimigo moribundo. Era cedo para isso. Há inclusive a suspeita, partilhada por estudiosos do crime organizado, de que a própria prisão de Riina tenha sido arquitetada pela Máfia. A história tem contornos cinematográficos – por coincidência, Riina pertence ao clã dos Corleonesi, da cidade de Corleone, que inspirou os personagens das histórias de Mario Puzo, levadas ao cinema por Francis Ford Coppola. Bernardo Provenzano, o segundo homem na hierarquia da organização, teria preparado a armadilha que encerrou a carreira de Riina. Nesse contexto, os atentados em Florença, Milão e Roma representariam uma espécie de batismo de fogo – o marco inicial do reinado de um novo chefão.
Para planejar e executar as explosões, Provenzano convocou um jovem matador, articulado, atualizado em relação a tecnologia e cruel: Matteo Messina Denaro. Tanto Provenzano quanto Denaro são membros do clã Corleonesi. No início, ainda sob as ordens de Riina, Denaro era um “soldado” que Provenzano usava em ações violentas. O playboy gosta de atirar e de matar. Aprendeu a usar uma arma aos 14 anos. Aos 18, cometeu o primeiro homicídio. Ambicioso, tornou-se logo uma ameaça a Provenzano, também foragido. Velho e doente dos rins, o chefão evita se reunir com Denaro pessoalmente. Teme ser executado.
Na hierarquia da organização, Provenzano estaria um degrau acima de Denaro. “Se você comparar a Máfia a uma empresa, Provenzano foi promovido a vice-presidente e Denaro é o novo diretor-executivo”, analisa Giuseppe Lumia, chefe da comissão anti-Máfia do Parlamento italiano. Muito mais perto da frente de batalha, o comandante de polícia de Trapani, Giuseppe Linares, confirma. “Hoje, dentro da Máfia, todos temem Denaro e ninguém manda mais que ele.” Não é à toa que, atualmente, Trapani é o foco mais ativo da Máfia, dentro da Sicília. Lá fica a base de operações de Denaro.
Os tentáculos do grupo, no entanto, alcançam o restante da Europa e os Estados Unidos. Envolvem exploração de prostituição, lavagem de dinheiro, tráfico de armas e principalmente o narcotráfico. Denaro é idolatrado por seus comandados, que o chamam pelo apelido de U Siccu (O Magro). A nova geração da Máfia, em grande parte ainda desconhecida da polícia italiana, prefere Denaro, urbano e moderno, a velhos como Provenzano, um camponês desconfiado e ignorante.
Como mais uma marca de suas diferenças em relação à velha geração, Denaro escolheu outro apelido. Siccu, de origem siciliana, foi trocado por Diabolik, personagem de uma história em quadrinhos na Itália. Denaro gaba-se do medo que infunde em Provenzano e outros chefes mafiosos. Costuma dizer que poderia fazer um cemitério só com as pessoas que ele mesmo matou. Extrai lucros enormes do crime, mas não despreza nem pequenas fraudes como a pensão por invalidez que recebeu por 12 anos do Estado italiano.
Para capturá-lo, a polícia grampeou até o túmulo do pai do mafioso, em Trapani. Os arapongas colocaram microfones na lápide para tentar flagrar o capo, valendo-se do hábito dos mafiosos foragidos de transmitir ordens e recados por meio de encontros em cemitérios e igrejas. O truque não deu certo, mas demonstra que vale tudo para tentar prender o comandante supremo da Máfia.
Tradição de ilegalidade.
Playboy e sanguinário
Aos 39 anos, o novo chefão da Máfia parece um profissional urbano bem-sucedido, mas é acusado de pelo menos 50 assassinatos
Matteo Messina Denaro é fanático por videogames, quebra-cabeças e histórias em quadrinhos. Também é um bon vivant. De hábitos refinados, prefere calças Versace, relógios Rolex e gravatas de seda. Há alguns anos, era possível vê-lo na direção de um Porsche vermelho na costa da Sicília, na Itália. Nas discotecas da moda, cercado de belas mulheres, pedia sempre champanhe Cristal. Aos 39 anos, Denaro é um tipo de homem que gosta de freqüentar restaurantes grã-finos. Desde 1993, contudo, está sumido. Condenado à prisão perpétua, acusado de pelo menos 50 assassinatos e apontado pelo FBI, a polícia federal dos Estados Unidos, como um dos dez maiores traficantes de droga do mundo, Denaro é, hoje, o mais poderoso chefe da Máfia em liberdade.
A polícia está no encalço do mafioso, mas é difícil prendê-lo. Quase não há fotos de Denaro – a mais recente, publicada na capa da revista italiana L’Espresso da semana passada, mostra um jovem de cabelo curto e óculos escuros. Denaro (palavra que, em italiano, significa dinheiro) usa a fortuna que amealhou no crime para se esconder. “Nojentamente rico”, como definiu o jornal inglês The Independent, o criminoso é, na aparência, o herdeiro de uma empresa de areia e cimento para a construção civil, em Mazara del Vallo, cidade siciliana. Filho de Francesco Messina Denaro, chefe da Máfia em Mazara até morrer, em 1998, Matteo ficou com muito mais que o negócio legítimo do pai e o restrito poder local do velho mafioso. Herdou o comando da maior e mais perigosa organização criminosa do planeta.
A ascensão de Denaro iniciou-se com a queda de um dos maiores chefões da Máfia de todos os tempos: Salvatore Totò Riina, apelidado de O Monstro. Preso em 1993, depois de denunciado por um ex-motorista, Riina comandou a Cosa Nostra (“coisa nossa”, em português) por 11 anos. A prisão do Monstro encheu de esperança os italianos, que viram ali um golpe mortal contra a Máfia. Riina havia levado seus comandados a um patamar assustador de violência e ousadia. O clima entre os mafiosos começou a mudar em 1984, quando Tommaso Buscetta foi preso no Brasil e resolveu entregar os companheiros. Cerca de 300 pessoas foram encarceradas. Mais importante que isso, no entanto, rompeu-se a omertà, o voto de silêncio que impera entre os membros da Cosa Nostra e não perdoa denúncias e confissões de crimes.
Estava, também, criada a figura dos pentiti, mafiosos arrependidos, que, em troca de penas mais leves, se dispuseram a contar o que sabiam às autoridades. Graças aos pentiti, muitos chefes foram presos e relações promíscuas entre criminosos e importantes autoridades vieram à luz. Até Giulio Andreotti, sete vezes primeiro-ministro da Itália pela Democracia Cristã, foi denunciado. Julgado como mandante do assassinato de um jornalista, foi absolvido, mas sua carreira política acabou.
Riina, sem desprezar o poder da corrupção, preferia métodos violentos para lidar com o Estado. Em 1992, dois atentados à bomba mataram os juízes Giovanni Falcone e Paolo Borsellino, então os mais eficazes perseguidores da Máfia. A morte dos juízes causou enorme comoção no país. ä
O governo se viu obrigado a apresentar resultados na luta contra o crime organizado. Em janeiro do ano seguinte, Riina, o chefe dos chefes, como dizem os mafiosos, foi para a cadeia. Ele estava foragido havia 23 anos.
Quatro meses depois, três atentados à bomba abalaram a Itália. Uma explosão em Florença matou cinco pessoas e danificou várias obras do Uffizi, um dos mais importantes museus do mundo. Em Roma e Milão, outros dois carros-bomba fizeram mais cinco vítimas. As explosões foram interpretadas pela maioria dos italianos – otimistas com a prisão do Monstro – como o estertor da Máfia. Os últimos golpes de um inimigo moribundo. Era cedo para isso. Há inclusive a suspeita, partilhada por estudiosos do crime organizado, de que a própria prisão de Riina tenha sido arquitetada pela Máfia. A história tem contornos cinematográficos – por coincidência, Riina pertence ao clã dos Corleonesi, da cidade de Corleone, que inspirou os personagens das histórias de Mario Puzo, levadas ao cinema por Francis Ford Coppola. Bernardo Provenzano, o segundo homem na hierarquia da organização, teria preparado a armadilha que encerrou a carreira de Riina. Nesse contexto, os atentados em Florença, Milão e Roma representariam uma espécie de batismo de fogo – o marco inicial do reinado de um novo chefão.
Para planejar e executar as explosões, Provenzano convocou um jovem matador, articulado, atualizado em relação a tecnologia e cruel: Matteo Messina Denaro. Tanto Provenzano quanto Denaro são membros do clã Corleonesi. No início, ainda sob as ordens de Riina, Denaro era um “soldado” que Provenzano usava em ações violentas. O playboy gosta de atirar e de matar. Aprendeu a usar uma arma aos 14 anos. Aos 18, cometeu o primeiro homicídio. Ambicioso, tornou-se logo uma ameaça a Provenzano, também foragido. Velho e doente dos rins, o chefão evita se reunir com Denaro pessoalmente. Teme ser executado.
Na hierarquia da organização, Provenzano estaria um degrau acima de Denaro. “Se você comparar a Máfia a uma empresa, Provenzano foi promovido a vice-presidente e Denaro é o novo diretor-executivo”, analisa Giuseppe Lumia, chefe da comissão anti-Máfia do Parlamento italiano. Muito mais perto da frente de batalha, o comandante de polícia de Trapani, Giuseppe Linares, confirma. “Hoje, dentro da Máfia, todos temem Denaro e ninguém manda mais que ele.” Não é à toa que, atualmente, Trapani é o foco mais ativo da Máfia, dentro da Sicília. Lá fica a base de operações de Denaro.
Os tentáculos do grupo, no entanto, alcançam o restante da Europa e os Estados Unidos. Envolvem exploração de prostituição, lavagem de dinheiro, tráfico de armas e principalmente o narcotráfico. Denaro é idolatrado por seus comandados, que o chamam pelo apelido de U Siccu (O Magro). A nova geração da Máfia, em grande parte ainda desconhecida da polícia italiana, prefere Denaro, urbano e moderno, a velhos como Provenzano, um camponês desconfiado e ignorante.
Como mais uma marca de suas diferenças em relação à velha geração, Denaro escolheu outro apelido. Siccu, de origem siciliana, foi trocado por Diabolik, personagem de uma história em quadrinhos na Itália. Denaro gaba-se do medo que infunde em Provenzano e outros chefes mafiosos. Costuma dizer que poderia fazer um cemitério só com as pessoas que ele mesmo matou. Extrai lucros enormes do crime, mas não despreza nem pequenas fraudes como a pensão por invalidez que recebeu por 12 anos do Estado italiano.
Para capturá-lo, a polícia grampeou até o túmulo do pai do mafioso, em Trapani. Os arapongas colocaram microfones na lápide para tentar flagrar o capo, valendo-se do hábito dos mafiosos foragidos de transmitir ordens e recados por meio de encontros em cemitérios e igrejas. O truque não deu certo, mas demonstra que vale tudo para tentar prender o comandante supremo da Máfia.
Tradição de ilegalidade.
Itália prende nº 2 da Máfia
A Tarde
A polícia italiana aplicou novo golpe na Máfia siciliana, ao prender ontem em Bagheria, perto de Palermo, o “chefão” Pietro Aglieri, considerado um dos sucessores do chefe supremo da Cosa Nostra, Toto Riina.
Pietro Aglieri, de 37 anos, foi preso durante uma reunião de chefes mafiosos na qual participavam os pistoleiros procurados Natale Gambino e Giuseppe La Mattina.
O prefeito de Palermo, Antonino Manganelli, encarregado da luta antimáfia, confirmou a prisão dos três mafiosos. “Isto confirma que o Estado está cumprindo com seu dever delutar contra o crime organizado. O aparato policial é idôneo”, disse.
Chefe da poderosa “família” Santa Maria di Gesú, Pietro Aglieri era considerado um dos sucessores do “chefão” supremo da Máfia, Toto Riina, preso em janeiro de 1993.
Aglieri era o criminoso mais procurado da Itália. Segundo os magistrados da luta antimáfia, ele é responsável pelos crimes mais atrozes cometidos pelo terrorismo mafioso, nos últimos dez anos.
Segundo a polícia, seu poder se consolidou em maio do ano passado, quando também caiu nas mãos da polícia o sanguinário “chefão” Giovanni Brusca.
Pietro Aglieri é chamado de “U Signurinu” (“O Grande Senhor”), devido a seu refinamento. Seu nome foi vinculado ao assassinato em 1992 do deputado democrata-cristão no Parlamento Europeu Salvo Lima e aos mortais atentados contra os juízes Giovanni Falcone e Paolo Borsellino.
Foi condenado à revelia por um tribunal de primeira instância à prisão perpétua pelo assassinato de outro magistrado, o juiz Scopelliti, e a uma pena incompreensível de 12 anos de prisão pelos delitos de associação mafiosa e de tráfico de drogas.
Considerada “a mãe de todas as máfias”, a Cosa Nostra é a mais importante organização criminal da Itália. Segundo a polícia, a Máfia siciliana conta com cinco mil filiados, que têm martirizado a Sicília e que estendem suas redes ao narcotráfico, ao tráfico de armas e principalmente à “lavagem” de dinheiro.
A polícia italiana aplicou novo golpe na Máfia siciliana, ao prender ontem em Bagheria, perto de Palermo, o “chefão” Pietro Aglieri, considerado um dos sucessores do chefe supremo da Cosa Nostra, Toto Riina.
Pietro Aglieri, de 37 anos, foi preso durante uma reunião de chefes mafiosos na qual participavam os pistoleiros procurados Natale Gambino e Giuseppe La Mattina.
O prefeito de Palermo, Antonino Manganelli, encarregado da luta antimáfia, confirmou a prisão dos três mafiosos. “Isto confirma que o Estado está cumprindo com seu dever delutar contra o crime organizado. O aparato policial é idôneo”, disse.
Chefe da poderosa “família” Santa Maria di Gesú, Pietro Aglieri era considerado um dos sucessores do “chefão” supremo da Máfia, Toto Riina, preso em janeiro de 1993.
Aglieri era o criminoso mais procurado da Itália. Segundo os magistrados da luta antimáfia, ele é responsável pelos crimes mais atrozes cometidos pelo terrorismo mafioso, nos últimos dez anos.
Segundo a polícia, seu poder se consolidou em maio do ano passado, quando também caiu nas mãos da polícia o sanguinário “chefão” Giovanni Brusca.
Pietro Aglieri é chamado de “U Signurinu” (“O Grande Senhor”), devido a seu refinamento. Seu nome foi vinculado ao assassinato em 1992 do deputado democrata-cristão no Parlamento Europeu Salvo Lima e aos mortais atentados contra os juízes Giovanni Falcone e Paolo Borsellino.
Foi condenado à revelia por um tribunal de primeira instância à prisão perpétua pelo assassinato de outro magistrado, o juiz Scopelliti, e a uma pena incompreensível de 12 anos de prisão pelos delitos de associação mafiosa e de tráfico de drogas.
Considerada “a mãe de todas as máfias”, a Cosa Nostra é a mais importante organização criminal da Itália. Segundo a polícia, a Máfia siciliana conta com cinco mil filiados, que têm martirizado a Sicília e que estendem suas redes ao narcotráfico, ao tráfico de armas e principalmente à “lavagem” de dinheiro.
Copacabana é testemunha da decadência do capo
02/07/06
Nos anos 30, a família mafiosa
Caruana comprava e vendia haxixe por toda Itália. Duas décadas depois escolheram Beppe,
como é conhecido entre os italianos - em Copacabana passou a ser chamado de Peppe - para expandir os ''negócios'' de cocaína a três nações americanas. Da cidade de
Siculiana, localizada na costa meridional da Sicília, Giuseppe foi aos Estados Unidos,
onde em Nova York fez uma aliança com a famiglia Gambino. Os acordos seguintes
foram em Montreal, e em Caracas. Após trazer a máfia para as
Américas, Giuseppe Caruana escolheu o Rio para descansar. E conseguiu. Foi morar de
frente para a praia, no edifício Maria José, Avenida Atlântica. Logo na entrada do
prédio, um brasão da família Raggio, de Gênova, norte da Itália. Os Raggio deixaram o país no século XIX durante a unificação italiana e foram fazer fortuna na Filadélfia,
no Leste americano. Diferentemente dos conterrâneos, Caruana veio ao Brasil administrar a
riqueza obtida com a expansão da Cosa Nostra, além de cuidar da educação dos
filhos.
Caminhadas - Em mais de 30 anos manteve uma vida tranqüila. Lucrou com a
compra e venda de imóveis em diferentes endereços de Copacabana: Avenida Atlântica,
Nossa Senhora de Copacabana, e ruas Barata Ribeiro e Francisco Otaviano. Caruana, apontado
pela Interpol e pela Justiça italiana como um dos chefes da máfia sempre teve uma rotina
sem sobressaltos: todas as manhãs descia ao calçadão para caminhar logo após receber a
visita de um massagista.
Com cerca de 1,70 de altura, Peppe cultivava a vaidade. Tentava
esconder os efeitos do tempo tingindo os cabelos de preto. Em 1985, trocou o primeiro
andar do prédio pela cobertura, no 12° andar. Para os vizinhos é apenas um ''velhinho
simpático''. ''Nunca soube com o que o senhor Giuseppe trabalhava, mas sempre foi um
ótimo vizinho'', diz uma moradora. ''Acho que ele é aposentado. Apesar de não falar
muito, sempre teve bom humor'', revela outro.
Essa alegria tem explicação. Segundo dados da Secretaria Nacional
Anti-drogas (Senad), Peppe movimentou fora do Brasil uma conta de US$ 2,5 milhões.
Os negócios imobiliários eram muitos. Giuseppe Caruana chegou a ter uma loja num
shopping, na Avenida Atlântica, onde hoje funciona o Hotel Sofitel. Em 1986, o velho
Caruana doou esse imóvel ao filho, um cardiologista respeitado da Zona Sul do Rio e que
não possui qualquer acusação na Justiça brasileira ou italiana. O susto aconteceu um
ano antes, quando foi traído, juntamente com toda a cúpula da Cosa Nostra.
Traição - A prisão de Tomaso Buscetta, no Brasil, tido dentro da
organização como Uome donore (homem de honra), caiu como uma bomba entre os
chefes da máfia. O criminoso quebrava uma das regras principais da organização: a Omertà,
o código de silêncio que os mafiosos se impõem. No primeiro encontro com os juízes
italianos, Buscetta se confundiu com uma foto antiga de Giuseppe e disse que o siciliano
havia morrido. Num segundo momento, quando já era protegido pela Justiça italiana,
revelou o poder do morador de Copacabana dentro da Cosa Nostra. Buscetta morreu em
janeiro de 2000 vítima de câncer. Apesar dessas revelações, nunca houve um pedido de
extradição.
''A solicitação para ele ser extraditado nunca
chegou. Ele foi incumbido pela máfia decriar pontos na Venezuela e Canadá. Se
estabeleceu por aqui e nada se apurou'', conta o juiz Walter Maierovitch, ex-secretário
nacional Anti-drogas e presidente do Instituto Giovanni Falconi, em São Paulo. A
condenação, em 98, por associação mafiosa - o primeiro caso na Justiça italiana por abrir filiais da máfia pelo mundo e lavar dinheiro - não atrapalhou a vida de Giuseppe.
Manteve a rotina, mas tomou alguns cuidados. O primeiro foi retirar o nome da
lista telefônica. Outra decisão foi desistir das viagens à Europa, o que facilitaria
sua prisão. No ano seguinte, a Agência Brasileira de Informações (Abin) começou a
seguir seus passos, não comprovando qualquer atividade criminosa de Peppe no
Brasil.
Especialização - A idade avançada afastou dos negócios o velho
Caruana. Segundo a Justiça italiana, a famiglia foi responsável pelo transporte
de 11 toneladas de cocaína, dentro de um contêiner repleto de doces, que saiu do Porto
de Santos e foi apreendido em Gênova, no início dos anos 90. Tanto a Justiça italiana
quanto a Polícia Federal brasileira não têm dúvidas de que, no século 20, os Caruana,
junto com a família Cuntrera, montaram uma joint venture com cartéis colombianos
e se especializaram em traficar coca para a Europa em navios ou aviões. Também cuidaram
da lavagem do dinheiro ganho por eles ou por outras organizações criminosas.
O descanso de Giuseppe no Rio pôs à frente dos negócios o sobrinho
Alfonso, de 53 anos, atualmente cumprindo pena de 18 anos de prisão na Itália. Os
principais homens da Cosa Nostra estão presos no Canadá e na Europa.
Meses após a condenação na Itália, ele sofreu um derrame que interrompeu
suas caminhadas. Passa os dias em casa na companhia da mulher, Carmela, de uma empregada e
uma enfermeira. O filho, Pasquale, vai visitá-lo diariamente. Como a saúde de Giuseppe
inspira cuidados, a filha Antonina veio ao Rio e está hospedada no apartamento dos
Caruana, mas evita sair de casa.
O velho
Caruana vive com uma sonda e dificilmente fala. A família afirma que Peppe nunca comentou com os filhos sua participação na máfia. Ao contrário dos parentes, na
Itália, deixou os herdeiros fora dos negócios. ''Nunca soube por que papai veio para
cá. Acho que o mundo estava ficando pequeno'', disse a filha numa conversa rápida semana
passada. A doença livrou Peppe da cadeia, mas lhe impôs uma prisão domiciliar.
(Jornal do Brasil)
Nos anos 30, a família mafiosa
Caruana comprava e vendia haxixe por toda Itália. Duas décadas depois escolheram Beppe,
como é conhecido entre os italianos - em Copacabana passou a ser chamado de Peppe - para expandir os ''negócios'' de cocaína a três nações americanas. Da cidade de
Siculiana, localizada na costa meridional da Sicília, Giuseppe foi aos Estados Unidos,
onde em Nova York fez uma aliança com a famiglia Gambino. Os acordos seguintes
foram em Montreal, e em Caracas. Após trazer a máfia para as
Américas, Giuseppe Caruana escolheu o Rio para descansar. E conseguiu. Foi morar de
frente para a praia, no edifício Maria José, Avenida Atlântica. Logo na entrada do
prédio, um brasão da família Raggio, de Gênova, norte da Itália. Os Raggio deixaram o país no século XIX durante a unificação italiana e foram fazer fortuna na Filadélfia,
no Leste americano. Diferentemente dos conterrâneos, Caruana veio ao Brasil administrar a
riqueza obtida com a expansão da Cosa Nostra, além de cuidar da educação dos
filhos.
Caminhadas - Em mais de 30 anos manteve uma vida tranqüila. Lucrou com a
compra e venda de imóveis em diferentes endereços de Copacabana: Avenida Atlântica,
Nossa Senhora de Copacabana, e ruas Barata Ribeiro e Francisco Otaviano. Caruana, apontado
pela Interpol e pela Justiça italiana como um dos chefes da máfia sempre teve uma rotina
sem sobressaltos: todas as manhãs descia ao calçadão para caminhar logo após receber a
visita de um massagista.
Com cerca de 1,70 de altura, Peppe cultivava a vaidade. Tentava
esconder os efeitos do tempo tingindo os cabelos de preto. Em 1985, trocou o primeiro
andar do prédio pela cobertura, no 12° andar. Para os vizinhos é apenas um ''velhinho
simpático''. ''Nunca soube com o que o senhor Giuseppe trabalhava, mas sempre foi um
ótimo vizinho'', diz uma moradora. ''Acho que ele é aposentado. Apesar de não falar
muito, sempre teve bom humor'', revela outro.
Essa alegria tem explicação. Segundo dados da Secretaria Nacional
Anti-drogas (Senad), Peppe movimentou fora do Brasil uma conta de US$ 2,5 milhões.
Os negócios imobiliários eram muitos. Giuseppe Caruana chegou a ter uma loja num
shopping, na Avenida Atlântica, onde hoje funciona o Hotel Sofitel. Em 1986, o velho
Caruana doou esse imóvel ao filho, um cardiologista respeitado da Zona Sul do Rio e que
não possui qualquer acusação na Justiça brasileira ou italiana. O susto aconteceu um
ano antes, quando foi traído, juntamente com toda a cúpula da Cosa Nostra.
Traição - A prisão de Tomaso Buscetta, no Brasil, tido dentro da
organização como Uome donore (homem de honra), caiu como uma bomba entre os
chefes da máfia. O criminoso quebrava uma das regras principais da organização: a Omertà,
o código de silêncio que os mafiosos se impõem. No primeiro encontro com os juízes
italianos, Buscetta se confundiu com uma foto antiga de Giuseppe e disse que o siciliano
havia morrido. Num segundo momento, quando já era protegido pela Justiça italiana,
revelou o poder do morador de Copacabana dentro da Cosa Nostra. Buscetta morreu em
janeiro de 2000 vítima de câncer. Apesar dessas revelações, nunca houve um pedido de
extradição.
''A solicitação para ele ser extraditado nunca
chegou. Ele foi incumbido pela máfia decriar pontos na Venezuela e Canadá. Se
estabeleceu por aqui e nada se apurou'', conta o juiz Walter Maierovitch, ex-secretário
nacional Anti-drogas e presidente do Instituto Giovanni Falconi, em São Paulo. A
condenação, em 98, por associação mafiosa - o primeiro caso na Justiça italiana por abrir filiais da máfia pelo mundo e lavar dinheiro - não atrapalhou a vida de Giuseppe.
Manteve a rotina, mas tomou alguns cuidados. O primeiro foi retirar o nome da
lista telefônica. Outra decisão foi desistir das viagens à Europa, o que facilitaria
sua prisão. No ano seguinte, a Agência Brasileira de Informações (Abin) começou a
seguir seus passos, não comprovando qualquer atividade criminosa de Peppe no
Brasil.
Especialização - A idade avançada afastou dos negócios o velho
Caruana. Segundo a Justiça italiana, a famiglia foi responsável pelo transporte
de 11 toneladas de cocaína, dentro de um contêiner repleto de doces, que saiu do Porto
de Santos e foi apreendido em Gênova, no início dos anos 90. Tanto a Justiça italiana
quanto a Polícia Federal brasileira não têm dúvidas de que, no século 20, os Caruana,
junto com a família Cuntrera, montaram uma joint venture com cartéis colombianos
e se especializaram em traficar coca para a Europa em navios ou aviões. Também cuidaram
da lavagem do dinheiro ganho por eles ou por outras organizações criminosas.
O descanso de Giuseppe no Rio pôs à frente dos negócios o sobrinho
Alfonso, de 53 anos, atualmente cumprindo pena de 18 anos de prisão na Itália. Os
principais homens da Cosa Nostra estão presos no Canadá e na Europa.
Meses após a condenação na Itália, ele sofreu um derrame que interrompeu
suas caminhadas. Passa os dias em casa na companhia da mulher, Carmela, de uma empregada e
uma enfermeira. O filho, Pasquale, vai visitá-lo diariamente. Como a saúde de Giuseppe
inspira cuidados, a filha Antonina veio ao Rio e está hospedada no apartamento dos
Caruana, mas evita sair de casa.
O velho
Caruana vive com uma sonda e dificilmente fala. A família afirma que Peppe nunca comentou com os filhos sua participação na máfia. Ao contrário dos parentes, na
Itália, deixou os herdeiros fora dos negócios. ''Nunca soube por que papai veio para
cá. Acho que o mundo estava ficando pequeno'', disse a filha numa conversa rápida semana
passada. A doença livrou Peppe da cadeia, mas lhe impôs uma prisão domiciliar.
(Jornal do Brasil)
Livro passa a limpo história de Berlusconi
[01/ABR/2006]
ROMA - Neste momento, o livro mais lido, vendido e discutido na Itália divulga os resultados de uma investigação bem documentada sobre as origens e os mistérios da fortuna de Silvio Berlusconi, o italiano mais rico da terra, a quem o Financial Times, de Londres, conferiu o título de ''aspirante a Napoleão''. Ocupa o primeiro lugar na lista dos best sellers: em menos de um mês, já vendeu 250 mil exemplares. Até o fim de abril, deve chegar aos 350 mil, segundo as previsões de seus editores (Riuniti, de Roma), que já agradeceram publicamente ao cômico Daniele Luttazzi, apresentador do programa de televisão Satyricon, maior responsável pela explosão das vendas do livro. Explosão que foi provocada pela entrevista concedida pelo jornalista Marco Travaglio, um dos autores do best seller, e concluída com um caloroso cumprimento do apresentador Luttazzi ao repórter que demonstrara ser muito corajoso ''num país de m....''
O livro chama-se Lodore dei soldi (O odor do dinheiro). Seus autores são o deputado Elio Veltri, membro da comissão parlamentar antimáfia, e o jornalista de La Repubblica, Marco Travaglio, que usaram como matéria-prima uma ''pesada documentação'' reunida por magistrados, funcionários do Banco Central (Bankitalia) e agentes da Divisão Anti-Máfia (Dia).
Império - Formada por inquéritos, relatórios e uma entrevista inédita do juiz-mártir Paolo Borselino, pouco antes de ser assassinado pela máfia siciliana, nunca transmitida pela RAI nem publicada pela imprensa, a documentação sobre os primeiros bilhões de liras ganhos e movimentados por Berlusconi não poderia ser mais confiável. É indispensável para quem quiser se informar sobre a história do império construído do nada pelo cavaliere Silvio Berlusconi, hoje formado por 34 holdings que representam um aglomerado de centenas de empresas de televisão, cinema, publicidade, esportes, seguros, financeiras, viagens e transportes aéreos e de editoria (de livros, jornais e revistas). Segundo a revista americana Forbes, Silvio Berlusconi é o homem mais rico da Itália e o 23° de todo o mundo, com um patrimônio pessoal estimado em U$$13 bilhões.
O documento revelado pelo livro de Veltri e Travaglio que maior impacto teve na opinião publica foi a entrevista que o ex-juiz siciliano Paolo Borselino, grande amigo e colaborador do procurador Giovanni Falcone na batalha contra a Cosa Nostra, concedeu a dois jornalistas franceses, dois meses antes de ser eliminado por um comando de mafiosos, à porta da casa de sua mãe. Nessa entrevista, julgada ''superada e pouco interessante'' pelos editores dos telejornais das três emissoras Rai, Borselino considera provável e lógica a possibilidade de as primeiras empresas mais ambiciosas de Berlusconi terem sido financiadas nos anos 70 por Vittorio Mangano, um ''grande'' do tráfico de droga realizado pelas famílias mafiosas de Palermo, condenado duas vezes à prisão perpétua, que de 1973 a 1976 viveu, com mulher e dois filhos, em Villa Arcore, mansão com 140 quartos perto de Milão, a mais usada das residências de Berlusconi e sua família.
Amigo - Respondendo aos juízes que na década de 90 pediram-lhe que explicasse os anos de convivência íntima que teve com um mafioso tão perigoso, Berlusconi disse ter conhecido Vittorio Mangano por intermédio de seu amigo siciliano, ex-colega de universidade e sócio, Marcello DellUtri, que lhe sugeriu a contratação de Mangano, como cavalariço, e pediu-lhe que o recebesse e tratasse como amigo.
Aos jornalistas franceses que lhe perguntaram se não lhe parecia estranho que dois empresários da importância de Berlusconi e DellUtri se ligassem a mafiosos como Mangano, Borselino respondeu: ''No início dos anos 70, a Cosa Nostra começou a se tornar uma empresa, que através de uma presença cada vez mais forte, praticamente monopolista no tráfico de drogas, passou a administrar uma enorme massa de capitais, que procurou exportar ou depositar no exterior. Daí se explica a cumplicidade entre elementos da Cosa Nostra e certos empresários que se ocupavam de movimento de capitais. Portanto, é normal que o dono de grandes somas de dinheiro procure os instrumentos para empregar esse dinheiro, seja lavando-o, seja fazendo-o render altos juros''.
ROMA - Neste momento, o livro mais lido, vendido e discutido na Itália divulga os resultados de uma investigação bem documentada sobre as origens e os mistérios da fortuna de Silvio Berlusconi, o italiano mais rico da terra, a quem o Financial Times, de Londres, conferiu o título de ''aspirante a Napoleão''. Ocupa o primeiro lugar na lista dos best sellers: em menos de um mês, já vendeu 250 mil exemplares. Até o fim de abril, deve chegar aos 350 mil, segundo as previsões de seus editores (Riuniti, de Roma), que já agradeceram publicamente ao cômico Daniele Luttazzi, apresentador do programa de televisão Satyricon, maior responsável pela explosão das vendas do livro. Explosão que foi provocada pela entrevista concedida pelo jornalista Marco Travaglio, um dos autores do best seller, e concluída com um caloroso cumprimento do apresentador Luttazzi ao repórter que demonstrara ser muito corajoso ''num país de m....''
O livro chama-se Lodore dei soldi (O odor do dinheiro). Seus autores são o deputado Elio Veltri, membro da comissão parlamentar antimáfia, e o jornalista de La Repubblica, Marco Travaglio, que usaram como matéria-prima uma ''pesada documentação'' reunida por magistrados, funcionários do Banco Central (Bankitalia) e agentes da Divisão Anti-Máfia (Dia).
Império - Formada por inquéritos, relatórios e uma entrevista inédita do juiz-mártir Paolo Borselino, pouco antes de ser assassinado pela máfia siciliana, nunca transmitida pela RAI nem publicada pela imprensa, a documentação sobre os primeiros bilhões de liras ganhos e movimentados por Berlusconi não poderia ser mais confiável. É indispensável para quem quiser se informar sobre a história do império construído do nada pelo cavaliere Silvio Berlusconi, hoje formado por 34 holdings que representam um aglomerado de centenas de empresas de televisão, cinema, publicidade, esportes, seguros, financeiras, viagens e transportes aéreos e de editoria (de livros, jornais e revistas). Segundo a revista americana Forbes, Silvio Berlusconi é o homem mais rico da Itália e o 23° de todo o mundo, com um patrimônio pessoal estimado em U$$13 bilhões.
O documento revelado pelo livro de Veltri e Travaglio que maior impacto teve na opinião publica foi a entrevista que o ex-juiz siciliano Paolo Borselino, grande amigo e colaborador do procurador Giovanni Falcone na batalha contra a Cosa Nostra, concedeu a dois jornalistas franceses, dois meses antes de ser eliminado por um comando de mafiosos, à porta da casa de sua mãe. Nessa entrevista, julgada ''superada e pouco interessante'' pelos editores dos telejornais das três emissoras Rai, Borselino considera provável e lógica a possibilidade de as primeiras empresas mais ambiciosas de Berlusconi terem sido financiadas nos anos 70 por Vittorio Mangano, um ''grande'' do tráfico de droga realizado pelas famílias mafiosas de Palermo, condenado duas vezes à prisão perpétua, que de 1973 a 1976 viveu, com mulher e dois filhos, em Villa Arcore, mansão com 140 quartos perto de Milão, a mais usada das residências de Berlusconi e sua família.
Amigo - Respondendo aos juízes que na década de 90 pediram-lhe que explicasse os anos de convivência íntima que teve com um mafioso tão perigoso, Berlusconi disse ter conhecido Vittorio Mangano por intermédio de seu amigo siciliano, ex-colega de universidade e sócio, Marcello DellUtri, que lhe sugeriu a contratação de Mangano, como cavalariço, e pediu-lhe que o recebesse e tratasse como amigo.
Aos jornalistas franceses que lhe perguntaram se não lhe parecia estranho que dois empresários da importância de Berlusconi e DellUtri se ligassem a mafiosos como Mangano, Borselino respondeu: ''No início dos anos 70, a Cosa Nostra começou a se tornar uma empresa, que através de uma presença cada vez mais forte, praticamente monopolista no tráfico de drogas, passou a administrar uma enorme massa de capitais, que procurou exportar ou depositar no exterior. Daí se explica a cumplicidade entre elementos da Cosa Nostra e certos empresários que se ocupavam de movimento de capitais. Portanto, é normal que o dono de grandes somas de dinheiro procure os instrumentos para empregar esse dinheiro, seja lavando-o, seja fazendo-o render altos juros''.
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